sábado, 30 de setembro de 2017

PABLO E CLARA-AMOR PELA DANÇA


Pablo nasceu no interior do Maranhão, numa família grande e humilde, que muitas vezes já passou fome, sem contato com internet, celular ultramoderno, ou roupas da moda. Pablo sonhava quase todos os dias que era um dançarino na academia de dança Bolshoi, um renomado bailarino, mas seus pais sempre diziam que aquilo não era trabalho pra homem, que ele tinha que acordar e trabalhar com o avô, que era sapateiro, que sonhar era perda de tempo e era frustrante, já que sair dali era impossível, visto que não tinham dinheiro pra comprar nem comida, imagina sair dali. Ele ficava muito triste e sua alma se afundava em desesperança.
Um dia o seu amigo Brian falou-lhe sobre um tio que estava vindo de São Paulo para revê-los, revisitar os locais da infância e que agora trabalhava numa escola de dança. Prometeu-lhe que falaria dele para o tio, e então Pablo voltou a ter esperança, que no fundo nunca morrera por completo. Quando o tio de Brian o conheceu e pediu-lhe que dançasse como nos seus sonhos, por incrível que pareça ele dançou com uma leveza e força de tirar fôlego. Parecia algo de Deus. Julio, o tio de Brian, ficou impressionado e conversou com os  pais de Pablo e  os convenceu a deixar o filho ir e investir nos sonhos que nunca devem morrer.
Pablo foi embora no dia seguinte após muito choro e abraços já saudosos. Ele ficou encantado com São Paulo e também amedrontado pelo seu tamanho e perigos. Chegando na escola de dança, que também tinha quartos para alunos que vinham de longe, ele se emocionou com a estrutura, era tudo tão novo para ele, que começou a dançar sem parar, pondo toda sua emoção ali.
Clara o viu e ficou emocionada com a dança dele, pois era lindo como se expressava. Eles ficaram amigos, contaram suas histórias de preconceito, mas ao contrário dele, os pais a apoiavam na dança.
 Ela veio do interior de São Paulo, ficava fascinada com todo tipo de dança desde pequena e vivia dançando pela casa. Começou dançar balé aos quatro anos, tendo que andar de ônibus cerca de quarenta minutos pela rodovia todo fim de semana para dançar. Todavia, ela era diferente das outras meninas, vestia roupa delicada de balé,  mas no dia a dia vestia-se com roupas despojadas, esportivas e largas, tênis ou bota e passou a interessar-se por garotas, o motivo do preconceito que enfrentou até chegar na capital. Ali ela percebia um pouco de preconceito, mas bem menor do que numa cidade do interior. Ali onde ela expressava tudo que sentia e o que queria sentir pela dança. Na verdade seus pais a incentivaram ir para a capital para dançar para não ter tanto falatório e olhares maldosos para a filha. Ela amou a escola de dança, pois ali podia fazer o que mais amava e também encontrou sua namorada, Joany, linda como Clara, mas é mais delicada e meiga. Elas eram muito discretas e respeitosas para com os outros, assim como qualquer casal deveria ser em público, só ficavam juntas no quarto em que dividiam, mas fora dali eram como amigas e todos amavam-nas, mesmo sabendo do relacionamento delas. Pablo e Clara davam-se muito bem, quando precisava de um parceiro de dança, ele era o par perfeito, uma sincronia sem igual. Joany compreendia e tornou-se amiga dele também, embora não tinham a afinidade e sincronia na dança que ele e Clara possuiam.
Um dia a academia Bolshoi passou em algumas escolas de dança em São Paulo para fazerem testes e trazer dois pares para a academia e quando viram os dois pares dançarem logo os classificaram para os testes finais e assim como eles dois certamente passaram, também Joany e Lucas passaram e assim as duas ficariam juntas e Pablo realizaria seus sonhos de todas as noites. Ele se interessava pelas garotas lindas e algumas bem  interessantes que estudavam ali como ele, embora seu foco fosse apenas aproveitar a oportunidade  que estava tendo na academia  dos sonhos: dançar.Grande parte do salário que recebiam ali para estudar dança ele enviava para a família por vale postal pelos correios, visto que os pais não tinham conta no banco.  Ele estava realizado e dançava com a alma para si mesmo e para o mundo com sua parceira de dança, Clara. Ambos torcendo para que suas famílias aceitassem as diferenças, assim como os outros deveriam e esperavam que as pessoas mudassem seus pensamentos e atitudes com os outros. Eles queriam que as pessoas vissem que arte ajuda a acabar com qualquer preconceito.

domingo, 24 de setembro de 2017

OURO, PRATA E BRONZE


Em um dia chuvoso de Fevereiro nasciam três lindas meninas praticamente idênticas fisicamente, Vanessa, Anabelle e Joana, a primeira se destacava por seus grandes olhos castanhos; a segunda por uma pinta do lado esquerdo da boca; e a terceira era um pouquinho mais magra do que as outras, mas fora isso todas tinham as mesmas características- olhos amendoados, morenas, poucos fios ondulados de cabelo, covinhas nas bochechas e dobrinhas que davam vontade de morder.
Seus pais, Caren e Ricardo, estavam radiantes de felicidade e ao mesmo tempo preocupados, como dariam conta de três sozinhos? O sonho deles era terem filhos, mas um de cada vez e como não chegava já com oito anos casados resolveram procurar um especialista, fizeram os exames e o resultado foi que os óvulos de Caren não estavam tão bons, ela, no entanto, teve que fazer um tratamento antes da inseminação, mas com que dinheiro? Resolveram fazer um empréstimo e se caso não desse certo a inseminação, eles adotariam uma criança, o coração deles escolheria, mas não foi necessário, após um mês do procedimento, ambos muito ansiosos e receosos fizeram um teste de farmácia e para felicidade deles deu positivo e fizeram mais vários outros para comprovar.
Caren fazia o pré-natal certinho, Ricardo a acompanhava nos ultrassons e tiveram um baita susto quando a obstetra lhes disse que seriam três e mais para frente, que seriam meninas. Isso os deixou muito feliz e preocupados, pois após o empréstimo eles ficaram com dificuldades financeiras, ambos não ganhavam tão bem, pois Caren era atendente numa ótica e Ricardo era marceneiro, muito requisitado por sinal, mas mesmo assim agora seus gastos triplicariam com as bebês.Eles porém, não se arrependeram por um segundo e fariam novamente, eles se davam muito bem, conversavam muito, pensavam muito parecidos, tinham carinho e respeito um pelo outro, discutiam às vezes, mas que casal não discute?
A barriga da mãe ficou enorme no fim da gravidez, mas ela ficou ainda mais bela com seu cabelo comprido repleto de cachos, a pele morena jambo, sua estatura mediana, seus vestidos de grávida, todos a olhavam encantados. Ela comprou berços e algumas roupinhas, de resto ganhou tudo no chá de bebê. Isso os aliviou, pois era muita coisa se tivessem que comprar.  
No dia marcado, 4 de Fevereiro de 1987, lá estavam os dois na maternidade esperando a grande hora, fariam cesariana, pois ela temia as dores do parto normal e sua bolsa já havia estourado. O pai assistiria a tudo, porem não gravaria, ela não deixou. Tudo correu bem e às 13:00 horas e com muita chuva lá fora nasciam as meninas. O dia mais feliz da vida dos dois, pois agora eram pais de três lindas e saudáveis bebês.
Apesar da semelhança quase idêntica, a personalidade delas eram bem diferentes- Vanessa mais séria e quieta; Anabelle mais risonha, mas também calma; Joana muito chorona e dengosa, queria ser o centro das atenções.
No passar dos anos essas diferenças se intensificam e Anabelle se torna a mais divertida delas, Vanessa a mais introvertida, séria e Joana a mais mimada, briguenta, pois queria tudo a seu tempo e tudo para ela, sempre possessiva com sua coisas.  Embora seus pais fossem um pouco rígidos quanto a educação delas, especialmente com Joana, que tinha um temperamento mais difícil.
A adolescência aproximou mais Anabelle e Joana, apesar de suas personalidades tão distintas. Elas amavam sair e se divertirem com os amigos em comum. Vanessa preferia ler seus livros de Agatha Christie, pois os romances ela achava ilusão e muito chatos. Com seus olhos grandes e seus óculos com armação mais séria, assim como seu jeito de ser e de vestir, de certa forma a afastava das pessoas, só vivia para estudar. As outras irmãs se vestem de um modo mais casual-calça jeans ou saia, camiseta, tênis ou salto.
Vanessa é advogada e casada, tem um lindo bebê de dez meses, Luan; Anabelle é médica-pediatra e mora só em um flat, Joana é secretária executiva e mora com seus pais e só se reúnem em reuniões de família e é sempre uma alegria aos domingos e feriados, devido a vida corrida de todos.
Elas são tão diferentes entre si que até o gosto para jóias são diferentes, Vanessa prefere o bronze ou algo que imite sua cor, por parecer mais discreto; Anabelle prefere a prata, por chamar menos a atenção do que o ouro; Joana prefere o ouro, pois chama a atenção assim como ela gosta. Elas se amam e podem contar uma com a outra, porém, sem intimidade.
São irmãs e amor delas será para sempre.

CHRISTIAN

Ele  é um negro de altura mediana, muito simpático e educado, porém tímido, que cresceu numa família temente a Deus e desde novinho frequentava a igreja, tornou-se coroinha, onde auxiliava o padre na celebração.
Ele frequentava assiduamente as missas e grupo de jovens, seus pais pensaram que ele seria padre, mas não era seu intuito, pois queria casar-se e formar uma família.
Um dia conheceu Clarice, uma mulher charmosa, na flor dos seus quarenta anos, sorriso alegre, olhos penetrantes e lábios ainda muito sedutores. Ela é uma mulher distinta em seus trajes, no jeito de falar e nos gestos delicados, no entanto, era humilde como ele.
Ele puxou assunto com ela meio receoso de ser rejeitado por ser mais novo, todavia, ela muito educadamente conversou com ele, contou um pouco da sua vida e quem ela era e ele falou sobre a vida dele. Eles ficaram conversando até ele se lembrar de um compromisso na igreja e trocaram telefones. Eles estavam encantados um pelo outro e não queriam parar de conversar. Numa noite estrelada ficaram trocando fotos pelo whatsapp, onde ele conheceu o filho dela, Leonardo, de 13 anos- eles se falaram por mensagem de voz por horas, nas quais sonharam com uma vida juntos, fizeram planos, como se estivessem juntos há um longo tempo. Os pais dele viram a foto e não gostaram por ela já ser mãe de um menino daquela idade, mas como seu filho já havia namorado uma mulher de trinta quando ele  ainda estava com 18 anos, eles não se importaram muito. O importante era o filho estar feliz e não abrir mão dos seus objetivos e princípios religiosos. Ele trabalhava com o pai na alfaiataria e pretendia seguir a carreira tão bonita e rara aos seus olhos. Eles foram atrás do padre da paróquia, onde ele frequentava e no mês seguinte o padre os abençoaria. Eles seriam uma família: Christian, Clarice e Leonardo. Christian sentia-se plenamente realizado e feliz, pois trabalha com o que gosta, teria uma família maior, e continua servindo e amando seu Deus.

