domingo, 19 de setembro de 2021

BELEZA DA COR

 Eu ainda não entendo

Por que existe o racismo?

Sei que está impregnado há muitos anos

Mas quem é melhor do que o outro só por causa de uma cor de pele, sua origem, classe social?

Por que o racismo ainda persiste em pleno século XXI?

O mundo já se transformou tanto.

Quota não existe para inferiorizar ninguém, e sim, para dar uma oportunidade que certamente não dariam devido ao preconceito.

Acho tão bonito uma raça ter tantas tonalidades diferentes.

Aí está a beleza da cor, que acaba incluindo origem, idioma, região, sotaque, cultura... Vixe, são várias coisas.

Olha o Brasil, país da miscigenação. 

Mistura de raças, e tudo o que disse antes.

Mistura que torna as pessoas ainda mais bonitas e diferentes.

Acho tão lindo ver um negro e branco se encontrando.

A mistura interracial torna tudo tão mais especial. seja negro, índio, branco, asiático, indiano.

Por que haver rivalidade?

Para que fazer alguém sentir que está invadindo seu "território", somente porque tem raça diferente da sua?

Seja na arte, no ambiente, profissão.

Não faz sentido!

Você não é melhor que o outro por causa de sua cor, classe social. 

ACORDE!

Cada um tem direito ao seu espaço, seja ele aonde for, 

Direito de ir e vir sem sentir o preconceito dos outros impedi-lo, seja no olhar ou palavras.

 Seguir a carreira que sonha sem ninguém para dizer que você não tem capacidade por ter a cor diferente da maioria naquele lugar.

Queria que vissem a beleza da cor.

O mundo seria bem melhor e as relações seriam mais pacificas, saudáveis.

Utopia? Pode ser

Mas sem dúvida, seria bem maravilhoso se não fosse apenas uma idealização.




SELENA E DINORÁ- AMOR ENTRE MÃE E FILHA


 

 Tenho vivido em uma casa velha e pequena, mas organizada e limpa, um dos ensinamentos de Dinorá, minha mãe, que detestava bagunça e sujeira. Ai de mim se tirasse algo do lugar e não devolvesse na mesma posição, era uma ladainha sem fim. Mãe deixou-me com o mínimo de móveis quando faleceu de um aneurisma.

Agora me sinto completamente sozinha e perdida sem família após perder minha mãe, sem amigas por perto, sem emprego. É um vazio, uma solidão que não consigo explicar com palavras, apenas as lágrimas exprimem tais sentimentos.

A relação entre nós duas nem sempre era fácil considerando personalidades, gostos, modos de pensar tão diferentes; afinal, éramos de gerações distintas, porém, amor, respeito, cumplicidade entre mãe e filha foram prioridades.

 Moro em uma vila com pessoas que me ajudaram como podiam: seja com palavras, comida, um abraço, gestos que mostraram que ambas eram  muito queridas ali e isso confortou um pouco o coração, o aqueceu.

Mãe era uma costureira de “mão cheia”, além de sempre ajudar quem precisasse na vila, pois aquelas pessoas se tornaram nossa família e isto me enchia de orgulho, pela generosidade que via naquela mulher. Ela tinha o instinto de ajudar sem esperar nada em troca. Dinorá era minha companheira e amava passar um tempo com ela. E tentei inúmeras vezes aprender a costurar, mais para poder estar em sua companhia, mas vi que esse talento pertencia a ela, não a mim. Agora preciso saber quem sou, inclusive meu valor, minhas qualidades, defeitos, talentos; enfim, é necessário conhecer a mim mesma e decidir o que fazer da minha própria vida. No momento ainda me encontro perdida em relação a tantas coisas.

Eu tenho procurado emprego, aceitando o que fosse, mas não encontrei nada, pois numa vila como a que moro, é muito difícil achar trabalho. E as preocupações não param de crescer, afinal, as contas não esperam para chegar. A angústia aperta meu peito, que chego ficar sem ar. Ansiedade toma conta de mim. O que vou fazer? A vila era nosso lar, lugar em que vivíamos, compartilhávamos medos, alegrias, e não consigo imaginar sair daqui e conhecer o mundo enorme lá fora. Talvez seja medo do desconhecido.

