sábado, 25 de dezembro de 2021

FIM DE ANO

 Mais um fim de ano chegou.

Uns acharam que ele passou muito rápido, enquanto outros pediam pra ele acabar logo e a vida voltar ao normal logo.

Ano difícil para a maioria.

Seja devido a perdas de pessoas amadas; seja de bens materiais.

Uma economia louca, com inflação no teto nos fazendo gastar um absurdo com os preços nas alturas.

No entanto, ao redor da mesa nos reunimos com pessoas importantes pra nós.

 Seja super arrumados, ou com pijama; com roupa de ficar em casa, mas tínhamos  o principal:  sentimentos como gratidão por estarmos vivos e termos saúde, paz. 

Uns agradecem por terem o mínimo que seja no prato pra sobreviver; 

Outros, uma fartura para compartilhar; 

Outros nem comida têm nesses dias, mas mesmo assim têm sentimentos bons dentro deles.

 Ali à mesa podemos  celebrar as conquistas, o nascimento de Cristo, a vida, e desejarmos com todo o coração e fé, que o próximo ano será bem melhor que os últimos dois anos. 

Uns celebram com família, amigos, parceiro(a); 

Outros procuram a espiritualidade, seja na religião ou fora dela para refletir sobre o que passou e orar pelo futuro. 

Outros simplesmente vão dormir para esquecer tudo que passaram e sofreram nesse ano; 

Uns para ver se a fome passa;

 Ou simplesmente por falta de ânimo, cansado o suficiente para comemorar.  

Não importa o que fizemos ou faremos nestes últimos dias de dezembro.

O que não pode faltar é esperança e fé que ano que vem seremos pessoas melhores (nos esforçaremos para isto) e que tudo irá melhorar.

É o que nos resta: Esperança.


quarta-feira, 24 de novembro de 2021

AMAR NAO É SUFICIENTE

 Eu ainda amo alguém.

Talvez por isso tenha fechado o coração.

Descobri há pouco tempo algo sobre o amor.

Amar não é suficiente se:

Só um dos dois ama. Você não pode amar por dois.

A outra pessoa não te quer, se não tem reciprocidade.

Se só você procura.

Se um não quer, dois não ficam.

Por mais que ame:  insistir, se humilhar,chorar não vai fazer a pessoa querer ficar com você, ela vai te desprezar e se afastar mais e mais.

Tem hora que mesmo tendo um sentimento desse dentro de si, é melhor sair de cena pra não perder o resto de dignidade que ainda tem.

Segue sua vida. 

Amor próprio é o único AMOR que deve correr atrás pra não perder NUNCA.

O outro não vai te amar do dia pra noite como mágica.

A vida não é um filme de Hollywood.

Amar é bom, mas só vale a pena lutar por ele se ambos sentirem a mesma coisa um pelo outro.

Se não for assim, sai de fininho. Seu amor próprio agradece.

domingo, 21 de novembro de 2021

CORAÇÃO FECHADO

 Coração que se fechou.

Ele se fechou para o amor;

Para decepções, ilusões.

Ele cansou de acreditar em n coisas.

Parei de sonhar, de pedir algo a Deus para mim.

Só agradeço e peço pelos que precisam.

Só acordo e vivo um dia de cada vez...Trabalho e casa.

Ansiedade que faz ranger os dentes.

Range tanto que se torna uma dor absurda.

Enlouquecedor, desesperador, na verdade.

Não desejo para o pior inimigo, se eu tiver um.

Paciência com homem sem assunto, que não quer nada além de... Está ZERO!

Se sou egoísta ao fechar as portas do coração eu não sei, mas é o que preciso agora.





sábado, 20 de novembro de 2021

ZIRINOK NA TERRA


 

Zirinok é um alienígena do planeta Mastuk, próximo a estrela Ursa Maior. Mastuk é um planeta minúsculo, com poucos habitantes, com arcos iluminados em diversas cores, emitindo uma luz tão intensa que poderia cegar quaisquer seres vivos, afastando assim, possíveis ameaças. O chão de seu planeta era todo quadriculado e colorido. Um lugar cheio de vida, onde as flores tinham sabor de frutas, embora eles não soubessem disso, já que não sabiam o que é fruta. O alimento deles se assemelhava ao siri, mas o gosto era de uma castanha. Um planeta ainda desconhecido pelos astrônomos, que o viam como uma estrela.

Agora falando de Zirinok... Ele é um adolescente, cheio de curiosidade, ansioso, embora tenha milhares de anos. Seus pés e mãos são como blocos, porém, numa textura emborrachada. Zirinok tem apenas um olho, de onde saem raios, no caso de precisar se defender, porém, ele ainda não precisou usar essa defesa. Seu cabelo é feito de fiapos coloridos de um material indescritível, e apontados para várias direções. Esse aliem tem um botão na barriga, que quando apertado mais de uma vez pode transportá-lo para o futuro; e um aperto; para o passado.   Zirinok tem paixão por conhecer outros planetas, pois seus pais lhe contaram sobre alguns, inclusive a Terra, e ele ficou fascinado. Eles eram os chefes de Mastuk. No entanto, seus pais não achavam que o filho estava preparado para sair do planeta deles. Era preciso maturidade e saber como se proteger antes de dar um passo tão perigoso para Ziri e todo o planeta.

