quarta-feira, 20 de março de 2019

CABULI

Cabuli é um peixe que se parece muito com o Nemo, mas ele é maior, ou melhor, mais comprido. Ele adorava brincar de quem chega primeiro na superfície do mar.
Ele tem até um amigo tubarão-martelo filhote, que se chama Pontudo.
Eles já haviam se deparado com vários objetos que  humanos usam na praia e que acabam chegando no fundo do mar, devido a falta de cuidado com o meio ambiente.
Um dia Cabuli estava brincando de esconde esconde com seus amigos quando estava passando por uma pedra e sentiu algo o prendendo. Ele pediu ajuda. Socorro! Estou preso. Quanto mais se mexia, mais preso ele ficava naquele saco plástico.
Seus amigos foram tentar tirá-lo dali, mas foi em vão. Nem o Pontudo conseguiu ajudar o amigo.
Todos estavam frustrados e tristes.
Cabuli choramingava baixinho e pensava: Será que vou morrer aqui? Será que ninguém vai me tirar daqui?
No outro dia pela manhã já dormindo depois de ter tentado diversas vezes se livrar daquela coisa.
Para sua sorte apareceu um mergulhador, que se aproximou dele e disse que apenas iria ajudá-lo a sair dali. Cabuli tremia de medo e ansiedade. Não via a hora de estar livre de novo. O mergulhador cuidadosamente foi cortando o saco plástico até o peixe estar finalmente livre ( eles andam preparados, afinal, nunca se sabe quando vão precisar), guardou o pedaço consigo para não correr o risco de nenhum outro animal comer e morrer engasgado, ou se prender mais vez.
Cabuli dava piruetas de felicidade e sentia-se tão grato por ser salvo. Ele rodeou o moço por várias vezes e este entendeu o agradecimento,  sorriu e disse:_ Vá peixinho. Você está livre agora.
Cabuli nadou e foi para sua família todo alegre, enquanto o mergulhador catava o lixo que encontrava e colocava em um saco, antes de voltar a superfície.
Hoje não só Cabuli, mas os outros peixes estão tomando mais cuidado  e o mergulhador passou a conscientizar mais e mais pessoas sobre a  importância da reciclagem, sobre não sujar as praias e assim o lixo não vai parar no mar trazendo risco para os animais que moram lá. Afinal, todos nós dependemos um do outro, só nos resta cuidar de onde vivemos e de quem vive conosco.

segunda-feira, 4 de março de 2019

SAMUEL E A DESCOBERTA

Samuel é um jovem rapaz de uma gentileza e educação que encanta a todos, mas também tem uma forte personalidade, especialmente quando o deixam nervoso ou quando quer  muito algo.
Sam estuda moda,  pois seu sonho e talento para ser estilista levaram-no para seguir  tal carreira. Porém, ele tem outros hobbies, como tocar violão e fotografar paisagens e a vida cotidiana. Ele é um moreno alto, magro, com um topete que atiça as garotas onde quer que vá e até alguns rapazes.
Ele atrai muitas atenções sempre que chega aos lugares que costuma frequentar, como pubs com música ao vivo onde às vezes toca para ganhar um dinheiro e assim ajudar seus pais. Ele, porém, vive um grande conflito em seu coração quando deita em sua cama.
_Será que gosto de homem ou de mulher?
 As belas mulheres me atraem, me fazem querer beija-las e tocá-las, mas é o Josh que faz meu coração disparar, mexe comigo sempre que o vejo e minhas pernas tremem. Será que isso é amor, ou só confusão da idade?
Às vezes ele perde o sono pensando nisto e tentando acabar com esse conflito que só aumenta com o passar dos dias.
No entanto, em um dia frio Josh ligou para Sam afim de assistirem a série  La casa de Papel e quando os dois estavam assistindo a série a mão de Josh segurou a de Sam, este ficou nervoso e olhou para ele e os olhares se encontraram, um clima mais romântico aconteceu, quando os lábios de Josh encostaram nos lábios do outro rapaz seus olhos se fecharam e Sam não teve mais dúvidas de que estava amando aquele garoto e queria ficar com ele sempre e curtiu o beijo. Seus conflitos sobre quem era chegaram ao fim. Como contar aos seus pais? Deixou isso para depois e preferiu ficar com Josh mais vezes até ter coragem de contar. Ele agora sabia quem era. Ele era Samuel, um rapaz que se amava pelo que descobrira agora, amava Josh, desenhar, fotografar coisas que o inspiravam ainda mais a ser o que quisesse.