Nunca fui à cidade grande, pois encontrava tudo o que precisava na vila, por menor que ela seja. Na verdade, não sou uma mulher que compra muito, com sonhos pretensiosos, grandes ambições em um mundo tão capitalista, consumista, tecnológico e ambicioso. Eu estou com dezoito anos, sou ingênua  para as malícias da vida e muito simples, e não pretendo fazer faculdade, só terminei o colegial por insistência de mãe, pois nunca gostei de estudar. No entanto, às vezes nossa vida dá uma chacoalhada para percebermos que precisamos mudar, mesmo que nisto tudo eu precisei perder a minha mãe, meu porto seguro.

Eu não tenho contato com meu pai, pois tinha apenas três anos quando Edson, meu pai, e Dinorá se divorciaram, e ele deixou a casa. Desde então, raras vezes me ligou para saber como eu estava. Eu gosto de astrologia e acho que tem uma relação com quem somos, mas não faço dela meu estilo de vida; e como uma boa canceriana, eu sempre guardei fotos, vídeos que ele gravou da gente antes da família acabar, tirei print das poucas mensagens que me enviou e imprimi só para poder guardar na minha caixa de recordações.

 Mãe estava muito magoada com meu pai quando eu era pequena, pois nunca a apoiou em nada, não acreditou nela, não a ajudava em casa, não queria trabalhar; Dinorá que “bancava” a casa, ele só ficava assistindo TV. Então mãe falava bem pouco sobre ele, mas nunca falou mal dele para mim. Ela acreditava que pai e mãe são para sempre, mas ele que se afastou depois da separação, especialmente após formar uma nova família. 

Meu pai soube da morte de Dinorá e foi ao enterro para me dar um apoio, o que significou muito poder sentir o abraço dele. No entanto, não tenho mais notícias dele desde aquele evento triste, o pior de minha vida.  Não me procura, e quando faço isso, ele me dá desculpas esfarrapadas para não nos vermos. Isso machuca a alma, pois me sinto abandonada, rejeitada devido a um passado ruim dos meus pais, não ter valor para alguém que eu deveria ser prioridade, como os outros dois meio-irmãos são. Estes sim são seu sol. Mulheres influenciam seus parceiros, de forma positiva ou não. Ane é sua mulher, então tirem suas conclusões. Eles estão juntos há quinze anos (ele a conheceu e foi morar com ela poucos meses após a separação, foi o que minha mãe disse) e eu gosto dela, mas não tenho certeza dos sentimentos dela por mim, pois mal conversamos quando nos encontramos, mas ela foi bem simpática e parece cuidar bem dele. Ludmila e Ricardo, meus meio-irmãos são mimados, não me davam atenção quando nos víamos, então prefiro não vê-los novamente.

Eu cresci e durante a infância eu fiz duas amigas, que se tornaram as irmãs que não tive: Brenda e Samira. Nós éramos inseparáveis e nos divertíamos muito. O começo da adolescência também foi bem legal, no entanto, nossas diferenças físicas e de personalidade iam aparecendo, a puberdade nos deixando confusas. Brenda era a mais “danadinha” das três e nos contava tudo o que aprontava e aprendíamos com ela. Depois da morte de mãe, os dias mais tristes para mim foram a mudança delas para Pernambuco, e apòs, pois realmente senti  a solidão bater à porta do coração. Os pais de ambas trabalham em uma empresa que fechou a filial no interior do Ceará devido a crise, então, se quisessem manter o emprego eles precisavam se mudar, e foi o que fizeram.  Nossa despedida foi bem difícil, choramos muito, trocamos pulseiras como símbolo de nossa amizade, que prometemos ser pra sempre.

Hoje nos comunicamos por whatsapp ou redes sociais, as vídeo chamadas são raras. As vidas delas seguiram em frente, então ambas estão fazendo cursos em uma faculdade pública, pois sempre foram estudiosas e tinham planos para o futuro, ao contrário de mim. Eu zoava com as duas chamando-as de nerd, mas sempre levaram numa boa.