LUPY E O DRAGÃO MAGO

Lupy é um garotinho de cinco anos, de pele rosada pelo frio, que mora com seus pais nas montanhas na região mais fria da Carolina do Norte, EUA. Lá ele não tem amigos da sua idade para brincar, então brinca sozinho no vilarejo, até numa manhã gélida, próximo a padaria onde ia comprar pães junto com sua mãe encontrou algo estranho se mexendo na mata e ele muito curioso foi a procura e acabou encontrando um filhote de dragão
O animal ficou quieto por medo e tremeu. Lupy aproximou-se do dragão, que se encolheu arrepiado e o pegou no colo, o aquecendo com sua jaqueta, o dragão acabou se aninhando ao menino devido o calor que vinha dele. Quando Lupy mostrou sua mãe o pequeno animal, sua mãe se assustou e não queria que ele levasse aquele animal, que ele era perigoso, mas ele prometeu cuidar de Mago, seu novo amigo, e sua mãe acabou concordando. Eles o levaram para casa.Seu pai achou-os completamente loucos, porque era um dragão e deve ser muito perigoso, soltar fogo pelas ventas, como nos filmes.
E Mago cresceu juntamente com Lupy e sempre que um urso pardo ou lobos apareciam para atacar seu amigo, Mago o defendia como uma fera defende seus filhotes. Ao contrário do que imaginavam, Mago era um animal dócil, domesticável, exceto quando seus donos estavam em risco. Ele quando pequeno dormia ao lado da cama de Lupy, mas quando cresceu  muito o colocaram no galpão ao lado da casa. Lupy e ele eram inseparáveis, menos quando ele ia ao trabalho, ou namorar uma bela camponesa chamada Estela, uma loira alta, pele rosada, que conheceu quando terminava seus estudos. Lupy amava ficar ao lado do seu melhor amigo e com o passar do tempo ele descobriu um poder mágico de Mago. Ele envia raios solares em dias nublados clareando o dia e também envia arco-iris para encantar as pessoas, fazê-los felizes. Essa era sua missão. Um dia depois de anos, Mago já estava velho e Lupy já casado morava numa casa próxima a dos seus pais e de Mago, pois sabia que a hora do seu amigo estava chegando ao fim e isso partiria seu coração estar longe. Ele era grato por te-lo por tanto tempo, assim como seus pais. O dia mais triste da vida de Lupy foi quando Mago morreu devido a idade, seu pelo já estava  branco, seus caninos tinham caído, assim como maioria dos seus dentes e se cansava muito mais. Foi um dia doloroso, com muito choro de todos, muita tristeza, mas gratidão por toda alegria que ele lhes trouxe. Hoje Lupy arrumou um cachorro para seus filhos, pois sabe da importância de ter um amigo de verdade, porém, nunca esqueceu nem esquecerá de Mago, pois ele trouxe alegria na sua vida e cor para sua alma.

REX E O REINO DOS DINOSSAUROS

Em lugar muito distante, em um mundo fantástico, existe um reino onde o tiranossauro Rex reina. Um reino onde existem pessoas e dinossauros, mas ao contrário do que pensam, é um lugar de paz, bom convívio entre animais pré- históricos, seres humanos e outros animais, como mamutes, tigre dente de sabre entre outros. Todos ali se respeitam. Rex tem seu amigo e seguidor, o piterodactilo, Stol. Ele é encarregado de dar notícia de tudo que acontece no reino. Se alguém desobedecer as leis dali a punição é a prisão na solitária por três dias em um cubículo, só com água e pão. Se alguém do seu povo permanecer desobedecendo suas leis, a prisão se estende para os humanos e os dinossauros ganham uma bela mordida do rei. Assim volta a ordem e a paz no reino novamente. Rex é um rei justo e generoso, assim como seus soldados dinossauros. Eles até ajudam uma mulher carregar uma sacola, ou a criança para ela não levar peso. Os dinossauros filhotes brincam com os outros filhotes de animais. Os dinossauros e humanos se cumprimentam, conversam como se fossem todos iguais. Para o rei não há diferença, todos são iguais em direitos e deveres no seu reino.
Um dia chegou um tiranossauro rei de outro reino, Zak, para fazer uma visita cordial e quem sabe fazerem negócios e ficou indignado ao ver como funcionava aquele reinado. No seu reino, apenas viviam dinossauros, pois haviam devorado todos os animais que haviam antes deles surgirem. Quando a fome bateu, Zak e seus soldados começaram a devorar alguns animais e inclusive um dos dinossauros, que era soldado de Rex, por ter defendido o povo do seu rei. Quando o rei Rex soube do que houve ficou muito zangado com o visitante, pois ninguém deveria tocar no seu povo ou soldado sem sua autorização.
Foi uma confusão quando Zak adentrou o palácio, os dois discutiram muito, pois ambos discordavam das atitudes um do outro. Até que finalmente Rex expulsou Zak e seus soldados do reino, pois ali não era lugar para eles e Rex fez uma homenagem ao soldado que defendeu seu povo com um belo banquete e belas palavras ao falar.
Quando o rei Rex andava calmamente pelo vale próximo ao seu reino, que ele ia para esquecer dos problemas do palácio de repente foi preso pelos soldados de Zak, o rei malvado tinha ficado muito bravo, pois ninguém o tinha expulsado de nenhum reino. Ele queria matar o rei e assim assumir mais um reinado, mas felizmente haviam soldados do rei Rex por perto e comunicaram a todo o povo. Todos se juntaram e acabaram resgatando o seu rei, e matando Zak com mordidas, trombadas, facadas, etc... pegaram os dinossauros para serem seus soldados também. Foi um momento de muita celebração, pois o mal perdeu mais uma vez e o rei está bem, venceu junto com a força e união do seu povo para salvá-lo.

GIOVANNI


Giovanni é um homem que nasceu na região da Toscana, na Itália, onde sua família trabalha no cultivo de uvas e após a colheita produzem um dos melhores vinhos da região. Ele assistia pessoas tocando violino pela tv e se apaixonou. Pediu aos pais um  daqueles para tocar e também pediu-lhes para morar com os avós em Roma, assim poderia treinar e aprender tocar o violino. Ele foi morar com os avós e entrou numa aula para aprender tocar o instrumento. Passava horas e horas treinando. Seu sonho era entrar para a filarmônica de Roma. Esta é a mais bem conceituada sobre concertos em toda a Itália. Ele ensaiava arduamente todos os dias, nem saia de casa. Seus avós até se angustiavam com tamanha dedicação, pois temiam que adoecesse. Um dia de céu bonito resolveu sair um pouco para espairecer e viu numa placa em frente ao teatro: inscrições para audição da filarmônica, até sexta-feira. Seus olhos brilharam. Ele não podia acreditar no que lia, sua chance de realizar seu sonho. Chegou em casa e mal comeu, já começou a ensaiar. Era meia noite quando foi tomar um banho e cair exausto e esperançoso na cama.
No outro dia, na sexta-feira acordou bem cedo, organizou suas partituras, guardou seu violino e partiu para o teatro. Ele estava nervoso, muito ansioso, nem sequer conseguiu comer de tanta ansiedade. Assim que se inscreveu ele viu que tinha que enfrentar muitos outros candidatos, a sala estava cheia de gente para a audição, mas somente cinco entrariam. O nervosismo de Giovanni só crescia com o passar das horas, mas quando chegou sua vez ele quase desistiu por medo de não conseguir. Era o melhor da turma de violino, mas ali certamente haveriam outros muito bons, ou melhores do que ele, suas mãos tremiam. Ele tomou um gole d'agua, respirou fundo e subiu no palco para a audição. Ele estava tranquilo agora, fez o melhor que pôde e assim que acabou, ele suspirou aliviado. Quando acabou a audição e todos foram ouvidos e julgados pelos jurados, ele descobriu que foi o segundo melhor e foi o dia mais feliz de sua vida. De agora em diante tocaria em vários concertos pelo país ou até pelo mundo, e sua família se encheria de orgulho dele.

ALEXIA


Alexia é uma mulher linda, leve, livre, independente, que odeia se sentir presa em algum lugar, ou a alguém. Saiu da casa dos pais assim que acabou o período de experiência no trabalho e alugou um flat. Ela é super organizada e metódica, gosta de tudo no lugar que acha correto. Uma jovem que trabalha duro todos os dias como designer gráfica, e em quase todos os fins de semana sai pra baladas e dança, bebe com as amigas, beija vários rapazes e depois volta de táxi para casa. Quando não sai ela assiste filmes, ou séries na Netflix só comendo pipoca no sofá, ou lê algum livro.
Num sábado saiu com as amigas e bebendo só percebeu que tinham colocado algo no seu copo quando sentiu os olhos pesando, uma tontura e quando acordou estava numa cama, só com lençol a cobrindo, roupas dela espalhadas pelo quarto, se arrumou rápido sem saber onde estava e quando olhou sua bolsa, não havia cartão, celular nem dinheiro na bolsa. Ela saiu desorientada  chorando e ligou num orelhão pro 190, disse o que aconteceu e assim que apareceram fizeram um B.O e a levaram para casa. Ela ligou do telefone fixo bloqueando  o cartão e o celular. Ligou para a amiga aos prantos contando-lhe o que aconteceu e estava grata por não ter morrido. Prometeu a si mesma que nunca mais beberia tanto e que cuidaria mais de si mesma de agora em diante. Iria ao medico para fazer exames e ter certeza de que estava saudável. Foi um dos dias mais terríveis de sua vida, chorava muito  e sabia que teria tenebrosos pesadelos durante a noite. Na segunda compraria outro celular e voltaria a sua rotina de sempre, porém, sem as baladas por um tempo. Alexia sendo a mulher leve e livre de sempre.

REBECA E OS SONHOS FALIDOS


Rebeca é uma mulher de personalidade forte, que trabalha numa multinacional e convive todo dia com a pressão que  os chefes exercem sobre os funcionários para a empresa atingir seus lucros. Ela  namorou o Giovani por um ano e foram morar juntos, então  precisou trabalhar para ajudar seu marido a pagar as contas, foi quando engravidou de gêmeos e agora tinha que cuidar de filhos, nos quais ela sempre sonhou ter, mas sonhar nunca é igual a realidade. Sonhar é sempre lindo e perfeito. Ela às vezes arrependia-se de não ter estudado e formado para ser enfermeira- chefe. No seu trabalho, como costureira de enxovais hoje ela trabalha por 12 horas e descansa da empresa por 36 horas, porque vida de dona de casa, esposa e mãe nunca para, ou tem descanso.
Ela convive com cerca de 25 pessoas  no seu turno e muitas vezes volta para casa esgotada, física e mentalmente e acaba descontando em todos. Lidar com pessoas por tanto tempo, diariamente começa fazer enxergar nos outros apenas os defeitos, o stress , cansaço aumentam e tudo, todos se tornam insuportáveis ao seus olhos. O coração endurece com as dificuldades da vida e ela começa repensar sobre suas escolhas que hoje não têm mais volta. Em muitos momentos, o único desejo é gritar, deixar tudo que a prende ali e sair pelas ruas sem rumo.
Um dia ela foi procurar uma amiga psicologa, que após desabafar-se, Rebeca recebeu o melhor conselho, ela deveria começar a olhar apenas as qualidades de cada um, lembrar-se sempre porque​ gostou e se afinizou com a pessoa, é a melhor maneira de lidar com tantas pessoas diferentes diariamente. Ninguém é perfeito, na verdade, muitas vezes, Rebeca se via com mais defeitos do que os seus colegas, ou até mesmo, maiores do que suas próprias qualidades. Andava se sentindo mal quando analisava sua vida, pois as crianças faziam muita bagunça em casa, choravam, gritavam e seu marido não lhe prestava mais atenção, não lhe dava carinho nem elogiava. Ela se sentia a pior das mulheres.
O dinheiro que ganhavam mal dava para pagarem as contas, fazerem as compras do mês. Economizar era algo impossível, fazer uma faculdade era impensável. Ela já não tinha sonhos, pois acreditava que os que teve já estavam falidos.
 Ela começou a viver os conselhos da amiga  no trabalho e realmente funcionou. Ela começou a voltar menos estressada para casa e estava um pouco mais relaxada, pois além daquele conselho, Catarine disse para ela fazer algo só para ela, que lhe fizesse bem. E Rebeca começou a fazer artesanato depois que Giovani saia para o trabalho, por meia hora, pelo menos antes das crianças acordarem e ela ter os afazeres da casa. Ela começava se sentir um pouco mais satisfeita, mas estava longe de ser feliz. A vida era assim. Cheia de altos e baixos, e em certos momentos, muito baixos. Nada parece dar certo, tudo dá errado, tudo quebra em casa, só gastos inesperados. Ela espera que na próxima vida tudo seja diferente e melhor do que a que tem hoje e seu coração volte a ser doce como o que foi no começo.