domingo, 3 de março de 2019

LÍDIA- CONTINUAÇÃO

Uma semana após sua formatura do ensino médio ela se despediu dos familiares e da chácara, pois não sabia quando voltaria ali.
Lídia viajou com o pouco de roupas que tinha e com o pouco dinheiro que os pais economizaram por anos. Ela viajou para o Rio de Janeiro, onde sua primeira parada foi a praia de Copacabana, lugar que ela nunca tinha ido antes e ficou impressionada. Ela pisou na areia quente e correu para a beira do mar, onde sentiu a água bater em seus pés  e saboreou a água salgada. Que lugar lindo! Foi o que ela disse e foi procurar uma pensão ou albergue até conseguir um trabalho. Ela batia nas portas das casas procurando trabalho e muitos bateram com a porta na cara dela e um dia, já bem chateada e chorando pediu a Deus ajuda, pois não queria fazer nada que ofendesse seus pais nem queria voltar. Não queria desistir ainda.
Ela se instalou em uma pensão e saía todo dia atrás de trabalho. Lídia achou uma lanchonete onde faxinava e ajudava a fazer os salgados. Ela comprou umas apostilas mais baratas e estudava para concurso público em seu quarto com afinco todas as noites e horas vagas. A moça conseguiu passar e assim que foi convocada ligou para os pais dando a notícia. Ficaram muito orgulhosos dela e a parabenizaram.
Ela está feliz e realizada agora trabalhando na previdência social. Lídia alugou um pequeno apartamento onde pagava suas contas e ainda depositava uma pequena quantia de dinheiro para mandar para os pais. Enfim, com o passar do tempo ela juntou o dinheiro que os pais tinham lhe dado e mais um pouco, devolveu-lhes e depois disso economizava o que podia para viajar e viver como sonhava. A solidão era difícil. Sentia muita falta da família e chorava em seu quarto sonhando com as férias para reencontrar os pais, irmãos, parentes e a chácara. Rio era lindo, mas muito perigoso e muitas vezes preferia passar suas horas de descanso no apartamento ao invés de passear e correr risco de morte. Ela tirou férias e foram os dias mais alegres de sua vida na chácara, e um dia passeando na cidade para visitar os tios ela encontrou Jonas, seu primeiro amor. Seu coração ainda batia forte por ele. Ele estava ainda mais bonito e atraente. Ela estava uma mulher linda, bem diferente daquela moça tímida e recatada ,que ele sequer notava na escola. Ele não a conheceu e ela não fez questão de dizer quem era. Não era importante agora. Eles conversaram, riram e depois de tomarem um sorvete ele a deixou na casa da tia e a beijou. Foi seu primeiro beijo e com ele. Ela nem acreditava. Eles se encontraram até o dia da viagem dela de volta ao Rio. Eles passaram a namorar a distância e como ele era farmacêutico não podiam se encontrar com frequência. Quando ele foi visitá-la eles tiveram sua primeira noite juntos. Foi um pouco doloroso, mas também ele foi bem carinhoso. Foi uma noite especial para ambos. Eles estavam apaixonados e ele foi morar com ela até conseguir trabalho numa farmácia no bairro dela. Ela o convenceu a estudar para passar num concurso público na área dele e ele esforçou tanto que passou. Eles agora estão felizes juntos e o plano deles é viajar em um cruzeiro para a Europa. Enfim, Lídia estava feliz e realizada.