Samira sempre foi mais tranquila, meiga, toda delicada, gentil, confiável e sempre pude contar com sua sensatez em assuntos difíceis de conversar. Apesar de seu desejo de seguir uma carreira, ela também sonha em construir uma família, ter vários filhos, uma casa confortável, um lar feliz. Ela sempre foi a mais romântica do grupo.

Brenda é o oposto de Samira em tudo. Pensa em uma mulher que não tem papas na língua, impulsiva e que não faz planos em longo prazo?que vive pintando o cabelo de cores incomuns, gosta de roupas diferentes. Ela fez seu próprio estilo e não liga para o que falam. Uma amiga super animada e disposta para uma festa, que levanta meu astral, me faz sair de casa, mesmo quando a vontade é de ficar na cama. Eu admiro muito o jeito de ser de ambas, elas e eu nos completamos.

Quanto a mim? É difícil me definir, se é que preciso. Sou um pouquinho romântica, risonha, que gosta de desenhar rostos e expressões de pessoas, andar de bicicleta (não pude levar para a capital, então dei para uma vizinha na vila), descobri que gosto de visitar museus, gosto de vários estilos musicais, sou um pouco distraída, falo mais usando as mãos, sem senso de direção nenhum, uma pessoa que precisa ter muito cuidado ao visitas lojas ou ambientes com pecas quebráveis visto que sou  bem desastrada, impaciente, ansiosa e gostaria de ser mais carinhosa em gestos, como: abraços, beijos, porém, não consigo. O meu jeito de demonstrar carinho é tentando ajudar, ouvir, aconselhar, falar o que sinto com cartas ou bilhetes.

Fui para a capital e fiquei no apartamento de uma amiga de Brenda para dividir o aluguel. Agora eu passaria a ter uma nova companhia, mas não era minha mãe. Aquilo deu um aperto em meu coração. Giovana parece ser legal, mas é bem ocupada no seu trabalho de segurança, além de ser livre. Quase não a vejo, exceto nos dias de folga dela. 

Meus dias têm sido procurar por emprego, levar currículos. Ela me ensinou como enviá-los online. Giovana também me explicou sobre como pegar ônibus e metrô (no início ficava bem confusa, me perdia, mas peguei o jeito e me virava sozinha). Tudo é tão longe aqui, e é no mínimo uma hora para chegar ao destino. Espero não demorar para conseguir um trabalho que me ajude a custear tudo isso. Ainda bem que tem a pensão e o aluguel da casa na vila.

Às vezes nem almoço quando saio para procurar serviço (eu quero fazer qualquer coisa, nem que seja temporário). Só andando de um lado para outro, ou no computador, então, no fim do dia me sinto um trapo, mal começo a assistir TV  já durmo.  Até o momento não tive sorte, e já faz um mês que estou aqui nessa loucura de cidade. Eu sei que é difícil confiarem em alguém que chega à sua porta pedindo trabalho, sem experiência e sem recomendação, mas será que essas pessoas, assim como eu, não merecem uma chance, uma oportunidade que seja? Eu não estou aqui a passeio, preciso pagar minhas contas que se acumulam. Às vezes até penso em voltar para a vila, desistir daqui, mas lá não consegui nada também. Eu não quero me decepcionar, ou as minhas amigas, meus vizinhos da vila. O que iriam falar de mim? Eu me detesto por preocupar tanto com a opinião, julgamento alheio, e isso me bloqueia tanto a ser ou fazer o que queria. Minha mãe me ensinou a ser assim e ainda não consigo ser diferente.