SUZIE


Suzie é uma criança que vai todos os dias a escola, estuda, brinca com as colegas, e quando volta para casa mal troca de roupa  já vai brincar de boneca, sobe em árvores, brinca com vizinhos de esconde-esconde, queimada e amarelinha, janta com a familia e vai dormir.
Mas um dia, ela brincando na rua com os vizinhos numa rua sem saída a bola escapa pra rua movimentada e sem pensar ela sai correndo para buscar e acaba sendo atropelada por uma caminhonete.
É tanta gritaria, desespero, choro, chama adulto pra ajudar, sirene chegando para acudir.
É ralação pelo corpo todo, braço quebrado, dias sem brincar direito.
São dias de tédio.. um mês depois o gesso some, os arranhões também.
A alegria retorna e Suzie volta a ser a de sempre.

LOREN, A ITALIANA


Todas as manhãs Loren tomava seu café, arrumava sua bolsa e saia para trabalhar às sete e cinquenta, seu trabalho ficava a duas quadras da sua casa.
Em um dia nublado ela acordou atrasada, seu despertador não funcionou. Ela saiu apressada sem  tomar seu café, estava atrasada para o trabalho. No meio do caminho, naquela rua de pedras, seu salto quebrou e ela precisou chegar descalça no serviço. Meu dia hoje está difícil, mas vai melhorar_ logo pensou.
Isabelle, sua amiga, logo emprestou-lhe um de seus sapatos reserva que guardava no armário. Ela ficou grata a amiga e  na hora do almoço sempre iam ao restaurante ao lado, onde ela comia seu rondele e tomava seu suco e a amiga um espaguete a bolonhesa e conversavam. Depois  do trabalho como sempre ia a casa de sua mãe fazer-lhe uma visita e conversar, mas naquele dia nublado  quando ia saindo uma chuva fina começou a cair, sua mãe emprestou-lhe um guarda chuva e com o vento forte ele simplesmente voou fazendo-a parar embaixo de um toldo  de uma mercearia, onde ela esperou a chuva cessar e logo voltou para casa e foi dormir sonhando com o dia que tivera e desejando no fim de semana dar seu costumeiro passeio pelas ruelas de Veneza e talvez encontrar seu verdadeiro amor.

LUIGI, O HOMEM DOS NÚMEROS


Luigi é um rapaz que desde criança era muito obediente, respeitava as regras dadas, na verdade, sempre o trataram como um homem, um adulto e exigiam dele  tal comportamento, seguir todas as normas e padrões. Os pais o obrigavam a participar de campeonatos de matemática, assim melhoraria seu currículo para a futura vida profissional. Ele chegou a ganhar quatro medalhas de ouro e duas de prata e conheceu muitos lugares, nos quais competiu.
Ele hoje com dezoito anos trabalha como auxiliar contábil, pois sempre teve habilidade com números e cálculos, ele tem estudado contabilidade e se sente realizado. Nascera de uma família de classe alta, seu pai era advogado há anos e montara um escritório, onde já era famoso na cidade de São José do Rio Preto, por sempre ganhar as causas que aceitava e seus irmãos seguiram a profissão do pai. Na verdade, o pai também esperava que ele fosse um advogado, mas no fundo, ele sabia que não tinha a ver com Luigi.
Ele pretende entrar numa empresa grande assim que se graduar, pois já tem experiência na área, o que ajuda muito. Luigi é um homem alto, de pele clara, com cabelo escuro, liso e comprido. Apesar de muitos o apelidarem de nerd e ele realmente aparentar por seu jeito sério, tímido, introspectivo​ de ser, ele às vezes é brincalhão e divertido a sua maneira fazendo todos a sua volta darem muitas risadas.
Muitos perguntariam, ele não tem nenhum hobby, só estuda e trabalha?
Sim, ele toca violão para relaxar, tocando suas músicas prediletas da década de 80, especialmente de rock, apesar de ser novo.
Ele um dia recebeu uma mensagem pelo whatsapp, do amigo que fizera na época dos campeonatos de matemática, Júlio. Ele o convidara para se reunirem  com outros amigos da época em uma lanchonete e neste encontro  deparou-se com uma negra de cabelos cacheados e com toque de luzes para iluminar-lhe o rosto, lábios carnudos e bem desenhados que em um batom vermelho carmim chamava bastante a atenção, olhos cor de mel, alta como ele, seu nome era Sara. Ele não conseguia parar de observá-la e ela timidamente começou a conversar com ele e foi se soltando, algumas vezes dando sua risada marcante. Ela gostou bastante de sua conversa com ele, que não era nada tediante como imaginara. Na verdade, todos nós temos preconceitos sobre algo, é impossível não ter, visto que fomos educados pelos pais e pelos outros  a julgar situações, aparências e comportamentos dos quais não estamos acostumados no dia a dia.
Os amigos se divertiram bastante e marcaram de se encontrarem mais vezes, o que não aconteceu. Exceto com Luigi e Sara, que começaram a sair, se conhecerem, divertirem-se juntos e a alegria dela traz mais cor e leveza a seriedade dele. Ele aprendeu a sorrir mais, o que o tornava mais bonito e atraente para ela, além de aprender a fazer carinhos, enfim, ele aprendeu a demonstrar afeto, algo que nunca teve por parte de sua família, pois eram todos muito formais.  Na verdade, Luigi aprendeu a viver com leveza e saber o que é amar e ela aprendeu muito sobre como administrar sua futura clínica de fisioterapia, pois aos 22 anos ela se formou em fisioterapia e no momento trabalha numa clínica como funcionária para conseguir experiência e estava amando. Eles namoram há seis meses e quando completar um ano de namoro ele pretende noivar com ela, pois ele era assim, apesar de mais leve, ele ainda seguia padrões e espera formar uma família sólida como a sua, mas cheios de afeto como a família de Sara. Daqui dois anos quando formar-se ele ajudará a sua futura esposa a montar e administrar a tão sonhada clínica dela, ela cuidará dos pacientes e dos funcionários; e ele dos números. A família quase perfeita.

LEONA


Leona era uma criança linda; alta,  de olhos castanhos, corpo mignon, ingênua, não conhecia totalmente as partes ruins e difíceis da vida. Até que do nada começou sentir dores nas mãos, pés e com o passar do tempo, em mais articulações. Ela e seus pais foram a inúmeros médicos, ela fizera diversos exames de todos os tipos e nada era descoberto, mas finalmente, depois de um longo ano de dores; noites sem dormir com a mãe, Laura, do lado; perdendo aulas; o pai, Gregory, tendo que levá-la no colo para não ter tanta falta; sem conseguir andar direito pelas manhãs; uma médica especialista a diagnosticou, como Artrite Reumatóide Juvenil. Somente ela e seus pais sabiam  pelo que passavam, mas impossível descrever aos demais. Toda a família sofria ao vê-la perder peso, tomando vários medicamentos nas crises, sofrendo. Leona muitas vezes pensou em parar de lutar, mas resistira ao máximo, lutava fazendo fisioterapia constantemente por causa dos pais. Ela foi crescendo e suas limitações, deformações,  só aumentavam devido a doença. Ela não suportava a dor ao andar e precisou se render a cadeira de rodas depois de uma certa relutância por parte dela e dos pais, mas ao contrário do que pensavam, foi a melhor atitude que tomaram. Ela começou a ver o que antes não dava para observar através do carro. Antes, até andar em casa era muito doloroso para ela, devido as sequelas deixadas pela doença. Seus pais sacrificavam suas vidas e sofriam escondidos por causa dela, pois ambos sentiam-se impotentes ao verem a filha naquela situação e eles sem saberem o que fazer para acabar o sofrimento. Ela sofria dobrado, pois além das dores havia também o sentimento de peso, de  sentir que só atrapalhava as vidas de quem ela tanto amava.
Na escola não era muito diferente, especialmente quando havia festinhas e via todos dançando e ela ali presa àquela cadeira.
Na vida de Leona também havia muitos momentos alegres com suas amigas; reuniões em familia,  horas de muitas risadas; conversas
 de adolescentes; ela dançava no seu jeito e limite, pois ainda ama dançar.
Chegou a ficar alguns anos sem andar nada após uma cirurgia que infelizmente não deu o resultado esperado e nesse meio tempo, seu pai Gregory adoeceu e quase um ano depois eles perderam-no. Foi muito difícil para ela, já que seu pai era um pai maravilhoso e muito companheiro, mas pior ainda foi para sua mãe, Laura, que teve que tomar conta de Leona e administrar uma casa agora sozinha, lidar com seu outro filho que estava rebelde na adolescência sem aceitar bem a morte do pai. Leona fez várias cirurgias, continuou o tratamento e felizmente voltou a andar e isso deu um pouquinho de independência para ambas, mas só depois de mudar de estado e começar a faculdade de letras tudo melhorou. O tratamento totalmente diferente tem dado ótimo resultado a olhos vistos, pois hoje ela trabalha e faz o que antes não conseguia sozinha, apesar dela querer fazer muito mais, ajudar mais sua mãe, mas sempre que se esforça mais suas dores a vencem. Fez amigos, conheceu muita gente, estuda italiano.  Ela teve muitas paixonites, tanto na vida real, quanto na virtual, mas nenhum se tornou namorado, teve poucos ficantes. Ela não é santa, nem pretende ser, mas também não é qualquer uma e se orgulha disso. Só espera um dia se sentir amada por alguém real, pois de virtual ela já se desiludiu muito. Ela só queria se sentir bonita e interessante como tantas mulheres que ela vê, conhece e que com certeza não pode competir, pois os homens não conseguem vê-la além dos seus limites.
 Como será o fim de  Leona? Arrumará um namorado algum dia? Ela deixará de se sentir um peso para quem ama e um incômodo para as pessoas quando sai para passear nas ruas com sua cadeira?