sexta-feira, 1 de março de 2019

LÍDIA

Era um dia nublado e todos na casa de Lídia estavam conversando de forma descontraída entre seus pais e parentes que foram fazer uma breve visita e buscá-la. Era um domingo preguiçoso após o almoço e a conversa corria sem pressa. De repente a chuva começa a cair de um jeito calmo e exalando no ar o cheiro de terra úmida. Lídia correu para vislumbrar a chuva pelo peitoril da janela do quarto que compartilhava com Luíza, sua irmã caçula, que no momento brincava de desenhar com os irmãos maiores. Ela ficava fascinada com a chuva caindo tranquilamente no gramado ( pensando que num futuro próximo aquelas gotas deixariam o gramado verde e florido) e no barulho que causava ao tocar no telhado; sem raios ou relâmpagos, trovões, que sempre acabavam por assustar Luiza e os irmãos gêmeos, Luca e Jordano, de seis anos, ruivos com pequenas sardas, assim como sua mãe.
Lídia estudava na cidade durante a semana, onde morava com os tios e nos fins de sexta-feira eles a levavam para a chácara onde sua família morava, uns cinquenta quilômetros da cidade. Lugar onde ela podia subir na mangueira para saborear uma suculenta manga rosa, ou catava as jabuticabas que caiam da jabuticabeira, enquanto sonhava com seu futuro marido, seu colega, Jonas, mas que sequer a notava devido tantas garotas chamarem sua atenção e ela ser tímida, vestir de um jeito mais simples e recatado. Um jeito ainda de menina, não de uma moça de quinze anos, como era.
Jonas é um rapaz que na primeira impressão se mostra um tanto presunçoso, convencido devido sua beleza e riqueza da família, mas quem o conhece de verdade sabe que ele é mais profundo e interessante e ela sente isso, apesar de nunca ter tido a mínima oportunidade de ter trocado uma palavra com ele. Ela sonha com seus diálogos mais profundos, discussões sobre assuntos em comum, almas compartilhadas, sorrisos e olhares que se encontram vez ou outra, dedos que se entrelaçam enquanto conversam e os corações batendo forte. Ela acreditava que eles eram feitos um para o outro, mas que Jonas ainda não a tinha reconhecido. Apesar de todos esses sonhos ou ilusões, a jovem nunca contara para ninguém, pois achava que ririam dos seus sentimentos e pensamentos. Ela não tinha amigos na escola, nem fora. Nos intervalos das aulas e dos afazeres na casa da tia, seu lazer eram os romances que pegava na biblioteca municipal. Ela ama ler e viajar nas histórias. Quando tem um tempo também gosta de escrever em seu diário, este que ela descrevia seus sentimentos mais puros e sinceros sobre Jonas, a família, a vida no geral. Eram sentimentos  muitas vezes de solidão e tristeza por não ter amigos; de dor, porque em certas horas nem ela acreditava que seu primeiro amor se tornaria realidade.
Na verdade, a maioria dos primeiros amores nunca se tornam realidade, só ficam na nossa lembrança como algo inocente e infantil. Uns dois anos atrás Lídia passeava pela rua sem rumo, apenas pensando na sua vida, no seu futuro, tão distraída que quase foi atropelada por uma moto, se não fosse a buzina despertá-la e fazê-la dar uns passos para trás ainda assustada com o coração quase para sair pela boca.
Ela voltou correndo para a casa dos tios e ficou o resto do dia quieta, ela contou para sua tia Marina, irmã de sua mãe o que aconteceu naquela tarde quando voltava da escola e Marina a repreendeu para ter cuidado e não ficar tão distraída, que seu futuro era ajudar sua mãe até o dia do casamento e ensinar aos filhos os deveres de casa, nada mais. _Pare de sonhar com bobeiras, garota! Assim que acabar os estudos eu te levo para morar com seus pais novamente, até que encontre um filho de algum vizinho da chácara de seus pais para casar.
A garota prometeu ter mais cuidado e pediu licença para voltar ao quarto e lá choramingava imaginando um futuro igual da mãe; muito cansativo e entediante, sem maiores expectativas.
Lídia queria estudar mais, queria namorar como qualquer moça da idade, mas queria viver, conhecer o mundo que a mãe nunca chegou a conhecer e não ser apenas uma  esposa com casa e filhos para cuidar. Era  um futuro limitado  demais para ela e não aceitaria isso.
No sábado seguinte ela conversou com a mãe e disse que pretende viajar para a capital quando terminar os estudos, que os ama muito, mas sonha um futuro diferente para ela, nesse ínterim ela até esqueceu de Jonas. Sua mãe ficou chocada, mas aceitou e disse que conversaria com seu Roberto, pai de Lídia, e depois lhe dariam um parecer. A jovem ficou ansiosa o resto do fim de semana e durante a semana inteira, a ponto de não conseguir se concentrar nas aulas, embora seja ótima aluna.
No sábado seguinte seus pais lhe deram a aprovação e ela prometeu-lhes não decepcioná-los enquanto estivesse fora. Ela já estava com saudade, com medo e muita alegria pela perspectiva de sua nova vida no próximo ano.
Ela viveu o resto do ano com dedicação aos estudos, apreensão pelo que viveria e saudade da família, dos pomares, da chuva caindo no telhado...

Próximo ano...

DIA DIFÍCIL

 Hoje está tão difícil.  Só queria desaparecer, evaporar como fumaça, e parar de dar trabalho. E ao mesmo tempo eu me sinto tão egoísta.  Te...