domingo, 24 de setembro de 2017

STEFANY


Stefany é uma jovem diferente. Assim que ela descobriu mais sobre si mesma resolveu se assumir como era ou queria ser; pintou suas mechas de roxo e azul, suas cores favoritas, usava cores fortes nas roupas, como vermelho, preto, azul escuro, roxo, amarelo, pouco se importando com moda ou críticas.
Tiffany é sua irmã mais nova e totalmente diferente em personalidade, mas fisicamente eram muito parecidas. Baixas, gordinhas, pele morena, lábios carnudos, cabelo cacheado e bochechas rechonchudas. Stefany cortou seu cabelo de forma assimétrica e raspou uma lateral do cabelo. Bem moderna para quem não liga para moda. Ela usava só shorts curtos com desfiados, camiseta de malha preta com estampas de animais ou de heavy metal e só calçava tênis. Ela era até estilosa, mas em nada agradava seus pais aquele estilo tão estranho.
Seu dia a dia era ir a faculdade de artes plasticas, pois amava pintar seus quadros, era lá que ela se mostrava quem era; ouvir suas musicas  favoritas no fone de ouvido, ver filmes de terror aterrorizantes e comédias, ficar com garotos como ela, escrevia em seu diário virtual, com senha que andava com ela onde fosse.
Ela não tivera carinho nem atenção quando criança, embora ela soubesse que seus pais precisassem trabalhar muito para sustentar as filhas, pagar as contas mensais.
Sua imagem externa nunca mostrou exatamente quem ela era, mas sim, quem gostaria de ser, ousada, interessante, corajosa. Na verdade, ela era sim, muito corajosa, não é qualquer  um que teria coragem de fazer o que ela fez com seu visual, sabendo que  nao agradaria e seria julgada por  isso.  Ela não é risonha e brincalhona, ou tão querida como a Tiffany. Ela é quieta, triste na alma, até tem vontade às vezes de brincar com alguém, mas tem medo de não ser compreendida. No fundo, ela evitava dizer o que pensava ou sentia, pois percebia que ninguém estava a fim de ouvir ou saber. É como se o que ela tivesse para dizer não valesse nada para os outros, não acrescentaria em nada na vida de alguém, mas eram importantes para ela, então guardava para si. As duas irmãs não tinham nenhuma ligação ou afinidade, exceto o mesmo sangue. Viviam cada uma por si, em seus mundos particulares. Por ser quieta, reservada e gordinha, ela era praticamente invisível onde quer que fosse, especialmente na faculdade. Como ela tinha apenas dezessete anos, no  começo do primeiro semestre a chamavam para ir as festas da faculdade e seus pais não permitiam, alegando que lá teria muita bebedeira e drogas, sexo e eles não queriam ela perto desse tipo de coisa, então seus colegas simplesmente a excluiram de seus grupos de amigos. Ela se sentia só, sentia que ninguém se importava de fato com ela, pois os pais sequer conversavam com ela, mal os via no fim de semana. Ela tinha medo de ir a essas festas, ouvia falar de tantas coisas ruins, como boa noite cinderela que ela mesmo as evitava, só saía mesmo com os pais quando raramente acontecia. Tiffany às vezes saía escondida dos pais para as festinhas com as amigas e voltava bem tarde, mas antes dos pais acordarem. Ela era bem esperta, ou pelo menos se achava assim. Stefany às vezes invejava a irmã por ser tão independente e tão sociável aos quinze anos. Ela se sentia carente de tudo, mas não saia por aí pedindo ou impondo nada a ninguém. Afinal, carinho e amor não se pede,  apenas merece e recebe. E ela sentia que não merecia nada, pois não recebia. Talvez fosse culpa dela mesmo por ser como é e ninguém sequer a notar, ou simplesmente era drama de adolescente. Ela não sabe, mas espera que um dia ela consiga ser diferente, ser como ela gostaria de ser e receber o que merece.

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