LORENZO, O FIM PASSIONAL


Lorenzo é um rapaz sempre passional nos seus dezesseis anos,  sempre fora passional desde quando era criança, adorava brincar, correr e quanto mais crescia pior ele ficava. Ele é bem magro, baixo, usa um cabelo tipo moicano com as pontas de um loiro amarelado, usa um bigode fino e apaixonou-se quase veneramente por Sophie, uma bela moça, de estilo rockeiro. Ela vivia falando sobre músicas de rock e ele ouvia o tempo todo em seus fones de ouvido, já havia decorado a maioria das favoritas dela. Era uma paixão sem limite algum, mas ela o achava sinistro demais, ela sentia medo dele e ele não tinha nada a ver com ela.
Um belo dia ele a viu ficando com outro garoto do estilo dela e Lorenzo ficou louco de ciúmes. Ele não poderia fazer nada com ela, que era sua diva, nem com o carinha, então só restava sumir daquele mundo, já que não podia tê-la com ele e começou pesquisar vários meios de acabar com sua própria vida. Algo doloroso que o faria se crucificar por não ter capacidade de fazê-la ama-lo?ou algo indolor e rápido, para fazê-lo sofrer menos? Não queria fazer aquilo em sua casa, seria muito doloroso para sua família olhar naquele quarto ou banheiro e vê-lo morto, mas precisava encontrar o lugar perfeito urgentemente. Ele não suporta mais viver sem tê-la ao seu lado, era melhor acabar logo com tanto sofrimento,  tanta angústia no peito. Ele descobriu uma casa abandonada no centro da cidade, um lugar perfeito para seguir seu plano e partir desse mundo. Ele deixou uma carta bem emocionante para seus pais e irmão sobre o quanto os amava e pedia perdão por estar fazendo o que iria fazer, mas que não suportava mais aquele mundo e aquela angústia.
Ele foi para a casa abandonada, tomou cinco comprimidos do antidepressivo da mãe  e enquanto não fazia efeito ele escreveu a carta para Sophie  dizendo o quanto a amava e que por não suportar mais vê-la com outro e o evitando feio bicho  horrendo e bravo ele iria partir e para sempre.  Ele meio embriagado por causa dos remédios pôs a carta já endereçada na caixa de coleta e voltou para a casa velha, arrumou a corda  e a amarrou no pescoço, quando viu que estava num sono insuportável ele empurrou o banquinho e enfim realizou seu desejo.
Foi um dia de muita tristeza e sentimento de culpa por parte dos pais que se puniam severamente pelo que o filho fez, e na carta estava dizendo onde seu corpo estava e correram para lá chamando a polícia, necrotério e todas aquelas coisas que envolvem morte... Tristeza, choro, silêncio fúnebre devido o ocorrido. Sophie assistia a certa distância aquele enterro com lágrimas no rosto e culpa no coração, pedindo a Deus que os perdoasse. Ela por ter feito ele chegar àquele ponto, mesmo sem querer e ele por ter feito aquilo. Um dia todos irão se perdoar, pois nenhum na verdade teve culpa dele ser quem era e nem de sua louca obsessão por ela. Ela e nem ninguém é obrigado a corresponder ao sentimento do outro, se é que o que ele dizia sentir era realmente amor, mas agora tanto sua família quanto Sophie tentam seguir em frente.

DOROTHY E ESTEBAN


Dorothy é uma delicada, meiga e educada mulher na flor da juventude aos vinte anos, mas ela perdeu a filha de dois anos com leucemia há poucos meses atrás, e fora um tempo muito difícil para ela e o marido Germano, um homem mais maduro, porém charmoso com seus cabelos grisalhos, alto, corpo magro, tradicional nos seus cinquenta e três anos, mas também foi ainda mais difícil para Clara, pobre menina, com a delicadeza e meiguice da mãe, olhos puxados de oriental e alta como o pai. Era uma menina tão linda e risonha, falante, porém, a vida precisava seguir e o casamento deles continuar normalmente na medida do possível, só que a vida não é assim.  A relação deles foi ficando cada dia mais rotineira, sem emoção, sem carinho, nem faziam mais amor há um bom tempo. Às vezes ela desconfiava que não sentia mais amor pelo marido e que talvez ele até a traísse. Homens dificilmente ficam muito tempo sem mulher, ou então ela não o atraisse mais. Ela ficava tão insegura, até que numa tarde de  outono em maio, enquanto dava um passeio pelo calçadão de uma das  praias mais belas de Florianópolis, vestida com um vestido longo estampado, um suéter vermelho, devido ao vento frio do fim da tarde, e quando sentou-se no banco para pensar em sua própria vida, reavaliando seus sentimentos, sentindo a falta de Clara, lágrimas escorreram de seus olhos. Em um certo momento, após secar os olhos olhou para o bar e viu seu marido com a mão na perna de uma morena de belas curvas, cabelos compridos ondulados, e beijando-a de um jeito insaciável. Ela o abraçou como se se conhecessem há muito tempo e enganando-a. Ela ficou furiosa e foi embora jogando a sua aliança no chão, pois daquele dia em diante estava só, mas livre de um casamento morto. Ela lhe enviou um SMS informando o que tinha visto e que o casamento acabou. Ele apenas respondeu-lhe que não queria mais e que mais tarde passaria para buscar suas coisas.
Ela andava apressadamente devido a raiva e alívio quando esbarrou-se sem ver e quase caiu quando Esteban a segurou com sua mão firme, seu corpo definido, de camiseta e short mostrando as suas pernas brancas torneadas, os seus olhos eram de um verde que mais pareciam a extensão do mar, o seu rosto quadrado, seus lábios desenhados e quando seus olhos se encontraram com os dela emitindo um desejo  irresistível e sua mão firme segurando tua cintura causou-lhe um profundo arrepio pelo corpo.
Germano foi a sua antiga casa buscar suas coisas e não a encontrou, pois nessa hora ela já havia se entregado aos braços fortes e ao desejo deles no iate dele que velejava por aquele lindo e imenso mar sob um quadro negro chapiscado de estrelas. Fora um noite tórrida de prazeres e cada vez que se encontravam mais ela aprendia sobre novos prazeres em seu corpo e em lugares nunca imaginados, mas também conhecera muitas coisas boas que a vida podia oferecer, mas sem nenhum envolvimento emocional entre eles, apenas luxúria em todos os sentidos.
Ela nunca esqueceu ou esquecerá Clara, ela foi e é sua filha, sempre tem memórias lindas sobre ela e a amará eternamente, mas nessa hora ela precisava de um tempo de alegria para si. Ela não tinha ilusões sobre ele, sabia que não era única a desfrutar daquele corpo que a levava as nuvens, então se protegia e sabia que quando ele se cansasse dela ela simplesmente voltaria a focar mais no seu trabalho como auxiliar de cozinheira num restaurante da cidade. Se  um dia aparecesse alguém para realmente ter um relacionamento o viveria, mas agora só queria viver um dia de cada vez colada ao corpo quente de Esteban.

JACK- A PLUS SIZE MODEL


Jackeline é uma linda garota com seus dezessete anos; inteligente, meiga, carinhosa, alegre, de personalidade forte, morena de olhos castanhos, baixa e anda enfrentando muito preconceito ouvindo brincadeiras que mais machucam do que fazem sorrir, críticas feitas ao seu sobrepeso.
Seus pais tentam fazê-la emagrecer  levando-a a aulas de balé, natação, artes marciais, tudo que a faça perder peso e não sofrer o que ela vem sofrendo. Ela é muito ansiosa, e quanto mais ela tenta fazer as vontades dos outros e sente frustrada por decepciona-los, mais aumenta sua ansiedade fazendo-a comer sem limite e escondida. Levaram- na a psicóloga para tratar aquela ansiedade, porque nada que faziam parecia surtir efeito.
Numa manhã fria de Junho ela estava saindo de casa para ir a escola e encontrou um homem muito bonito que a chamou, ela ficou com medo, pois tinha ouvido falar de pedófilos e ele entregou para ela um cartão para ser plus size . Ela pegou o cartão e saiu andando de cabeça baixa sem direcionar os olhos para ele.
Ela pesquisou no Google e viu que era uma agência séria, bem reconhecida e pensou: por que não? Usar sua gordura como vantagem. Ela comentou com a mãe e foram a agência para conhecerem. Ela ficou surpresa com a quantidade de crianças e adolescentes até mais novas que ela na mesma situação. A mãe, Caroline, foi a secretaria para saber como funcionava para a filha poder ser uma modelo plus size e recebeu todas as informações necessárias.  Elas ficaram tristes, pois o book sairia muito caro para o orçamento deles, todavia, ela não desistiu. Jackeline começou vender rifas de seu Notebook novinho na escola, nos cursos de natação, balé e muai-thai para poder pagar o book até que decidiu sair da natação, pois assim economizariam um pouco mais. A vida é feita de sacrifícios, de abrir mão de algo para alcançar o que realmente deseja.
Elas felizmente conseguiram o dinheiro suficiente e fizeram o book. Jack, como era conhecida por todos estava deslumbrante. Tinha um dom para ser modelo e com isso aprendeu a desfilar, pois na agência também fazia cursos para aprimorar seu talento. Ela ficava ainda mais linda enquanto modelava, seja desfilando ou tirando fotos em publicidade de alguma empresa. Conforme o tempo passava ela estava mais ciente do que queria para sua vida e amava ser modelo. Ela sempre cuidava da saúde, pois era essencial para seu trabalho, que mesmo acima do peso tinha que estar saudável.
Jack era muito querida por todos da agência.
Formou-se no ensino médio e prestou vestibular para artes, pois sabia que não poderia ser modelo para sempre,  visto que sua carreira tem prazo de validade e um de seus professores da agência disse que ela poderia fazer aulas de teatro, pois levava jeito para isso. Ela passou para o curso e estava entusiasmada e ansiosa. Ela estudaria pela manhã, o período em que não tinham cursos na agência no Rio de Janeiro. Quem sabe algum dia ela poderia passar em um teste para trabalhar na rede Globo? Seria maravilhoso. Ela chegou tímida na faculdade, mas com o decorrer das aulas foi se sentindo mais tranquila e solta. Ela sabia que no início tudo é mais fácil, mas ela não é de desistir e prosseguiu no curso até o fim. No intervalo conversava com todos e todos se divertiam com ela.
Jack viajou por vários lugares no Brasil e começou a viajar por vários países também. Estava conhecendo muita coisa, aprendendo muita coisa  e estava encantada.
Ela conseguiu um papel na novela das seis como atriz coadjuvante, até conseguiu prêmio no Faustão. E hoje aos trinta e cinco anos aposentou-se como modelo permanecendo apenas como atriz, ou melhor, cada dia uma atriz melhor. Ela participou  da novela depois de um ano como atriz principal do horário nobre orgulhando os seus pais, parentes,amigos e principalmente a si mesma.