Giovana em seu dia de folga só anda de pijama curto ou de calcinha e sutiã, algo que não estou acostumada, além de trazer um homem para seu quarto. É uma tortura, pois nem consigo dormir com os barulhos da cama e gemidos; aquilo tudo me excita muito. Já tentei me tocar na puberdade, mas era tão estranho e parecia errado com minha mãe no quarto ao lado, sem falar que eu tinha medo de estar pecando. Eu sou uma mulher hoje que saiu daquela “bolha” em que vivia e convivo agora  com  uma mulher independente, segura de si em vários sentidos, com um corpo que mesmo fora das medidas padrão das revistas atrai muitos olhares sempre que saímos juntas. Vivo um duelo de sentimentos e pensamentos; não entre o certo e o errado; porque para mim, ambos os jeitos estão certos; mas sim, entre permanecer aquela menina ingênua do interior, ou se abrir a uma nova vida, novas experiências. Hoje eu já me toco e descobri o quanto pode ser gostoso sentir prazer sozinha, apesar de ainda ser um pouco reprimida. Ganhei um vibrador de presente dela, que me ensinou como usar e muitas coisas que nem imaginava aprender, porém, alguns pensamentos sobre pecado ainda me reprimem. Eu sou alta, magra, uma mulata bonita, só hoje eu percebo isso, pois no começo da adolescência em que comecei a me interessar por garotos, nunca me notaram, eu era a "Duff" das duas, como naquele filme, mas nunca afetou nossa amizade, só abalou minha autoestima. Inclusive, eu vi que perdi muito tempo em não procurar uma agência para me tornar modelo, agora estou praticamente velha pra isso. Como disse antes, eu não era ambiciosa ou consumista, mas as coisas vêm mudando de forma tão rápida, que até meu jeito de pensar tem mudado e percebi que sou como  a canção de Raul Seixas, uma “Metamorfose Ambulante”. 

Eu não vejo em mim muito daquela Selena de um ano atrás, só a essência permanece. O que realmente importa, o resto é escolha que faz sentido para o agora e talvez para o futuro.

Ontem em minhas orações eu perguntei à minha mãe se ela está orgulhosa de mim, pelo jeito que tenho me virado, porque se tem uma coisa que sempre quis foi orgulhá-la. Então aproveitei e pedi para me dar uma “mãozinha” lá de cima pra eu arrumar um trabalho, porque está muito difícil achar um. Em um sonho, como em resposta ela apareceu em um campo florido, sentada no banco de madeira sorrindo e disse:

_Sel, meu amor, você está se saindo bem, no entanto, eu me preocupo que esteja se perdendo um pouco neste mundo moderno. Ok, eu sei que precisa se perder para se achar, se conhecer, ter experiências na vida, coisa que você não tinha na vila, até sua fisionomia mudou, não é mais de uma menininha, e sim, de uma mulher. Não se deixe levar demais pelo que sua colega de apê fala ou faz da vida dela, pois você não é todo mundo. Vá à agência Modelo Estrela amanhã, está bem? Lá eles são honestos, e você não está velha para fazer nada que queira. Eu te amo muito, não se esqueça disso nunca. Ela jogou um beijo no ar e desapareceu como mágica.

Eu acordei com uma paz tão gostosa em meu peito que eu não conseguia parar de sorrir, pois me sentia leve por saber que ela estava feliz, e me sentia esperançosa agora. Ela estava tão linda e radiante, dava para sentir sua luz. Há muito tempo eu não sentia bem daquela forma, acho que desde sua morte. Vou pesquisar o endereço da agência e vou lá. E vou escutá-la em relação a Giovana, mãe quer meu melhor.

Algumas horas depois...

Cheguei à agência que mãe me falou em sonho; um lugar bonito sem ostentar muito. Eu então falei com a recepcionista que vim em busca de um trabalho como modelo. Ela liga para alguém que depois de uns minutos aparece e me olha de cima a baixo, me deixando constrangida. Ele então me estende a mão e me cumprimenta:

_ Oi, bom dia. Meu nome é Felipe, sou um dos agentes desta agência Modelo Estrela. Como posso te ajudar...?

_Bom dia. É um prazer, senhor Felipe. Meu nome é Selena Remo, eu tenho dezenove anos, e vim aqui em busca de trabalho como modelo, mas não entendo como funciona. As pessoas sempre me disseram que eu deveria ser modelo pelo meu corpo, e como preciso de trabalho resolvi arriscar.

_ Prazer Selena. Então, pelo jeito você não tem um book. Olha, na verdade não trabalhamos com quem não tem book, mas não sei, sinto que posso te ajudar com isso, e como preciso de mais uma modelo com características como a sua para um comercial, eu farei o book e vou descontando o valor nos trabalhos que conseguir e te dou apenas 10%. O que acha?

_E nesse trabalho, quanto eu ganharia já com o desconto?