Ziri conseguiu fugir de seu planeta entrando numa cúpula, onde ele colocou sua “mão” em uma esfera prateada e desejou ir ao planeta Terra, então a cúpula o transportou para o lugar desejado no presente. Ele ficou abismado com o tamanho e comparou com o seu, e olha que não tinha visto quase nada. Zirinok desconhecia emoções, sentimentos... Até aquele momento.

 Aquelas criaturas eram tão diferentes dele e do seu povo, ele pensou. Zirinok se aproximou de uma criança, e tentou perguntar onde estava, mas ele falava o idioma de seu planeta, portanto, a criança não entendeu nada e saiu correndo. Ele entrou na cúpula, afinal, não poderia deixá-la ali. O aliem apertou o botão e voltou ao passado, em 1960 e apertando novamente a esfera, Ziri desejou falar o idioma daquele lugar para se comunicar, e se parecer como uma pessoa.

As coisas eram ainda mais diferentes do que no presente, sejam as pessoas e suas roupas, os lugares, os comportamentos delas, então ia registrando imagens em seu cérebro com seu ultra mega arquivo mental. Zirinok estava extasiado com tanta coisa nova e bonita que via.

Em Mastuk seus pais estavam preocupados com o sumiço do filho. Onde ele está? Ele nunca saiu daqui, não sabe se proteger, pelo menos era o que pensavam.

Ziri nem se lembrava dos pais, só queria conhecer o máximo que pudesse daquele planeta tão distinto do seu. Ele então resolveu ver o futuro dali e viajou para 2050 e seu choque foi ainda maior, pois havia mais destruição, as pessoas brigando, e então Zirinok sentiu algo que não soube descrever, mas sentiu uma profunda tristeza com a mudança das pessoas e de tudo que viu no presente e passado.

Ele voltou ao presente e ali conheceu Thomaz, um garotinho muito tímido, inseguro e sentado todo encolhido no banco, de cabeça baixa. Ziri resolveu aproximar-se e perguntar o que houve,  Aquele menino levantou o olhar e olhou para Ziri, que apesar de falar no idioma  do menino, tinha um som estranho, tipo robotizado e fez uma pergunta ao aliem:

_Por que você fala assim?

_Porque as pessoas são diferentes com suas histórias de vida, somos  únicas, e isso é muito bom. Como você chama? E olhava com curiosidade para aquela criança. Ele não podia dizer ainda que era um ser de outro lugar. 

_Eu me chamo Thomaz e ninguém gosta de mim, nem meus pais. Eles só trabalham e não ficam comigo, quando estão em casa nem me veem, só ficam no celular.  As outras crianças me xingam de rolha de poço laranja, só porque sou mais gordinho que eles, e tenho o cabelo laranja, ruivo, cheio de manchas no rosto, corpo. E você, como chama?

_Zirinok. O coração desse aliem encheu-se de amor e compaixão por aquele menino, que parecia tão triste.

_Zirinok? Thomaz riu. Que nome engraçado. Por que seus pais te deram esse nome? Eles falam com você?

_Falam sim. Onde moro as pessoas têm nomes parecidos com o meu. O que é celular?

_Celular é um aparelho que dá pra ligar e falar com uma outra pessoa que está longe de você, mandar mensagem, com internet você pode pesquisar qualquer coisa, ver vídeos, postar fotos para o mundo todo ver. Acho que por ter tanta coisa legal no celular, eles  se esquecem de mim.

__Você quer que eu seja seu amigo?

O menino saltitava de alegria, e fez Zirinok transbordar de paz e querer vê-lo feliz todos os dias. 

Ele não era assim antes de chegar àquele planeta e  se sentia estranho, sentia coisas inexplicáveis e muito boas.

Às vezes Zirinok mostra-se para Thomaz como realmente é, e sempre o impressiona. É um segredo entre eles.

O garotinho se transforma quando está com Zirinok, pois se solta, se torna falante, risonho. Enfim; uma criança feliz.

Thomaz ia à escola desanimado e voltava sorrindo, pois agora tem um motivo pra voltar para casa:seu amigo.

Ziri transformava tudo a sua volta, deixa o mundo a sua volta com uma cor diferente.

Seus pais estavam a procura dele jà desesperados, até se lembrarem do espelho mágico e o encontraram através de um deles espalhados no planeta, do tipo que você vê e localiza o que quiser.

Eles o viram com outra aparência e com um menino. Seus pais perceberam em Zirinok alguém que não conheciam até então, e se perguntaram se alguém poderia mudar tão rápido.

Os pais se transportaram para o quarto do garoto e assustaram o filho. A criança felizmente tinha saído com os pais dele.