SCARLET


Jacob era um menino diferente, talvez mais sensível do que os garotos da escola, ou dos seus três irmãos mais velhos. Ele tinha seis anos e amava vestir as roupas, sapatos da mãe escondido e assistia a sua avó Elizabeth nos filmes totalmente encantado, uma famosa e elegante atriz de cinema da época. Seus pais eram ricos e tinham uma bela e enorme casa num bairro nobre em Recife-PE.
Ele mesmo começou a notar-se diferente com o passar dos anos. Ele recebia muito preconceito vindo do seu pai, irmãos, amigos que tentavam fazê-lo ser e gostar do que não tinha nada a ver com ele.
Ele sofreu muito no início, ainda mais na classe social em que estavam, o status que tinham. Uma certa noite ele não suportou mais deixar de assumir o que ele era e o que gostava e tentou conversar com sua família, mas infelizmente foi em vão, pois só trouxe discussões e nenhuma aceitação.
Ele amava qualquer tipo de arte, tanto que assim que atingiu a maioridade e conheceu Bryan, os dois tornaram-se grandes amigos e Bryan o convidou para ve-lo cantar na noite. Jacob foi e ficou maravilhado com o que via, seu amigo Bryan, que no palco se transformava em Sara Jhones, simplesmente levou a plateia ao delírio dublando Whitney Houston. Ele resolveu que queria ser Drag Queen, já que ele desde pequeno amava se vestir como uma mulher.  Ele agora sonhava em se transformar em Drag durante a noite e arrumar um serviço normal durante o dia, assim talvez o preconceito fosse menor e havia até escolhido o seu nome artístico, Scarlet Elizabeth.
Ele só pensava em arrumar um trabalho urgentemente, pois sabia que quando seus pais soubessem da sua forma de fazer arte certamente o mandariam embora e ele teria que pagar aluguel, pagar contas, enfim, sobreviver, mas feliz. Ele conversou com Bryan sobre suas preocupações e também como se apaixonou pelo trabalho do amigo e se tinha espaço para ele. Bryan prometeu conversar com o dono da boate e ligaria para ele.
No dia seguinte o amigo ligou para Jacob e disse que a partir daquela noite ele passaria a ser Scarlet, mas sem o Elizabeth, pois seria demais. Jacob estava radiante e passou o dia dublando e interpretando como Gabby Amarantos enquanto a casa estava vazia. Ele estava muito nervoso na hora de se apresentar e apesar da timidez e nervosismo ele foi muito bem para a primeira noite. O dono da boate disse que se nos próximos shows ele continuasse tão bem ele seria contratado e ele foi. Ele conseguiu emprego de garçom numa lanchonete do vizinho . Ele finalmente criou coragem para contar para aos pais  e irmãos. Sua mãe desmaiou pelo susto e decepção, foram muitos gritos, confusão e seu pai o mandou embora e ameaçou deserdá-lo. Ele já imaginava e pediu perdão por decepciona-los ou envergonha-los, mas ele não podia deixar de ser quem era e precisava fazer o que gostava. Seu pai e irmãos ficaram furiosos com ele, mas ele não deixaria de ser o que era por causa disso e foi embora. Ficou uns dias na casa dos pais de Bryan onde dividiram o mesmo quarto. Jacob tinha traços delicados, tanto faciais, quanto ao resto do corpo como de uma mulher. Bryan já tinha as feições mais másculas e uma voz grossa, sexy, era ótimo amigo, o que acabou fazendo Jacob se apaixonar e os dois acabaram tornando-se namorados. Scarlet e Sara estavam fazendo cada dia mais sucesso nas noites com suas dublagens e até foram convidados para apresentar em programas de tv, ambos apaixonados vivendo o amor e a fama.
Jacob um dia recebe ligação da mãe pedindo-o para voltar para casa, que ela era sua mãe é o amava como ele era, mas ele não quis por causa do pai e irmãos. Ela disse que eles acabaram aceitando por serem uma família. Ele ficou com receio e disse que estava namorando, perguntou se ele poderia ir junto com o namorado, pois teriam que aceitar os dois, a mãe disse que poderia levá-lo e combinaram de ir almoçar em família no sábado ao meio- dia, pois  a noite havia show e tinha que dormir até umas 11 horas. Foi um resto de semana tenso, eles estavam muito nervosos com esse encontro. Foi o dia mais difícil para ambos, mal dormiram quando chegaram da boate, mas o almoço transcorreu sem discussões, apenas com certa tensão. Um dia eles viverão felizes em familia, haverá uma verdadeira aceitação de todos, mas por enquanto eles convivem com preconceito e fobias da melhor maneira possível e tentam ser eles mesmos sentindo realizados como Scarlet e Sara Jhones. Infelizmente.

SUORI


Suori é uma jovem descendente de japonês, sua mãe é filha de japoneses e seu pai um brasileiro do Ceará, eles moram no Japão. Ela é alta, com corpo atraente, cabelos negros no estilo Chanel, lábios carnudos, trabalha em um telejornal famoso da cidade de Nagasaki, ela é uma jornalista bem requisitada quando o assunto era política. Ela sempre dava sua opinião sincera e sensata sobre os dois lados. Todos respeitavam sua opinião tornando-a famosa até mesmo na mídia.
Um dia ela conheceu um homem muito charmoso, interessante e melhor, muito inteligente e com ótimo papo, algo raro ultimamente. Eles se encontraram na recepção do hotel onde ela se hospedaria naquela noite para no dia seguinte dar entrevista e por coincidência ele já estava hospedado e estava pegando a chave para ir para o seu quarto. Ele começou a falar coisas triviais, como quanto tempo ele se hospedava ali e como sempre era bem recebido e ela disse que era sua primeira vez no hotel e a conversa fluiu, pois ela também sabia falar português fluentemente por causa do pai e ela era muito agradável. Ele morava em São Paulo, mas como um grande empresário de logística sempre tinha reuniões no exterior. Ele era fisicamente atraente e não vivia cheio de si pelo corpo que possuía, assim como ela que precisava cuidar da aparência por ser uma pessoa que aparecia sempre na TV, mas não se preocupava em excesso com dieta ou exercitar-se, que na verdade ela odiava as duas coisas. Ele se interessava pela leitura e estava bem informado quanto as últimas notícias. Era muito charmoso, seu look mais social sem parecer sério demais e sua experiência de um homem de quarenta anos de cabelos grisalhos e ser viúvo o tornava ainda mais atraente. Ela estava completamente encantada, não parava de pensar nele um só minuto, mesmo quando se concentrava no trabalho.
 Gustavo a chamou para jantar com ele, pois detestava fazer as refeições sozinho e assim se conheceriam melhor e ela acabou aceitando. Eles conversaram no restaurante do hotel e combinaram de almoçar juntos no dia seguinte após o trabalho deles e ela não recusou, pois estava amando conhecer um homem tão diferente daqueles narcisistas, alguns loucos e sem conteúdo que vinha conhecendo através de amigos ou internet. Na verdade, os virtuais prevaleciam, pois sequer tinha tempo para falar com os amigos para eles poderem indicar alguém interessante, mesmo que por telefone. Ela sempre voltava para casa frustrada, pois estava cansada dos mesmos tipos falsos de homens, que nas conversas pareciam tão interessantes e nos encontros mostravam-se o oposto e ela ficava entediada todas as vezes e estava desiludida na área sentimental até encontrar Gustavo.
Eles almoçaram juntos e depois foram dar um passeio por Tóquio e ele simplesmente segurou sua mão e sorriram um para o outro em silêncio continuando o passeio como um casal de namorados. De repente, ao entardecer ele a puxou para si e a beijou suavemente, para não assusta-la. Suori tinha trinta anos, havia tido pequenos namoricos, mas nada que durasse mais que seis meses, pois levava os estudos e depois o trabalho muito a sério e muitos homens não sabiam lidar com sua independência no jeito de pensar, especialmente em relação a política, que para a maioria deles era assunto para homens.
Ao chegar em casa, aquela mulher tão linda, de traços orientais e jeito de ser de brasileira, simplesmente se tornava uma menina, que vestia seu pijama azul bebê, prendia o cabelo e comia salgadinhos, lanche, o que tivesse na despensa ou geladeira, assistindo TV no sofá, às vezes assistia até mesmo um desenho animado, um de seus programas preferidos. Ela dava altas risadas em frente a tv antes de adormecer no sofá e acordar a meia noite. Muitas vezes sonhava que era  como uma dessas heroínas de desenho, que veste um macacão sexy e voa para salvar a população de perigos, que lutava contra os inimigos, seu nome nos sonhos era Sayoro, a heroína das urgências, onde ela era uma executiva e ao ouvir seu relógio apitar ela dava uma distraída nos outros e voava para salvar alguém, com seu macacão azul, sua máscara e sua tiara. Sayoro usava seu batom que emitia luzes quentes ou congelantes dependendo da situação; seu relógio também servia para deixá-la invisível, miúda ou gigante e ela sempre se saia bem. Ela às vezes até se reunia com outros super- heróis famosos para combaterem os  inimigos e suas maldades e salvarem mais pessoas. Ela sempre acordava super bem depois desses sonhos, mas naquele dia ela sonhou apenas com Gustavo e foi delicioso.
Ela logicamente nunca mencionara nenhum desses sonhos a ninguém, nem mesmo para sua prima, Sayioko, nem contara sobre Gustavo, ele foi como um sonho lindo que viveu em Tóquio e esse sonho pertencia apenas para ela ou ambos, pois ele certamente a esqueceu. Ele mesmo sem admitir, deveria ter muitas mulheres a seus pés; muito lindas, interessantes e que não pensariam meia vez para passar a noite com ele. Suori apesar de todo seu potencial, inteligência, doçura e profissionalismo nunca se achara interessante o bastante, linda o suficiente para fazer um homem como ele se interessar de verdade por ela e eles moravam muito longe. Ele nunca deixaria uma cidade como São Paulo para morar no Japão por ela e com ela, que já morava só há cinco anos. Ela tentou esquecê-lo e foi visitar os amigos quando saiu do trabalho, foi comer em um restaurante com a prima, passou o fim de semana na casa dos pais, junto com os irmãos gêmeos mais novos, cunhadas e sobrinhos. Tinha agora uma família grande e isso a distraia.
Um dia na correria do seu trabalho recebeu uma ligação, era ele, seu coração pulsava forte, quase ia a boca, ele simplesmente lhe pediu que fosse ao restaurante que ela tinha ido com a prima na semana passada, que ele estava em Nagasaki e precisava vê-la a noite e marcaram horário. Ela procurou chegar em casa mais cedo, se depilou, maquiou-se e vestiu seu vestido mais bonito para impressionar. Eles se encontraram, conversaram bastante e finalmente ele disse que estava ali porque não parava de pensar nela, que pensava estar apaixonado, que aquilo parecia loucura, já que se viram apenas duas vezes, mas que ela não saia de sua cabeça, nem conseguia se concentrar direito. Ela disse que não parava de pensar nele também. Eles se beijaram outra vez e saíram para seu carro, se beijaram mais e foram para o apartamento dela. Lá se amaram e foi maravilhoso, tomaram banho e café juntos e ele perguntou se poderiam morar juntos por um tempo ou seria apressar muito as coisas. Logicamente ela aceitou, pois não conseguia mais se imaginar sem ele ao seu lado. Ele conheceu a família dela em um jantar e todos aprovaram-no. Ela estava uma mulher realizada no profissional e no coração ao lado de quem amava. Agora ela além de sonhar salvando pessoas e lutando contra inimigos, a executiva e heroína Sayoro também tinha seu herói para salva-la e lutarem juntos contra os inimigos da vida real.