_ R$1.200,00. E aí, você topa?

_ Olha senhor Felipe, eu vou ser sincera, eu esperava receber um pouco mais, mas é uma ótima oportunidade, e como o senhor vai me ajudar com o book, eu aceito sim e agradeço muito sua ajuda, o que está fazendo por mim.

_ Então passe seus dados pessoais para Lilian (a recepcionista), por favor, para depois eu fazer o contrato para você assinar. Assim que tudo tiver resolvido te passo os detalhes sobre o que vai fazer. Seja bem-vinda Selena.

_Muito obrigada, senhor Felipe.

Nós apertamos as mãos como para firmar um acordo. Depois passei os dados para Lilian, toda sorridente e grata, e fui me preparar para tirar as fotos do álbum. Ainda bem que me depilei hoje, eu pensei.

Eu estava linda nas fotos, nem me reconhecia... Seja com peças moda-praia, roupas mais casuais, ou muito elegantes. Fiquei até cansada de tanta foto que tirei.

Eu ia trabalhar em um comercial de TV sobre um tipo de calçado baixo, e fiquei muito nervosa no começo, mas depois me soltei. Sr. Felipe gostou muito do resultado e a empresa também. Foi algo bem diferente, mas gostei da experiência. Aquele seria o primeiro de muitos, assim espero.          

Cheguei ao apê radiante, pois assim que o comercial for para a TV, se a empresa conseguir boas vendas haverá uma chance maior de ser chamada para mais trabalhos. Eu já paguei um pouco das contas que se acumulavam.

Nada como honrar nossos compromissos. Como dizia minha mãe: a única coisa que a gente tem é o nome, se o sujar, você não terá mais nada. Essa é uma das coisas que aprendi e sigo, assim como o valor da honestidade.

Brenda e Samira ficaram muito felizes por mim quando liguei contando, pelo menos foi o que disseram. Elas são minha família e ter o apoio, torcida delas é muito importante pra mim. Giovana também ficou feliz por mim e saímos para comemorar. Não é a toa que é amiga de Brenda.

Meu pai soube da notícia quando sua mulher falou com ele que me viu na propaganda e que eu estava diferente, quase não me reconheceu.

_Oi Selena, tudo bem? Ane me disse que te viu numa propaganda. É verdade que está trabalhando como modelo? É um trabalho decente?Não quero minha filha sendo mal-falada.

_Oi pai. Estou ótima, e o senhor? Sim, eu sou modelo agora e o trabalho é tão decente quanto o seu. Eu não acredito que me ligou porque está preocupado com sua reputação, porque a minha que não é. Eu te disse que estava sem trabalho, o que fez por mim?NA-DA!  Eu poderia estar me prostituindo aqui, vendendo drogas, e sabe Deus o que mais pra viver, mas quando que me ligou para saber como eu estava desde que vim pra cá há dois meses? Entendeu direito? Dois meses, paizinho, quer dizer, Edson, porque pai é o que o senhor não é para mim, pelo menos não age como um. O senhor não me liga desde a morte de mãe, nem pra saber se estava viva. Agora que viu que estou na TV vem se fingindo de preocupado com minha integridade? Ha-ha-ha. Obrigada por nem me parabenizar pela minha conquista. Eu realmente não posso contar com o senhor. Esqueça que sou sua filha. Adeus.

Eu desliguei na cara dele e o bloqueei, nem ouvi o que tinha para falar depois. Não me importa mais nada que venha dele. Chorei muito pela decepção.

Se eu achava que eu não tinha família além das meninas, hoje eu tive certeza e isso doeu, mas vai passar. E foi escolha dele que eu não faça parte de sua vida, então só vou respeitar e seguir minha vida sem ele, como sempre foi.

Eu felizmente tenho conseguido alguns trabalhos, e precisei estudar inglês. Sr. Felipe disse que quanto mais eu estudar e aprender coisas novas, como etiqueta à mesa, melhor. Gostar eu não gosto, mas estou me dedicando, pois meu trabalho está em jogo. Ah, com os vários serviços que tenho feito eu já paguei o book, então não tem mais desconto no salário. 

