sábado, 30 de setembro de 2017

PABLO E CLARA-AMOR PELA DANÇA


Pablo nasceu no interior do Maranhão, numa família grande e humilde, que muitas vezes já passou fome, sem contato com internet, celular ultramoderno, ou roupas da moda. Pablo sonhava quase todos os dias que era um dançarino na academia de dança Bolshoi, um renomado bailarino, mas seus pais sempre diziam que aquilo não era trabalho pra homem, que ele tinha que acordar e trabalhar com o avô, que era sapateiro, que sonhar era perda de tempo e era frustrante, já que sair dali era impossível, visto que não tinham dinheiro pra comprar nem comida, imagina sair dali. Ele ficava muito triste e sua alma se afundava em desesperança.
Um dia o seu amigo Brian falou-lhe sobre um tio que estava vindo de São Paulo para revê-los, revisitar os locais da infância e que agora trabalhava numa escola de dança. Prometeu-lhe que falaria dele para o tio, e então Pablo voltou a ter esperança, que no fundo nunca morrera por completo. Quando o tio de Brian o conheceu e pediu-lhe que dançasse como nos seus sonhos, por incrível que pareça ele dançou com uma leveza e força de tirar fôlego. Parecia algo de Deus. Julio, o tio de Brian, ficou impressionado e conversou com os  pais de Pablo e  os convenceu a deixar o filho ir e investir nos sonhos que nunca devem morrer.
Pablo foi embora no dia seguinte após muito choro e abraços já saudosos. Ele ficou encantado com São Paulo e também amedrontado pelo seu tamanho e perigos. Chegando na escola de dança, que também tinha quartos para alunos que vinham de longe, ele se emocionou com a estrutura, era tudo tão novo para ele, que começou a dançar sem parar, pondo toda sua emoção ali.
Clara o viu e ficou emocionada com a dança dele, pois era lindo como se expressava. Eles ficaram amigos, contaram suas histórias de preconceito, mas ao contrário dele, os pais a apoiavam na dança.
 Ela veio do interior de São Paulo, ficava fascinada com todo tipo de dança desde pequena e vivia dançando pela casa. Começou dançar balé aos quatro anos, tendo que andar de ônibus cerca de quarenta minutos pela rodovia todo fim de semana para dançar. Todavia, ela era diferente das outras meninas, vestia roupa delicada de balé,  mas no dia a dia vestia-se com roupas despojadas, esportivas e largas, tênis ou bota e passou a interessar-se por garotas, o motivo do preconceito que enfrentou até chegar na capital. Ali ela percebia um pouco de preconceito, mas bem menor do que numa cidade do interior. Ali onde ela expressava tudo que sentia e o que queria sentir pela dança. Na verdade seus pais a incentivaram ir para a capital para dançar para não ter tanto falatório e olhares maldosos para a filha. Ela amou a escola de dança, pois ali podia fazer o que mais amava e também encontrou sua namorada, Joany, linda como Clara, mas é mais delicada e meiga. Elas eram muito discretas e respeitosas para com os outros, assim como qualquer casal deveria ser em público, só ficavam juntas no quarto em que dividiam, mas fora dali eram como amigas e todos amavam-nas, mesmo sabendo do relacionamento delas. Pablo e Clara davam-se muito bem, quando precisava de um parceiro de dança, ele era o par perfeito, uma sincronia sem igual. Joany compreendia e tornou-se amiga dele também, embora não tinham a afinidade e sincronia na dança que ele e Clara possuiam.
Um dia a academia Bolshoi passou em algumas escolas de dança em São Paulo para fazerem testes e trazer dois pares para a academia e quando viram os dois pares dançarem logo os classificaram para os testes finais e assim como eles dois certamente passaram, também Joany e Lucas passaram e assim as duas ficariam juntas e Pablo realizaria seus sonhos de todas as noites. Ele se interessava pelas garotas lindas e algumas bem  interessantes que estudavam ali como ele, embora seu foco fosse apenas aproveitar a oportunidade  que estava tendo na academia  dos sonhos: dançar.Grande parte do salário que recebiam ali para estudar dança ele enviava para a família por vale postal pelos correios, visto que os pais não tinham conta no banco.  Ele estava realizado e dançava com a alma para si mesmo e para o mundo com sua parceira de dança, Clara. Ambos torcendo para que suas famílias aceitassem as diferenças, assim como os outros deveriam e esperavam que as pessoas mudassem seus pensamentos e atitudes com os outros. Eles queriam que as pessoas vissem que arte ajuda a acabar com qualquer preconceito.

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