STEFANY


Stefany é uma jovem diferente. Assim que ela descobriu mais sobre si mesma resolveu se assumir como era ou queria ser; pintou suas mechas de roxo e azul, suas cores favoritas, usava cores fortes nas roupas, como vermelho, preto, azul escuro, roxo, amarelo, pouco se importando com moda ou críticas.
Tiffany é sua irmã mais nova e totalmente diferente em personalidade, mas fisicamente eram muito parecidas. Baixas, gordinhas, pele morena, lábios carnudos, cabelo cacheado e bochechas rechonchudas. Stefany cortou seu cabelo de forma assimétrica e raspou uma lateral do cabelo. Bem moderna para quem não liga para moda. Ela usava só shorts curtos com desfiados, camiseta de malha preta com estampas de animais ou de heavy metal e só calçava tênis. Ela era até estilosa, mas em nada agradava seus pais aquele estilo tão estranho.
Seu dia a dia era ir a faculdade de artes plasticas, pois amava pintar seus quadros, era lá que ela se mostrava quem era; ouvir suas musicas  favoritas no fone de ouvido, ver filmes de terror aterrorizantes e comédias, ficar com garotos como ela, escrevia em seu diário virtual, com senha que andava com ela onde fosse.
Ela não tivera carinho nem atenção quando criança, embora ela soubesse que seus pais precisassem trabalhar muito para sustentar as filhas, pagar as contas mensais.
Sua imagem externa nunca mostrou exatamente quem ela era, mas sim, quem gostaria de ser, ousada, interessante, corajosa. Na verdade, ela era sim, muito corajosa, não é qualquer  um que teria coragem de fazer o que ela fez com seu visual, sabendo que  nao agradaria e seria julgada por  isso.  Ela não é risonha e brincalhona, ou tão querida como a Tiffany. Ela é quieta, triste na alma, até tem vontade às vezes de brincar com alguém, mas tem medo de não ser compreendida. No fundo, ela evitava dizer o que pensava ou sentia, pois percebia que ninguém estava a fim de ouvir ou saber. É como se o que ela tivesse para dizer não valesse nada para os outros, não acrescentaria em nada na vida de alguém, mas eram importantes para ela, então guardava para si. As duas irmãs não tinham nenhuma ligação ou afinidade, exceto o mesmo sangue. Viviam cada uma por si, em seus mundos particulares. Por ser quieta, reservada e gordinha, ela era praticamente invisível onde quer que fosse, especialmente na faculdade. Como ela tinha apenas dezessete anos, no  começo do primeiro semestre a chamavam para ir as festas da faculdade e seus pais não permitiam, alegando que lá teria muita bebedeira e drogas, sexo e eles não queriam ela perto desse tipo de coisa, então seus colegas simplesmente a excluiram de seus grupos de amigos. Ela se sentia só, sentia que ninguém se importava de fato com ela, pois os pais sequer conversavam com ela, mal os via no fim de semana. Ela tinha medo de ir a essas festas, ouvia falar de tantas coisas ruins, como boa noite cinderela que ela mesmo as evitava, só saía mesmo com os pais quando raramente acontecia. Tiffany às vezes saía escondida dos pais para as festinhas com as amigas e voltava bem tarde, mas antes dos pais acordarem. Ela era bem esperta, ou pelo menos se achava assim. Stefany às vezes invejava a irmã por ser tão independente e tão sociável aos quinze anos. Ela se sentia carente de tudo, mas não saia por aí pedindo ou impondo nada a ninguém. Afinal, carinho e amor não se pede,  apenas merece e recebe. E ela sentia que não merecia nada, pois não recebia. Talvez fosse culpa dela mesmo por ser como é e ninguém sequer a notar, ou simplesmente era drama de adolescente. Ela não sabe, mas espera que um dia ela consiga ser diferente, ser como ela gostaria de ser e receber o que merece.

MARI


Mari é uma mulher de sessenta anos, olhos de um azul profundo e hipnotizante, seu cabelo loiro com algumas mechas brancas, fruto da idade e experiência de vida, alta e muito magra, herança de sua mãe, Ana. Quem a olha logo imagina, que mulher elegante, deve ser arrogante, rica e mimada.
 Mari tem simplesmente um bom gosto para roupas e sua elegância vem dela mesma, não de uma riqueza que ela não possui.
 Ela foi criada no campo, trabalhou toda sua infância e adolescência plantando legumes e hortaliças, como alface, couve, taioba... para sobreviver, juntamente com seus pais e cinco irmãos no norte do Brasil, em Roraima. Eles sempre passaram dificuldades, porém tinham união, paz e eram gratos. Viviam felizes mesmo trabalhando sob o sol forte todos os dias e comendo marmita fria sob um pé de jatobá, no qual se refrescavam do calor ardente. Mari, com quinze anos sempre ia a uma nascente a um quilômetro dali para pegar água fresca para matarem a sede.
Ela adorava ir lá só, pois assim podia ficar com seus pensamentos, sonhando com uma vida que não tinha, com uma adolescência igual a de outras garotas da sua idade, que ela assistia pela TV. Ela estudava pela manhã, sua escola era muito fraca no sentido educacional, mas era o que ela tinha e se esforçava, dedicava-se aos estudos quando chegava em casa após ajudar sua mãe a fazer as tarefas domésticas, cozinhar...
Quando acabou seus estudos aos dezessete anos decidiu mudar-se para uma cidade maior, ter mais oportunidades, ser empregada doméstica e dormir no serviço, assim economizaria com aluguel. Uma parte do salário mandaria para os pais e com a outra parte pagaria um cursinho para fazer vestibular e pagar transporte, sonhava em fazer faculdade e ser uma professora. Sonhava em ensinar àquelas crianças o que sabia, queria que elas tivessem uma vida melhor e lutassem por isso, acreditassem que eles poderiam fazer qualquer coisa, porém com honestidade e humildade. Ela conseguiu um trabalho através de sua professora Rita, que tinha parentes em Boa Vista, na capital, no qual a contrataram imediatamente, pois gostaram dela e concordaram que ela sairia todas as noites para ir estudar. Eles lhe deram as  cópias das chaves de casa, regras e horários das refeições.
Ela no dia seguinte conseguiu uma folga pela manhã para fazer o que precisasse, como: se inscrever para o cursinho, cortar o cabelo, fazer as unhas das mãos e pés, pois onde morou não existia esse tipo de coisa, mas na cidade grande não queria se sentir envergonhada perante os colegas e professores. Era uma jovem muito bonita e educada, tímida, dedicava-se ao estudo quando chegava do cursinho a meia- noite, pois vinha para casa de ônibus. Ela era tratada quase como uma filha, mas com obrigações domésticas. Sua rotina passou a ser trabalhar até às 5  e meia da tarde, ir para o cursinho que começava as sete, sair de lá às onze, pegar um ônibus, chegar em casa a meia noite e estudar só dormindo três horas por noite, pois só conseguia pegar no sono lá pelas três da madrugada. Essa rotina permaneceu por anos, pois após o cursinho ela conseguiu passar no vestibular para faculdade de letras e formou quatro anos depois. Na faculdade  no quarto período ela conheceu Pablo, um negro bonito; alto, olhos castanhos, cabeça raspada, forte, simpático, com um sorriso de tão branco que deixava  todas as mulheres hipnotizadas; inteligente e assim como ela, dedicado aos seus objetivos. Começaram a namorar e assim, um ajudava o outro. Logo que se formaram resolveram ficar noivos, pois assim que os estágios deles acabaram, ambos foram contratados- ela por uma escola primária e ele por uma do ensino fundamental e médio, embora fosse ensinar apenas para o médio.
Um ano após eles se casaram, no qual,os patrões de Mari dá  a casa onde ela trabalhou foram seus padrinhos de casamento, como forma de agradececimento por tudo que fizeram por ela.
Mari e Pablo foram morar em sua casa que conquistaram após economizarem durante o noivado e as casas no norte não serem tão caras como no restante do país.
Nas férias eles foram visitar seus pais, pois no casamento eles não tiveram condições de ir. Os pais de Pablo moravam também no interior, a 200 quilômetros da cidade dos pais de Mari. Foi uma felicidade enorme quando se reuniram, tanto na casa dos pais dela, quanto na casa dos pais dele.
O casal se amava muito e a realização do sonho deles de ensinarem completava tudo isso,apesar dos desafios diários de educadores numa região que praticamente não recebe os incentivos do governo, se compararmos as regiões principais, sul e sudeste.
Eles descobriram que não poderiam ter filhos, foi uma tristeza para ambos, mas também não poderiam pagar por um tratamento tão caro, pois eram professores públicos do estado e não ganhavam tão bem. Eles então foram ao cartório afim de adotar uma criança, pois pretendiam ser uma família. O processo é longo e burocrático e quando foram ao orfanato da cidade viram muitas crianças, mas apenas Luan chamou atenção do coração deles, um menino de quatro anos, moreno, magro, pequeno, alegre, sem um dos braços por má formação, esperto, falava muito e não parava um minuto. Eles não tiveram dúvidas de que queriam aquele menino e o processo de adoção começou, duas semanas depois eles conseguiram levá-lo para passar uns dias em sua casa, depois passou a ser meses, a assistente social sempre a fazer visitas para ver a adaptação da criança, mas tudo parecia estar perfeito até que conseguiram a adoção de Luan, ainda que não permanente, mas provisória e isto lhes dava muita alegria, pois já amavam o menino como um filho.
Ele frequentava a creche enquanto os dois trabalhavam, quando Pablo ia buscá-lo dava banho, o trocava, adiantava o jantar para ajudar Mari e para o menino não comer tão tarde, brincava com ele até a mãe chegar,terminar o jantar, dar-lhe comida, ensiná-lo a ler, contar uma estória para ele e po-lo para dormir às 8:30 da noite, pois liam muito sobre como é importante uma criança dormir muito e bem para ajuda-lo a crescer saudável. Eram como quaisquer pais; o educavam, davam amor, carinho, limites, uma família, um lar e avós que o amavam depois de ve-lo, pois antes os criticavam. Como pode, tanto bebê aí bonito e "perfeito" e vocês escolheram um já grande e aleijado?Quando o viram tudo mudou. Foi paixão instantânea, tanto dos avós, quanto dos tios e primos. Eles viram que amor não vê aparência, gênero, cor, apenas se sente e vive.