Quando tenho uma folga vou à cidade vizinha encontrar as meninas no shopping, ou às casas delas e colocamos os papos em dia. Esses momentos são tão divertidos. 

Samira tem tentado me convencer a desbloquear e manter contato com meu pai, que ele pode não estar próximo, mas é meu pai, meu sangue. No entanto, ainda não consigo, machuca muito só de lembrar.

Um dia talvez essa ferida se feche e a gente possa construir uma relação razoável, se ele também quiser, claro. 

Eu ainda estou reprimida sexualmente, mas consigo me soltar um pouco mais, especialmente quando fico com um modelo que me interessa. Giovana me ensinou a me amar, me sentir desejável, ser a mulher que quero ser e me orgulhar de quem me tornei.

A minha relação com mãe sempre será especial para mim. Nosso vínculo era inegável e ela está em meu coração aonde eu for. 

Eu ouço sua voz me aconselhar quando o coração está aflito, então faço o que diz e tudo melhora. Eu a amo e amarei eternamente. Serei infinitamente grata pelos anos que passamos juntas. 



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quarta-feira, 15 de setembro de 2021

DESEJO DA CORAGEM

 Queria ser corajosa

Queria não ligar para o que pensam de mim e fazer o que me dá vontade.

Por que a opinião alheia e aparência de ser perfeita é tão importante pra mim?

É um fardo às vezes e bem pesado de carregar.

Queria abandonar umas coisas, ou uma apenas.

Se eu abandonasse, o que mais poderia fazer da minha vida?

Iam me chamar de louca, irresponsável? 

Sem dúvida.

Mas como disse, eu queria ser corajosa.

Não estou sozinha, tem quem dependa de mim, de certa forma.

Não posso fazer o que quiser.

Não quero decepcionar ninguém, nem ser julgada, muito menos por minha mãe, família, amigos.

Eu sou como o leão em O mágico de Oz, mas pelo menos ele conquista a coragem tão almejada.

Será que eu também a terei um dia?

Ou serei essa medrosa durante toda a vida?

Esperar as cenas do próximo capítulo.

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

MEDO E OUTROS SENTIMENTOS

 Sonhos foram cancelados.

Desconfiança

Ansiedade

Medo de sofrer mais uma vez. 

Na verdade, estou cansada de acreditar no amor;

Cansada de ouvir palavras lindas que não dão em nada;

Atitudes são o que realmente importam, mas cadê elas?

Com o passar do tempo o coração se endurece e você deixa a sensibilidade de lado. 

A razão é mais importante que a emoção.

Você até questiona algumas coisas e não entende o porquê.

A sua mãe importa

Seus amigos de verdade importam

As notícias por mais importantes que sejam para o país, não me interessam.

Egoísta? Pode ser.

Acho que às vezes preciso ficar em minha bolha.

Tantos defeitos eu tenho.

Qualidades também... Talvez mais, talvez menos. 

É difícil falar de nós mesmos.

A vida e as coisas que acontecem nos transformam, mexem com a gente;

Seja de forma negativa ou positiva.

Sentimentos... Por que são tão complicados de entender ou saber explicar?


domingo, 5 de setembro de 2021

REENCONTROS

 Rever pessoas que há anos não via.

 É estranho. 

É como ver pessoas desconhecidas de agora que seguiram suas vidas, formaram suas famílias, mas que você conviveu por anos, muito tempo atrás.

E ao mesmo tempo uma sensação boa de voltar ao passado.

Fotos, memórias divertidas, histórias, risadas...

Diferenças é melhor deixá-las lá atrás.

Pra quê lembrar de coisas que não fazem mais sentido trazer à tona hoje?

Somos outras pessoas.

Nós crescemos, vivemos muitas coisas, a gente se tornou adultos guerreiros do dia a dia... 

Homens e mulheres que tomaram seus caminhos e amadureceram.

É hora de sorrir e relembrar o que valeu a pena, o que nos uniu antes. Agora serão novas histórias para serem escritas e deixadas para a posteridade.


DIA DIFÍCIL

 Hoje está tão difícil.  Só queria desaparecer, evaporar como fumaça, e parar de dar trabalho. E ao mesmo tempo eu me sinto tão egoísta.  Te...