_Pai, mãe, o que estão fazendo aqui?Como me acharam? Eles conversaram na língua de Mastuk.

_Nós temos nossos métodos e sabe disse, Zirinok. E você, porque fugiu? E o que está fazendo com aquele pequeno humano e nessa aparência? Você nos deixou desesperados. Disse sua mãe.

_ Vocês sabiam da minha vontade de expandir meus horizontes, conhecer, explorar outros planetas. Desculpem- me por fugir e preocupá-los. Aquele garoto se tornou meu amigo, ele se chama Thomaz, e é um menino muito solitário, sem amigos, e eu senti algo por ele que não sei descrever em palavras, mas vê-lo daquele jeito me deixou triste. Ele está começando a fazer amigos na escola e isso me alegrou, será que é esse o meu propósito no mundo?Tenho tentado colorir as coisas que estavam cinzentas por aqui. Eu coloquei essa aparência e falo no idioma deles para evitar problemas.

Seus pais o abraçaram e disseram que possivelmente aquele era seu propósito, mas precisava voltar a Mastuk, lá era seu lar e de sua família.

_ Mãe, pai, eu sei que preciso voltar, mas preciso passar uns dias com Thomaz pra ele se sentir mais confiante, seguro com ele mesmo e então me despedirei.

Seus pais concordaram e se foram.

Thomaz chorou muito  ao se despedir de Zirinok, que prometeu voltar a Terra de vez em quando para visitá-lo.

Uma amizade verdadeira e secreta, pois se descobrissem Ziri, poderiam fazer algo contra ele ou seu planeta. E o garoto, que hoje é um homem, não suportaria perder seu primeiro amigo.

Thomaz se formou em Engenharia Agrícola e hoje trabalha na área, tem amigos, namora, tem uma relação melhor com os pais, enfim;sua vida agora é inimaginável se lembrarmos do passado triste e solitário de um menino tímido.

 A amizade entre Thomaz e Zirinok permaneceu por  vários anos. Uma relação sólida e sincera, mesmo vivendo em planetas diferentes.

Zirinok permanece com seu proposito de ajudar várias crianças fazendo amizade com elas e trazendo mais autoconfiança, segurança para serem o que são.



 

 

 

 

 


quarta-feira, 27 de outubro de 2021

LUTAS

 Enfrentamos lutas diárias todo santo dia.

Você, eu, nós.

Cada um tem sua luta interior e as lutas em comum, como a maioria.

Lutamos para levantar da cama depois que o despertador toca e queremos dormir mais uns 5  minutinhos.

Luta para enfrentar os obstáculos do dia, que muitas vezes não são poucos e bem difíceis.

Lutamos para nos mantermos vivos e saudáveis, especialmente com esta pandemia a solta.

Luta para ter o corpo que desejamos e não cedermos sempre às tentações.

Luta para não desistir de tudo a todo momento.

Luta para pagar as contas e viver comendo menos do que gostaria, com tudo tão caro a nossa volta.

Luta contra os próprios impulsos para não transbordar, e não agredir pessoas a nossa volta, seja fisicamente ou em palavras. Mas que dá vontade às vezes, isso dá.

Luta para tentar melhorar como pessoa.

Luta para conviver com os próprios conflitos, traumas, insegurança e superá-los ou não.

Nossa vida é mesmo cheia de lutas que não acabam enquanto não chegamos ao fim.

 Ou se você cansa e desiste de tudo antes da hora.

Não é nada fácil lutar sem parar, é exaustivo às vezes. 

O desejo é de sentar e esperar a onda nos levar.

Chega o dia seguinte e algo nos faz querer enfrentar tudo mais um pouco. 

Loucura? 

Não sei, mas precisamos seguir em frente, com gratidão no coração e sorriso no rosto, mesmo cansados de lutar.

Na vida há coisas boas além das lutas, podem parecer muito poucas, mas são o que nos fazem levantar da cama e agradecer por mais um dia.

É assim com todo mundo. 

Você não está sozinho (a).

Se estiver demais, tome um dramin, descanse o corpo e a mente por umas horas e depois... Bola pra frente. 

Mais lutas te esperam para você vencê-las.

Você consegue.


sábado, 16 de outubro de 2021

BRENDA E A AUTOACEITAÇÃO

 

                   

Brenda nasceu em uma fazenda, onde seu pai era o caseiro. Quando tinha seis anos ela perdeu seu amado pai por causa de um infarto fulminante. 
Brenda sofreu muito com a perda, pois ele havia lhe ensinado tudo o que sabe sobre a vida e a fazenda. 

Passaram-se quinze anos e Brenda tornava-se uma bela mulher com suas sardas, pele clara, gordinha, aparelho nos dentes, quadril largo, coxas grossas... Porém, tudo isso não a fazia sentir-se menos bonita, ou menos atraente do que as outras mulheres. Sua autoconfiança deixava-a linda, sexy, e atraia muitos olhares. 