SAMARA


Samara é uma mulher madura, com seus quarenta anos, mas ainda com aparência jovial de pele negra, olhos acinzentados, cabelos acobreados, poucas marcas de expressão no rosto, uma risada cativante e simpatia que envolve todos a sua volta, pois expressa uma aura leve de menina. Mora sozinha no seu apartamento em Belo Horizonte-MG, que ela conquistou com árduo trabalho ao longo dos vinte e cinco anos na empresa de publicidade, vaga que conseguiu no estágio na época da faculdade pública, devido seu talento e potencial criativo lá ela permanece e hoje é sócia.
Ela é filha única, pois sua mãe teve um problema no parto e tivera que retirar o útero, ou morreria.Todavia, Samara é solidária, não foi muito mimada, apesar de não ter irmãos, pois suas amigas da escola e da vida ajudaram- na a suprir a solidão, assim como seus livros de aventuras e romances. Hoje ela tem pelo menos dois livros no seu criado-mudo como passatempo, pois seus pais sempre ensinaram-na a importância da educação, da leitura e do amor pelo próximo e principalmente por si mesma. Seu pai era encanador e sua mãe, professora do primário numa escola pública estadual em Monte Azul-MG. Eles faleceram há dois anos num acidente de carro, que a filha dera poucos anos antes e pagou a aula de habilitação do pai.
Namorava Eduardo há quatro anos, e ele infelizmente sonhava em casar-se com Samara que já disse desde o início para ele que não acreditava em casamento. Um homem forte, alto, cabelos escuros, mas muito conservador nos pensamentos, mesmo sendo dez anos mais jovem que sua amada.
Ela não deseja casar-se nem com ele nem com ninguém, nem constituir família, mesmo   amando-o muito, ao contrário de suas amigas de infância e adolescência que escolheram constituir suas próprias famílias, talvez para saírem das regras dos pais, ou simplesmente para realizar seus sonhos de contos de fadas e serem donas de casa de comerciais, mães e hoje estão todas frustradas, infelizes. Porém, ela nunca fez as amigas pensarem como ela. Escolha alheia é algo que não se opina, apenas fica do lado da pessoa quando ela vê que tomou as decisões erradas e tenta aconselhar da melhor forma e apoia-las. Ela é uma tia orgulhosa dos sobrinhos do coração.
Suas amigas sempre tentam persuadi-la a casar-se com Eduardo, que a ama tanto e ele irá cansar uma hora e ela acabará só. Que isso é triste, mas nada disso a faz mudar de opinião. Se caso ficar só, fazer o quê? Será uma escolha dele e ela o quer feliz, seja com ela ou não. Ela até admira as amigas por serem fortes e não terem desistido dessa vida que levam e tentarem algo diferente.
Samara sempre foi firme em suas opiniões, sempre fora forte e conseguiu superar a morte dos pais apesar da falta que fazem na sua vida. Ela sempre foi carinhosa e paciente com eles, ligava toda semana e dizia o quanto os amava.
O seu único arrependimento foi não tê-los trazido para morar com ela em BH, mas no fundo sabia que não iriam, que a vida deles era na cidade pequena com as pessoas que conheciam há anos, na casinha reformada deles e com seus velhos costumes.
Eduardo era engenheiro elétrico e na empresa em que trabalha chegou uma nova funcionária, Giovana, uma mulher bonita, atraente, mas discreta e o atraiu. Ele se puniu por sentir atraído por outra mulher. Ela também se sentiu atraída por ele e ambos sentiram uma afinidade inexplicável, pois assim como ele, Giovana era engenheira e agora trabalham juntos. Eles acabaram trocando olhares em um almoço e sem pensar ele tocou a mão dela e mais tarde, no carro ele a beijou e ela correspondeu. Pelo resto do dia ele não a encarou, não por não gostar do beijo, mas sim porque a culpa o corroía por dentro. Ele apareceu na casa de Samara a noite e ela ficou preocupada pois ele aparentava estar chateado e abatido. Ele sentou no sofá frente a ela e pediu perdão, mas não podia mais namorá-la. Por que?  Ela perguntou. Ele só disse a verdade, que havia conhecido uma nova colega de trabalho e havia se envolvido com ela além do profissional e que ela queria uma família,assim como ele. Ela o abraçou e ambos choraram, mas ela o desejou felicidade e foi sincera, pois ele a fez feliz por um longo tempo e ele merecia ter o que ela não poderia dar.
Ele foi embora cabisbaixo e quieto. Ela foi para o quarto e chorou até adormecer.
Ela trabalhou arduamente durante os próximos dias, visitou as amigas, tirou uns dias de folga para ver sua melhor amiga, Ane que se mudou com o marido para a Bahia, devido o trabalho do marido, que fora transferido. Foram dias maravilhosos, pois conversou bastante com a amiga, passeou, curtiu os sobrinhos, ficou com um baiano com conheceu em um bar numa das praias de Salvador.
Ela voltou para BH, adotou um cachorro nesses abrigos de cães abandonados e lhe deu o nome de Bob. Cuidava dele com todo amor e quando voltava para casa ele e seus livros eram suas companhias e prazer e estava feliz.
Ela provou para si mesma que não precisava de um homem ou filhos para se sentir feliz e realizada na vida, mas se você só acha que é feliz formando uma família, que seja. O importante é sentir bem e amado, seja por pessoas como os amigos ,seja por seu animal de estimação.
Samara se sente feliz agora, mas pode não sentir no futuro, pode mudar de ideia e arrumar um companheiro para morar com ela, ou não. Tudo pode mudar a cada segundo. A vida é assim.
E você?...Você é feliz do jeito que está?

AMIZADE SEM BARREIRAS


Rebeca, uma menina esperta, de uns seis anos, cabelos ruivos trançados,  nariz  e bochechas cheias de sardas, olhos grandes castanho- esverdeados, gordinha, ela adorava brincar. Seu melhor e único amigo era Vitor, um garoto da mesma idade, era negro, de olhos pretos, cabelos pretos e afro e ela era também sua única amiga. Todas as crianças de sua turma e até mesmo da escola riam deles, tiravam sarro por serem como são. Muitas vezes Rebeca chorava sozinha no seu quarto. Ela ficava triste e muitas vezes comentava com o amigo, os dois se davam as mãos e enfrentavam juntos as brincadeiras  bobas dos coleguinhas.
Um dia, porém, ela teve coragem e disse aos seus pais, pois seu pai a viu chorar assim que chegou da escola, logo foram à escola, seu pai José, muito bravo fez seus colegas pedirem desculpas para ela e seu amigo, nunca mais ninguém zombou de ambos.
Mas a vida nunca é justa ou perfeita e seu pai foi transferido para uma cidade bem distante para trabalhar e sua família o acompanhou. Foi muito choro e abraços dos dois amigos.
A amizade das crianças chegou ao fim, seus pais pensaram, mas amizade verdadeira nunca acaba. Graças às redes sociais os dois se falam sempre, também jogam juntos e esperam que seja para sempre esse sentimento tão forte e bonito, que supera qualquer barreira.

STAR


Star era uma estrela muito esperta. Assim que nasceu, sua mãe Frida, já com milhares de anos, deu-lhe o nome, pois já via naquela estrelinha, um brilho diferente. Ele quando pequeno amava brincar nas nuvens de esconde- esconde, de saltar nuvens. Seus melhores amigos eram dois pardais, Tico e Gaspar,  filhotes que também amavam brincar com Star. Ele adorava provocar outras estrelas mais velhas e muitas vezes sua mãe o colocava de castigo, sozinho na nuvem e o proibia de brincar por um dia todo e o brilho dele se apagava, quase não o via da Terra. Seu pai, o cometa Bob, quase nunca o via, pois vivia passando por todo o mundo, encantando a todos e recebendo vários pedidos. A fé que as pessoas têm o impressionava.
Star foi crescendo, oras rebelde, oras boa estrela.
O sonho dele era fazer parte do cruzeiro do sul, ele teve que se esforçar, se comportar, pois as estrelas do cruzeiro do sul eram famosas, entao ele fez o q pediam, muitas vezes ele queria desistir, mas seu brilho era muito grande, sua mãe sempre o convencia a persistir, depois de um longo tempo  as estrelas reconheceram que ele poderia ser a estrela e o chamou pra fazer parte do cruzeiro do sul. Foi o dia mais feliz da sua vida.
Hoje Star ilumina nossas noites, mas sempre querendo algo mais. Isso que o faz viver, lutar pra ter outros sonhos e alcançá-los.

ROGER


Um dia de muito sol nascia Roger, um menino valente, corajoso, mas frágil fisicamente. Ele nascera com uma má formação na retina, que nem cirurgia resolveria, portanto, o garotinho ficara cego desde o nascimento.
Não foi nada fácil para Michele e André receberem a notícia daquele modo. Houve um certo desespero. O que fazer agora? Como cuidar de uma criança deficiente? De algo eles tinham certeza_ o amariam ainda mais e cuidariam dele, dando o melhor deles, mesmo sem saber se o que estavam fazendo era o certo, mas que pais sabem o que é certo como pais de primeira viagem?
Eles o levaram a um oftalmologista e a uma associação para deficientes visuais para saberem como lidar com ele e ensiná-lo a ter uma vida mais independente, se adaptar.
Os pais não o mimavam em excesso, pois seria prejudicial para a independência dele. Ele era moreno, forte, esperto, sorridente e às vezes bem bravo.
Todos amavam brincar com ele, pois dificilmente estranhava alguém.
Ele já com um ano estava começando querer andar sozinho, era independente, já sabia se arrastar por toda a casa sem  bater em nada.
O tempo passou, ele cresceu e  tornou-se um rapaz bonito e independente. Ia a todos os lugares com sua bengala, às vezes contava com ajuda das pessoas, e fazia até café sozinho.
Ele era brincalhão, e fazia todos rirem a sua volta. Era estudioso, mas não do tipo nerd, era bem sociável.
Seu maior sonho era trabalhar em uma empresa, mas mesmo já tendo se formado em psicologia, não conseguia vaga em nenhum lugar.
Como tinha uma voz forte, marcante, ele procurou por emprego numa rádio da sua cidade de Mineiros, em Goiás e por uma graça grande, eles lhe deram um emprego como radialista, para dar as notícias das dez dá manhã até o meio-dia. Ele não estava mais suportando ficar em casa sem nada para fazer, sentia- se um inútil e às vezes ia a associação para deficientes visuais. Ele já havia aprendido muita coisa, inclusive ler e escrever em braile, na verdade ele só continuava indo para não perder contato com os amigos que fez por lá, especialmente Giovani seu melhor amigo. Eles saiam e divertiam-se juntos, tinham uma afinidade de irmãos.
Ele estava com vinte anos e nunca havia ficado com ninguém.
Um dia ele desabafou com seu amigo, que gostava de uma moça, Alexia, uma adorável ouvinte da rádio. Ela o reconheceu na praça um dia a noite quando o ouviu conversar com Giovani, pois sua voz era inconfundível e logo se aproximou, pediu desculpas por incomodar e se apresentou. Conversaram por um tempo, deram boas risadas e bastou para ele se encantar por ela. Ele mal sabia que ela também se encantou por ele, mas não tinha coragem para dizer-lhe. Neste assunto era muito tímida. Não conseguia ser moderna que chega no homem e já o seduz. Ela não sabia como ser sexy, embora para Roger ela era muito sexy, mesmo sem poder vê-la. A voz rouca e alegre dela quando falava, sua risada escancarada sem vergonha de ser ela mesma. Era mais sexy do que usar uma roupa provocante, da qual ele não podia ver.
Um dia trabalhando na rádio, uma ouvinte liga e pede uma música e pra sua surpresa era Alexia, porque ela fez mais do que pedir uma música atual, sua amada pediu Como é grande o meu amor por você e disse: Roger, essa música é para você, pois descobri que eu te amo. O colega pôs a música para tocar.
Ele simplesmente ficou sem fala, emocionado e conseguiu dizer um eu te amo com a voz embargada com  tamanha emoção.
Seu amigo Giovani e Alexia haviam armado tudo  isso, juntamente com o colega de rádio, Nathan. O programa de Roger saiu do ar e ele saiu para se encontrarem, mal sabendo ele que ela já estava lá esperando-o ansiosa.
Giovani apareceu e o guiou até ela e ele sem entender o porquê de seu amigo estar ali, mas começando adivinhar o que estava acontecendo. Alexia o abraça pela cintura e ele sentindo seu perfume que o inebria sempre também a abraça por um longo tempo e em silêncio ele toca seu rosto e vai beijando-a  até encontrar seus lábios e beija-la suavemente.
Eles começam a namorar e em seis meses se casam. O dia mais feliz de suas vidas. Um casamento bonito, mas simples, sem luxo, pois não tinham dinheiro para gastos supérfluos, apenas compraram uma cama de casal, guarda roupa, pois morariam com os pais de Roger. Ambos não tinham condições de alugar uma casa, comprar móveis e pagar contas básicas, comprar comida, mas ajudariam os pais dele no que fosse possível.
A relação deles era de harmonia, cumplicidade, diálogo, respeito e muito amor. Discussões bobas raramente tinham, mas é normal, nada que uma conversa e uns beijos não resolvam.
Passaram-se alguns anos e ele conseguiu uma bolsa para seu mestrado, quando Alexia o surpreendeu com uma gravidez.
Ele quis desistir, mas ela não deixou. Nunca se deve desistir do sonho, ou deixar passar oportunidades, pois às vezes elas só passam uma vez na vida.
Ganharam Brenda e seis meses após ele conseguiu passar no seu mestrado. Foi uma grande vitória, pois ele e Alexia passavam a noite estudando, ela lendo pra ele.
Roger é um homem valente, pois nunca desistiu de nada e sempre correu atrás e assim será, de sorriso no rosto e esperança no coração. Continua na rádio, pois tem uma família para manter.
Ele nos mostra que uma deficiência não é um monstro, apenas choca no começo, mas nada como o tempo para nos fazer adaptar a realidade, aos limites e levando a vida da melhor forma possível. Às vezes dá vontade de parar no meio do caminho,  porém, sempre existe quem nos encoraje a prosseguir e continuar lutando até o fim.

