domingo, 23 de agosto de 2020

VALESCA E O PODER DOS LIVROS


Valesca é uma mulata com olhos cor de mel. Ela chama atenção com sua educação e beleza onde quer que vá.
Valesca ama ler.
Ela já leu livros digitais, mas não lhe traz a mesma vontade de ler como quando pega um livro e passa seus dedos pela capa dura ou não e vai sentindo a textura das folhas, o cheiro daquelas páginas, que dependendo do livro até sente a poeira invadindo suas narinas quando o abre; o seu único desejo è devorar para ver o que acontecerá em seguida, porém, quando chega ao fim dá certo vazio em sua alma. Valesca às vezes briga com os personagens, torce por alguns, quer estar lá para ela mesma acabar com outros. Os livros a fazem fugir de uma realidade dura desde a infância. Ela lê desde biografias, romance policial ou não até aqueles de ficção cientifica. O que importa è a historia, o quanto aquilo a prende, mas se não fisgá-la ela simplesmente o abandona, assim como fizeram com ela.
Valesca foi abandonada pela mãe na maternidade logo que nasceu e passou alguns meses na maternidade, onde recebeu leite materno doado, recebeu carinho também das enfermeiras e também seu nome registrado. Uma das enfermeiras sempre lia para ela no berçário, pois Julia via que era importante para o bebê. Quando Val foi para o abrigo chorava muito, pois sentia muita falta do carinho das enfermeiras. Ela cresceu sem um pouco de afeto, pois lá havia muitas outras crianças para aquelas mulheres cuidarem com muito rigor. Ela fez uma amiga, Patricia, elas não se desgrudavam, quando as responsáveis deixavam, porem a amiga foi adotada aos quatro anos.   
Valesca se sentiu muito solitária após a partida da sua amiga, pois era sempre deixada de lado. Ela começou a ler os livros de história que as professoras lhe faziam ler na escola e viajava. Nunca foi adotada, e isso a fazia sentir-se mais  rejeitada e abandonada pela vida. Depois de arrumar o abrigo junto com as outras crianças ela ficava lendo algum dos livros que pegava na biblioteca.
Ela saiu do abrigo aos dezoito anos e arrumou trabalho de empregada doméstica graças a uma das cuidadoras, que a indicou a uma família conhecida; ela dormia na casa. Eles não a tratavam com carinho ou como parte da família, era apenas uma serviçal.
Várias vezes ela molhava seu travesseiro com lágrimas, fazendo-a se sentir desmerecedora de amor, afeto. Val se sentia um nada, um lixo.
Um dia ela conheceu Cristóvão no mercado onde fazia as compras da casa, que a fez sentir-se amada e feliz, porém ela morria de medo de ser só um sonho bom e tudo aquilo acabar com mais um abandono.
Ele era caixa no mercado e ela ainda era empregada doméstica, mas não pretendia trabalhar ali pra sempre. Val contou para ele seu sonho e ele a apoiou a seguir seu sonho,afinal a vida é um risco. Ambos fizeram um empréstimo a fim de abrirem a livraria na sua cidade, pois assim ela estaria mais perto da sua paixão, os livros. Eles trabalhariam juntos e obstinados a vencer os desafios e superarem seus passados tão dolorosos. Felizmente onde moravam havia vários leitores que tem o amor pelos livros, assim como ela e a livraria começou a dar lucro depois de um tempo. Foi dificil, porém com muito sacrifício eles foram pagando o empréstimo e ela foi morar com ele e sua família ( eles a receberam como uma filha), já que não a deixaram morar lá sem trabalhar para eles. As coisas estavam caminhando bem. Ela era uma mulher de muita fé em Deus, pois tudo que tinha enquanto morava no abrigo e na outra casa eram sua fé e as histórias que lia nos livros. Ela casou-se e estava feliz, e seu medo do abandono foi embora aos poucos. Ela nunca quis conhecer sua família biológica, ela conseguiu a sua.






DIA DIFÍCIL

 Hoje está tão difícil.  Só queria desaparecer, evaporar como fumaça, e parar de dar trabalho. E ao mesmo tempo eu me sinto tão egoísta.  Te...