Ela sofria por deixar a mãe sozinha na fazenda, pois nunca tinham se separado, mas precisava seguir o que pensava ser seu sonho e iria estudar agronomia na capital, que ficava longe dali. Felizmente na faculdade havia dormitórios para os alunos que não moravam na cidade.

No segundo semestre ela percebeu que aquele curso não tinha a ver com ela e o trancou enquanto não se descobria.

Sua mãe pensava que ela deveria continuar o curso, já que sabia tudo sobre a fazenda e a agronomia ajudaria ainda mais. No entanto, Brenda sempre teve personalidade forte e quando decidia uma coisa, raramente mudava de ideia. Sua mãe via apenas como teimosia. Elas sempre foram diferentes e às vezes discutiam muito. Brenda e Ana se pareciam apenas fisicamente, mas no resto a jovem era igual ao seu pai.

A moça passou a se conhecer mais para descobrir o que fazer do seu futuro e um dia ajudando sua irmã mais velha em um trabalho artesanal descobriu que não queria fazer faculdade. Ela começou fazer enfeites, decorações para festas infantis e passou a amar o que fazia. Suas encomendas começaram a aumentar e Ana chamava-a de louca por largar a faculdade para fazer aquilo. 

Brenda percebeu que nem sempre é preciso fazer faculdade para fazer o que gosta e ter sucesso. Sucesso para ela  era ter foco,
 dedicação, responsabilidade e realizar tudo com amor. 

Em uma das festas em que foi decorar próximo à fazenda, ela conheceu Douglas. Ele era o pai da criança e solteiro desde a morte de sua namorada há uns dois anos.

No dia seguinte ele ligou para ela.

Douglas a elogiou pela decoração, enfeites e a chamou para sair no sábado.

Eles se deram muito bem, mas ela pediu para irem devagar, mesmo porque ele tinha um filho e tinha que prepara-lo caso chegassem a ter algo mais serio.  Ela não queria que Lorenzo a visse como uma intrusa, alguém que queria tirar o pai dele; ou atrapalhar a relação dos dois.

Ela havia perdido o pai muito cedo e sentiria algo parecido se a mãe arrumasse um namorado na época.
Ele começou a menosprezá-la com o passar dos dias, pois a verdade era que assim como a maioria das pessoas, ele pretendia mudá-la em relação ao corpo, às roupas, para se adequar ao que ele desejava... Eles conversaram sobre como ela se sentia, ele prometeu mudar, mas nada mudou. 
Brenda cansou e lhe disse que a conheceu assim, que se sentia bem como estava e agora quem não o queria mais era ela, e que não precisava passar por aquilo.
A relação entre eles chegou ao fim, pois aquela mulher se amava e se autoaceitava, não permitindo que ninguém a dissesse como deveria ser, ou fazer, ou o que usar.

Quanto a Douglas? Ele infelizmente continua querendo mudar as suas parceiras, que muitas vezes, devido a baixa autoestima elas mudavam tanto que perdiam suas identidades, e então ele as deixava. No entanto, a ligação com Lorenzo estava cada dia mais forte.

Espera-se que no futuro aquele garotinho não siga o exemplo de seu pai, que faz tantas jovens se sentirem um nada depois que as deixa sem amor próprio, sem a personalidade que tinham e sem o brilho.

 Ela simplesmente seguiu sua vida e estava feliz com seu trabalho e corpo, apesar da relação com sua mãe não ser das melhores. Ela se amava, e continuava procurando um homem que a amasse como merece, apenas aceitando-a e vice-versa.

 

terça-feira, 12 de outubro de 2021

AMOR MADURO


      

Iris é uma mulher madura que ficou viúva ainda muito jovem, devido a um câncer que o marido teve, e sua vida virou de cabeça pra baixo. Ela precisou ajustar coisas na sua nova rotina, como por exemplo, passou a se preocupar com as contas de casa e ir à casa lotérica para pagá-las, pois ele que lidava com isso, assim como levar os filhos à escola, ou ir ao mercado. Sem falar na responsabilidade de ser na época e para sempre, mãe e pai, mas sem pretensão de substituir o pai deles.

Iris e Daniel (este era o nome do marido, com quem ela foi casada por doze anos) tiveram dois meninos, João e Diego, que hoje estão com vinte e dezoito anos.  Ainda tão crianças lidaram com algo tão difícil para superar, a morte de alguém que amavam tanto.

Seis meses antes de Dan adoecer...

Dan tinha suas imperfeições, e uma delas era exigir a perfeição de si mesmo e dos outros, principalmente de João, o mais velho, pois queria o melhor para o filho, queria vê-lo dando o melhor de si, mas aquele garoto ainda não entendia, ele só tinha oito anos, o que deixava o menino ansioso, exigindo muito de si mesmo, para não decepcionar o pai. No entanto, Daniel também era um pai carinhoso, amigo e muito engraçado, brincava com eles de bola, soltavam pipa, brincavam de carrinho, lutinha nos fins de semana. Aqueles eram os melhores momentos para todos, pois sempre que podiam eles se divertiam em família e esqueciam seus problemas.