LUANA


Nas montanhas da Irlanda mora uma bela moça, Luana Moretini. Uma loira de baixa estatura, corpo magro, cabelos encaracolados de um loiro quase branco na altura dos ombros, olhos esverdeados.
Seu maior prazer é cuidar das flores do seu jardim e da casa, que seja pequena, é bem decorada e cuidada.  Foi criada por uma avó materna, Sra. Suzan, pois seus pais morreram numa viagem de trem. Luana foi uma das poucas sobreviventes e com pouquíssimos arranhões, a não ser uma cicatriz no braço esquerdo,devido a tombada do trem e ela ter caído, um dos cacos de vidro da janela a cortou.
Sua avó fora educada com muito rigor e assim também tratou a mãe  de Luana e a garota anos depois. Carinho através de toque não tinha recebido, portanto, não conseguia expressa- lo a ninguém, nem mesmo ao marido, filhos, ou neta. Aparência contava muitíssimo para dona Suzan. Afinal, o que falariam dela se vissem sua casa suja?
Ela limpava a casa e arrumava com afinco todos os dias, nada poderia estar fora do lugar que ela arrumava e brigava pela bagunça.
Luana tem trabalhado na casa de dona Sara desde os dezessete anos limpando a casa e hoje com vinte e três anos é isso que a sustenta. Sua avó a ensinara ler e escrever em casa, pois naquela região não era permitido meninas estudarem, mas ela pensava que meninas devem saber ler e escrever para não serem ignorantes nem mesmo enganadas.
Sempre que lia os romances que dona Sara lhe emprestava ela sonhava acordada com o amor da sua vida, o Robert, embora um amor fosse impossível. Ele era rico e filho de sua patroa, um homem alto,  moreno, ombros largos e sorriso encantador, simpatia sedutora.
Ele nunca a olhou da forma que ela ansiava, mas Luana não perdia a esperança. Ela queria casar- se com seu amado e formar uma grande família. Achava lindo uma casa cheia de crianças e ver toda a familia sentada a mesa para fazer as refeições.
Luana era religiosa, vivia rezando e agradecendo a Deus por estar viva, apesar de muitas vezes ter lamentado por não ter morrido ao invés dos pais. Era só dá boca pra fora, porque a verdade é que amava viver e admirar as belezas da vida.
Seu avô, o sr. Richard trabalha como maquinista numa ferrovia e como trabalha viajando só vai para casa uma ou duas vezes ao mês e lá permanece por uns três ou quatro dias e raramente tira férias desde a morte de dona Suzan há quatro anos por um AVC grave. Como ambos são resistentes a hospital e o mais próximo fica há 200 km de carro, a avó não resistiu e faleceu aos setenta e dois anos, deixando sr. Richard após  cinquenta anos de matrimônio, seis filhos e doze netos, incluindo Luana, a mais velha. Foi um luto doloroso para ela, porque a família é distante emocionalmente e fisicamente, pois todos moram muito longe e raramente se reuniam. O avô passou a vir cada vez menos para casa e ela se sentia solitária. Ela trabalhava com mais afinco agora para esquecer da solidão tão presente em sua vida.
Um dia de profunda desilusão ela resolve tomar um whisky do avô e após estar embriagada bate na porta da casa do Robert e ele atendeu,assustado com a presença dela ele a fez entrar. Ela se declarou pra ele, que a vendo embriagada a convidou para seu quarto e de um jeito romântico, mas sem sentimentos por aquela bela mulher, ele a fez mulher. Antes de amanhecer ele a fez ir embora, pois a mãe poderia ve- la ali e despedi-la . Ela nunca se sentiu tão envergonhada e humilhada, apesar da noite mágica. Foi embora à francesa e correndo de cabeça baixa chegou em casa, tomou um banho, se trocou, comeu algo e foi trabalhar como se nada tivesse acontecido, mas mortificada por dentro.
Depois de alguns dias ela começou passar mal todos os dias e preocupada, dona Sara a levou ao médico na cidade mais próxima, em um médico conhecido e após exames descobriu- se que estava grávida já de algumas semanas.
Ambas ficaram chocadas, mas no fundo Luana estava feliz,além de agora ter um incentivo pra lutar, ela teria um filho de seu amado.
Sua preocupação maior era contar sobre o pai do bebê para dona Sara. A sua patroa a pressionou e ela contou a verdade cheia de vergonha. A patroa quase a demitiu,mas não fez.
Ela voltou para casa,contou ao avô,cheia de alegria, que na mesma hora a mandou para fora de casa, pois ela desonrou a casa dele. Ela implorou,chorou muito, porém, ele não mudou de ideia.
Ela volta com a mala na mão e conta para dona Sara e Robert, o que seu avô fez.
Em poucos dias casaram, assim não teria tanto falatório.
Ela estava radiante por um lado, pois agora estava com seu amado e formando uma familia como tanto sonhara.
Por outro lado, ele não a tocava mais, mal a olhava nos olhos,sequer lhe dirigia a palavra, mas com o passar dos meses eles começaram a se conhecer de verdade, através do jeito de ser de ambos. Ela passou a amá-lo cada dia mais e os sentimentos dele começaram a mudar e ele a viu diferente. O bebê crescia bem e saudável, com dona Sara preparando todo o enxoval juntamente com Luana, todos começando a se tornar uma família de verdade. Um lar. Quando o bebê nasceu, uma linda menina, careca, morena e magra como os pais, a pequena Catarina.
 Luana passou a se sentir completa e amada sem o vazio de antes, mas sem nunca esquecer de quem amava, até o avô a perdoou após o casamento e voltou para casa mais vezes para ver a bisneta.
A vida tem suas dificuldades,  seus momentos de querer jogar tudo para o alto, mas também tem flores e arco- íris. É a vida  com jardins floridos e ervas daninhas no meio.

SAPOTi



Sapoti é um sapo muito esperto, não pode ver um inseto distraído voando ao seu redor que sua língua enorme devora o pobre inseto.
Ele vive na Amazônia, mas com os desmatamentos, os lagos acabam secando devido o calor, pois evaporam. Ele estava um dia triste, sem saber o que fazer, onde iria morar. A rã Papoula, sua namorada, tenta animá-lo:_ vamos explorar essa floresta, Sapoti, nós pulamos alto  podemos encontrar algum lago por aí em  bom estado, com água fresca pra gente ficar.
Ele não acreditava muito nisso, mas deu um voto de confiança para ela.
Ambos saíram saltitando o mais alto que podiam para ver se achavam algo e encontraram um pequeno lago, muito distante de onde moravam e chegaram exaustos. Beberam água e descansaram, mas eles mal sabiam que existiam outros seres que viviam la,como o sapo boi, Guru. Houve uma briga para ver quem domina o lugar entre os dois sapos, mas como combinado entre eles, ficaria quem ganhasse e o perdedor iria embora e Sapoti precisou ir embora cabisbaixo e sozinho, Papoula foi presa pelo Guru.
Ele pulou e pulou, mas nada achou e quando viu, estava fora da floresta e havia muitas pessoas, barulho, carros, fumaça, poluição. Ele estava muito assustado.
Onde estou? Ele estava em Manaus. Uma cidade grande e bonita, muito agitada para um simples sapo.
Ele não sabia que pessoas têm nojo e pavor de sapos, outras porém, têm amor ao ponto de tê-los como coleção em pelúcia.
Ele saiu saltitando pela beirada dá rua até encontrar uma porta aberta.
Enquanto isso, Papoula consegue fugir do sapo Guru e procura seu namorado por toda a floresta tentando se esconder ao máximo do sapo boi, mas nada e lágrimas caem do seu rosto de rã.
Sapoti entra em uma casa grande, mas aparentemente vazia, ele pula por toda ela em busca de água para ficar até que encontra um lugar úmido, com pequenas poças de água pelo chão, ele estava no banheiro, recém usado e satisfeito em estar ali, mas ansioso, preocupado. E se alguém o visse lá, o que fariam com ele?
Aline chegou da escola cheia de energia e quando foi tomar banho encontrou seu mais novo amigo e bichinho de estimação. Ela o pegou cuidadosamente e com carinho o pôs numa vasilha de água até comprar um aquário para ele e o apelidou de brochinho, pois sempre que ela voltava da escola ela não se desgrudava dele e vice versa.
Ele estava feliz,agora tinha água para se refrescar e hidratar sua pele, tinha moscas mortas para se alimentar, agora não tinha que gastar sua língua para pegá-los no ar, tinha uma amiga, apesar de sentir falta de Papoula. Ele as vezes se distraia em seu novo lar, o aquário pensando no quanto se sentiu impotente por deixá- la lá com aquele sapo tão metido a valente. Ele prometeu a si mesmo que um dia iria voltar a floresta para buscá-la. Ele ficava triste, mas bastava ouvir os passos ansiosos de sua amiga para ficar contente de novo. Passavam todas as tardes juntos e só se separavam quando ela ia jantar e dormir. Aline tem seis anos, com seus cabelos pretos, lisos e muito compridos, morena, com os dentinhos de leite caindo, como todas as crianças da sua idade.A mãe de Aline ficava contente com amizade deles, mas preocupada com a reação da filha se aquele sapo resolvesse ir embora um dia.
O sonho dele era ter as duas ao lado dele e saiu pulando, Aline o seguia sem entender o que estava acontecendo, sem saber porque seu amigo fugia dela. Quando se deu conta ela já estava dentro da floresta e não sabia voltar para casa sozinha. Ele coachava insistentemente para Papoula ouvi-lo e reconhecê-lo e funcionou, pois ela o ouviu e coachava agudamente até se encontrarem novamente.
Aline chorava de medo, porque se via perdida ali naquela floresta escura,fria, úmida, mas Sapoti sabia o caminho de volta, afinal ele é um sapo e sabe andar naquela floresta com olhos fechados. Ele e Papoula iam a frente e a chorosa garota os seguia,agora se sentindo mais segura do que antes. Quando chegaram a sua casa, havia carros de polícia, seus pais choravam e quando a viu saíram correndo para abraçá-la e verificando se ela estava bem, felizmente nada sofrera.
Aline explicou aos pais e a polícia que seu sapo apenas foi buscar a namorada na floresta e como ela teve medo de perdê-lo, ela o seguiu e depois que ele achou a rã, eles a trouxeram de volta para casa e que agora teria dois amigos.
Entretanto seus pais não mais permitiram aquela amizade, pois temia a segurança da filha outra vez e os fizeram voltar para seus lares. Eles foram embora tristonhos. Ela adoeceu de saudade e tristeza por estar sem seus amigos.
O tempo passou e ela foi melhorando com o passar dos dias... Logo seus pais arrumaram um cachorrinho de estimação e seu ânimo voltou. Ela não esqueceu seus velhos amigos, nem os substituiu, ela apenas seguiu sua vida. Uns saem,outros entram em nossas vidas, faz parte.
 Sapoti e Papoula permanecem na floresta em busca do lago certo para terem seus girinos e formarem família.

DIA DIFÍCIL

 Hoje está tão difícil.  Só queria desaparecer, evaporar como fumaça, e parar de dar trabalho. E ao mesmo tempo eu me sinto tão egoísta.  Te...