A doença

Logo que começaram as dores no abdome e nenhum remédio natural ter resolvido, Iris o levou ao médico e então a luta começou com exames caros para descobrirem o diagnóstico, medicações às vezes na veia para passar as dores (eles começaram a fazer rifa para ajudar a pagar tudo, tiraram as crianças da escola particular para minimizar os gastos). Infelizmente o resultado não foi o que esperavam (na verdade, eles tinham fé que fosse algo simples e rápido para ele melhorar), pois Daniel estava com câncer no intestino, que já estava se espalhando para outros órgãos mais rápido do que o médico previra. O médico o encaminhou ao oncologista para começar o tratamento no SUS.

Assim que o oncologista viu os exames pediu-lhes para iniciar imediatamente a quimioterapia e a radioterapia para tentarem uma melhora mais eficaz. Os efeitos colaterais iam surgindo, assim como o sofrimento de Iris e Daniel aumentavam. Infelizmente o tratamento não estava tendo o resultado esperado, ao contrário, parecia que se espalhava pelo corpo todo cada vez mais rápido, no que deu em algumas internações de urgência. Ela mal dormia, porque ele não dormia mais a noite (certamente com medo de não acordar), usava sonda para se alimentar, fazer necessidades, usava fraldas, alimentação diferenciada e tudo isso custava muito e iam se virando.  A saúde dele deteriorava com uma velocidade incrível e angustiante de ver. Ela precisou sair do trabalho para cuidar dele, e decidiu mandar os filhos para a casa da irmã, que os levava à escola, e também para não verem o pai naquela situação. Enquanto isso, Iris ficava alerta 24 horas, ou pelo menos tentava; pois qualquer reação diferente tinha que levá-lo ao hospital. Como não tinham mais tratamento para ele, era só dar-lhe uma vida, ou um fim mais digno. Iris se encontrava exausta, a única coisa que ainda lhe restava era pedir a Deus por socorro (ela o deixava com sua mãe para cuidar dele enquanto ia à igreja para desabafar com Deus, chorar, estar entregue a Ele, já que na presença do marido ela precisava ser forte, animada), para dar-lhe força e assim conseguir transmitir um pouquinho de esperança, fé e ânimo para Daniel, que ela sentia que estava desistindo de lutar.

 Na igreja ela pensava em tanta coisa: Daniel era o amor de sua vida, o que faria se o perdesse? Como seguir adiante se ele não resistir? Ela pedia a Deus para não deixá-lo sofrer mais, aquilo a estava matando também. Iris sentia toda sua energia sendo sugada, esvaindo do seu corpo, mas não podia "jogar a toalha", visto que seus filhos estão pequenos e precisam dela, ele ainda precisa dela. Enquanto pensava e pedia por misericórdia, seus olhos aflitos estavam fixos na cruz do altar e as lágrimas caiam no rosto devido ao cansaço; medo de perdê-lo, de não dar conta; pela tristeza de vê-lo naquela situação e mesmo fazendo tudo o que estava ao seu alcance, ela se sentia impotente.

 Dan passou a assistir a desenhos com os meninos, colorir com eles, queria aproveitar ao máximo a companhia dos filhos, pois sentia que não iria vê-los crescer. Apesar de terem o pai perto maior parte do tempo, por ele não conseguir mais trabalhar, eles eram crianças e queriam fazer o que sempre fizeram com Dan, como correr, pular, etc. João, o mais velho começou a perceber como o pai estava mal e perguntou a sua mãe o que estava acontecendo com o pai. Ela lhe disse que o pai deles estava muito doente e precisava que eles dessem carinho para ele, se comportassem mais, fizessem menos bagunça e compreendessem que ela não poderia dar-lhes muita atenção ou ficar cuidando da casa, pois Daniel precisava dos cuidados dela o tempo todo e abraçou o filho. Ambos choraram no quintal.

_Está bem, mãe. Eu entendo e vou falar com Diego. Eu te amo.

 Ele a abraçou com força.

_Obrigada por entender, filho. Não queria que passassem por isso, mas nem sempre dá pra evitar certas coisas. Eu também te amo muito, assim como o Diego.

Ela beijou sua cabeça.

Iris ligou para Ivy e lhe pediu para ficar com as crianças por um período. Ela explicou a situação e a irmã aceitou de coração ficar com eles, pois os amava, eram seus únicos sobrinhos e Iris precisava de ajuda.

No dia seguinte Ivy foi buscá-los e os meninos choraram muito ao se despedirem dos pais; enfim, todos choraram especialmente Daniel, já que não sabia se os veria de novo. Ele entendia que os meninos ficarem com a cunhada iria tirar um pouco da sobrecarga de Iris, mas sentiria muita falta deles. Seu coração estava apertado e muito triste. Ele não queria se tornar um peso para todos, um problema, e enquanto ela lavava a roupa, ele sofria calado, já que não conseguia mais chorar, rir, nem enxergava direito por causa daquelas células malditas que já alcançaram seu cérebro.

Alguns dias depois...

Ele piorou muito, parecia estar com falta de ar e Iris desesperada chamou a ambulância e foi com ele para o hospital. Ele já no oxigênio apertava a mão dela e a olhava. 

Iris sentia que estava na hora de seu marido partir, o beijou na testa com os olhos marejados de emoção, e disse-lhe:

_Dan, eu te amo tanto. Você é o amor da minha vida, e sou grata por ter passado esses anos com você,   por ter te conhecido e termos formado uma família linda juntos. Só que não vou te prender aqui nesse mundo sofrendo, não seria justo. Pode ir em paz e descansar, eu vou cuidar das crianças. Ela tirou a máscara de oxigênio e tocou os lábios dele.

 Ele balbuciou algumas palavras inaudíveis, mas ele não precisava dizer nada, pois ela sentia seu amor e gratidão. Aquele era o seu Dan, o homem mais amoroso e leal que conheceu depois de seu pai. 

 Daniel parte depois de cinco meses lutando e deixa uma mulher apaixonada, de coração despedaçado; dois meninos lindos e uma saudade inimaginável.  Após algumas horas o funeral acontece com familiares, as crianças que foram se despedir do pai, e amigos já sentindo a falta que ele fazia.

Dez anos depois...

Iris já com seus quarenta e seis anos, alguns fios brancos (ela sempre pinta, pois aparência no seu trabalho como vendedora é importante), linhas de expressão marcam seu rosto. Uma mulher ainda bonita, mas de olhar triste, com um sorriso que por mais que finja, não tem mais a alegria de antes.

João com vinte anos faz curso técnico de enfermagem à noite e durante o dia é recepcionista em um hotel. Um rapaz alto e moreno como o seu pai, mas que engordou muito (o que afetou sua autoestima) após a morte do seu herói.

Diego foi o único que “aparentemente” não foi atingido por aquele passado, talvez por ser o caçula, e não ser cobrado como o irmão. Ele trabalha como assistente contábil, è mais baixo que o irmão, magro e com um sorriso lindo, conquistando assim as meninas da faculdade (ele faz contabilidade) e tirando vantagem disso. O que ninguém sabe, nem mesmo sua família è que ele tem pesadelos horríveis quase todas as noites com a morte do pai, a doença dele, às vezes sonha que ele está doente no lugar e acorda com o coração quase saindo pela boca e batendo muito forte, até tomar seu remédio para dormir, que esconde na mochila. Ele tem uma raiva interior tão intensa que não sabe explicar, então decidiu praticar o boxe, para tentar por aqueles sentimentos para fora e também para não descontar em quem não merecia. Diego não tem coragem de contar para ninguém, pois não quer se sentir fraco diante de ninguém.

Orgulho?Medo? Possivelmente os dois juntos, mas ele sentia que precisava ser forte por sua mãe e incentivar seu irmão a procurar ajuda. Embora João nunca o escutasse, ou simplesmente não sentia energia suficiente para correr atrás de nada.

Os filhos encorajavam Iris a procurar um grupo de apoio e brincavam que ela podia arrumar um namorado lá e ela resistindo, visto que nunca deixaria de amar Daniel.

 Ela pesquisou sobre o dia e foi a uma sessão de pessoas que perderam entes queridos. Onde conheceu muitas pessoas, entre elas, Dorival, um homem inteligente, bem-vestido, pouco mais velho que seu marido. Ele perdeu a esposa há vinte anos, e depois disso tudo perdeu a cor.  Estava ali há dois meses para tentar devolver as cores perdidas, assim como todo mundo dali. Apesar de se sentir estranha ali, aquilo estava lhe fazendo bem.  Era consolador saber que não estava sozinha na sua dor e solidão. Iris pensou em levar João, mas conhecia o filho, e sabia que ele nunca iria.

Em uma das sessões ela desabafou e contou sua historia com as lágrimas tocando tua face, nisso Dorival toca seu braço e aperta levemente como forma de apoio e um olhar de compaixão que ela não via há muito tempo, como se ele soubesse exatamente como se sentia. Ela deu um sorriso tímido de agradecimento.

Naquele mesmo dia...

Ele a chama no privado e conta sua história, tão triste como a dela, pois a esposa dele havia morrido com a mesma doença e durou mais de um ano. Ela soube naquele momento que conseguiu um amigo que sentia o mesmo que ela.

Eles passaram a se encontrar além das sessões, iam ao cinema, restaurantes, museus, compartilhavam suas vidas e um dia ele a surpreendeu com um beijo.

Ela se assustou e foi embora. Na cama Iris não tirava o beijo de sua cabeça. Ela vivia em um conflito angustiante, por um lado o queria, pois retribuiu o beijo; por outro lado, sentia  como se estivesse traindo o marido, sentia-se culpada e aquilo durou dias.

Quando Diego foi embora ( ela disfarçou bem e não lhe disse nada), ela mandou um áudio para Dorival pedindo desculpa pela reação, que estava muito confusa e para se afastarem por uns dias. 

Ele respondeu que entendia e que respeitaria, mas que ela mexia muito com ele, a primeira mulher depois de tantos anos. 

Iris também percebeu que não tinha como negar que ele também mexia muito com ela e passou a sentir paz.

Ela voltou a frequentar o grupo depois de duas semanas ausente. A sua volta foi comemorada com muitos abraços e palmas. 

Dias depois.

João e Diego durante o jantar lhe disseram que ela merecia ser feliz de novo, que aceitavam que encontrasse alguém. Que seria difícil para eles no começo, mas ela estava sozinha há tanto tempo, que merecia uma boa companhia. Iris então contou-lhes sobre Dorival, e por mais que não gostassem da novidade, eles a apoiaram a encontrá-lo.

Íris ligou para Dorival e conversaram muito, então ela o convidou para saírem. 

_ Convidando um homem para sair? Você está moderna, hein? Vai pagar a conta também, ou dividir? Ambos riram.

_ Não é pra tanto, ainda acho importante o cavalheirismo. Você paga. Eles riram de novo.

Era tão fácil a conversa entre eles. Talvez até mais do que com Daniel, mas ela nunca se esquecerá dele, assim como Dorival não se esquecerá da sua falecida esposa, Morgana, mas precisam seguir em frente.

Iris voltou a se cuidar mais; seus olhos e sorriso passaram a ter brilho novamente. Ela parecia mais jovem e feliz.

Seus filhos parecem ter renovado as energias deles, como se ver a mãe deles feliz dava-lhes motivos para seguir em frente também. João foi ao nutricionista e estava se exercitando. Diego foi buscar um terapeuta. Tem um longo caminho para seguir, mas nenhum deles desistirá de ser feliz, assim como Iris.

 

 

 

 

 

 




domingo, 19 de setembro de 2021

BELEZA DA COR

 Eu ainda não entendo

Por que existe o racismo?

Sei que está impregnado há muitos anos

Mas quem é melhor do que o outro só por causa de uma cor de pele, sua origem, classe social?

Por que o racismo ainda persiste em pleno século XXI?

O mundo já se transformou tanto.

Quota não existe para inferiorizar ninguém, e sim, para dar uma oportunidade que certamente não dariam devido ao preconceito.

Acho tão bonito uma raça ter tantas tonalidades diferentes.

Aí está a beleza da cor, que acaba incluindo origem, idioma, região, sotaque, cultura... Vixe, são várias coisas.

Olha o Brasil, país da miscigenação. 

Mistura de raças, e tudo o que disse antes.

Mistura que torna as pessoas ainda mais bonitas e diferentes.

Acho tão lindo ver um negro e branco se encontrando.

A mistura interracial torna tudo tão mais especial. seja negro, índio, branco, asiático, indiano.

Por que haver rivalidade?

Para que fazer alguém sentir que está invadindo seu "território", somente porque tem raça diferente da sua?

Seja na arte, no ambiente, profissão.

Não faz sentido!

Você não é melhor que o outro por causa de sua cor, classe social. 

ACORDE!

Cada um tem direito ao seu espaço, seja ele aonde for, 

Direito de ir e vir sem sentir o preconceito dos outros impedi-lo, seja no olhar ou palavras.

 Seguir a carreira que sonha sem ninguém para dizer que você não tem capacidade por ter a cor diferente da maioria naquele lugar.

Queria que vissem a beleza da cor.

O mundo seria bem melhor e as relações seriam mais pacificas, saudáveis.

Utopia? Pode ser

Mas sem dúvida, seria bem maravilhoso se não fosse apenas uma idealização.




SELENA E DINORÁ- AMOR ENTRE MÃE E FILHA


 

 Tenho vivido em uma casa velha e pequena, mas organizada e limpa, um dos ensinamentos de Dinorá, minha mãe, que detestava bagunça e sujeira. Ai de mim se tirasse algo do lugar e não devolvesse na mesma posição, era uma ladainha sem fim. Mãe deixou-me com o mínimo de móveis quando faleceu de um aneurisma.

Agora me sinto completamente sozinha e perdida sem família após perder minha mãe, sem amigas por perto, sem emprego. É um vazio, uma solidão que não consigo explicar com palavras, apenas as lágrimas exprimem tais sentimentos.

A relação entre nós duas nem sempre era fácil considerando personalidades, gostos, modos de pensar tão diferentes; afinal, éramos de gerações distintas, porém, amor, respeito, cumplicidade entre mãe e filha foram prioridades.

 Moro em uma vila com pessoas que me ajudaram como podiam: seja com palavras, comida, um abraço, gestos que mostraram que ambas eram  muito queridas ali e isso confortou um pouco o coração, o aqueceu.

Mãe era uma costureira de “mão cheia”, além de sempre ajudar quem precisasse na vila, pois aquelas pessoas se tornaram nossa família e isto me enchia de orgulho, pela generosidade que via naquela mulher. Ela tinha o instinto de ajudar sem esperar nada em troca. Dinorá era minha companheira e amava passar um tempo com ela. E tentei inúmeras vezes aprender a costurar, mais para poder estar em sua companhia, mas vi que esse talento pertencia a ela, não a mim. Agora preciso saber quem sou, inclusive meu valor, minhas qualidades, defeitos, talentos; enfim, é necessário conhecer a mim mesma e decidir o que fazer da minha própria vida. No momento ainda me encontro perdida em relação a tantas coisas.

Eu tenho procurado emprego, aceitando o que fosse, mas não encontrei nada, pois numa vila como a que moro, é muito difícil achar trabalho. E as preocupações não param de crescer, afinal, as contas não esperam para chegar. A angústia aperta meu peito, que chego ficar sem ar. Ansiedade toma conta de mim. O que vou fazer? A vila era nosso lar, lugar em que vivíamos, compartilhávamos medos, alegrias, e não consigo imaginar sair daqui e conhecer o mundo enorme lá fora. Talvez seja medo do desconhecido.

Nunca fui à cidade grande, pois encontrava tudo o que precisava na vila, por menor que ela seja. Na verdade, não sou uma mulher que compra muito, com sonhos pretensiosos, grandes ambições em um mundo tão capitalista, consumista, tecnológico e ambicioso. Eu estou com dezoito anos, sou ingênua  para as malícias da vida e muito simples, e não pretendo fazer faculdade, só terminei o colegial por insistência de mãe, pois nunca gostei de estudar. No entanto, às vezes nossa vida dá uma chacoalhada para percebermos que precisamos mudar, mesmo que nisto tudo eu precisei perder a minha mãe, meu porto seguro.

Eu não tenho contato com meu pai, pois tinha apenas três anos quando Edson, meu pai, e Dinorá se divorciaram, e ele deixou a casa. Desde então, raras vezes me ligou para saber como eu estava. Eu gosto de astrologia e acho que tem uma relação com quem somos, mas não faço dela meu estilo de vida; e como uma boa canceriana, eu sempre guardei fotos, vídeos que ele gravou da gente antes da família acabar, tirei print das poucas mensagens que me enviou e imprimi só para poder guardar na minha caixa de recordações.

 Mãe estava muito magoada com meu pai quando eu era pequena, pois nunca a apoiou em nada, não acreditou nela, não a ajudava em casa, não queria trabalhar; Dinorá que “bancava” a casa, ele só ficava assistindo TV. Então mãe falava bem pouco sobre ele, mas nunca falou mal dele para mim. Ela acreditava que pai e mãe são para sempre, mas ele que se afastou depois da separação, especialmente após formar uma nova família. 

Meu pai soube da morte de Dinorá e foi ao enterro para me dar um apoio, o que significou muito poder sentir o abraço dele. No entanto, não tenho mais notícias dele desde aquele evento triste, o pior de minha vida.  Não me procura, e quando faço isso, ele me dá desculpas esfarrapadas para não nos vermos. Isso machuca a alma, pois me sinto abandonada, rejeitada devido a um passado ruim dos meus pais, não ter valor para alguém que eu deveria ser prioridade, como os outros dois meio-irmãos são. Estes sim são seu sol. Mulheres influenciam seus parceiros, de forma positiva ou não. Ane é sua mulher, então tirem suas conclusões. Eles estão juntos há quinze anos (ele a conheceu e foi morar com ela poucos meses após a separação, foi o que minha mãe disse) e eu gosto dela, mas não tenho certeza dos sentimentos dela por mim, pois mal conversamos quando nos encontramos, mas ela foi bem simpática e parece cuidar bem dele. Ludmila e Ricardo, meus meio-irmãos são mimados, não me davam atenção quando nos víamos, então prefiro não vê-los novamente.

Eu cresci e durante a infância eu fiz duas amigas, que se tornaram as irmãs que não tive: Brenda e Samira. Nós éramos inseparáveis e nos divertíamos muito. O começo da adolescência também foi bem legal, no entanto, nossas diferenças físicas e de personalidade iam aparecendo, a puberdade nos deixando confusas. Brenda era a mais “danadinha” das três e nos contava tudo o que aprontava e aprendíamos com ela. Depois da morte de mãe, os dias mais tristes para mim foram a mudança delas para Pernambuco, e apòs, pois realmente senti  a solidão bater à porta do coração. Os pais de ambas trabalham em uma empresa que fechou a filial no interior do Ceará devido a crise, então, se quisessem manter o emprego eles precisavam se mudar, e foi o que fizeram.  Nossa despedida foi bem difícil, choramos muito, trocamos pulseiras como símbolo de nossa amizade, que prometemos ser pra sempre.

Hoje nos comunicamos por whatsapp ou redes sociais, as vídeo chamadas são raras. As vidas delas seguiram em frente, então ambas estão fazendo cursos em uma faculdade pública, pois sempre foram estudiosas e tinham planos para o futuro, ao contrário de mim. Eu zoava com as duas chamando-as de nerd, mas sempre levaram numa boa.

Samira sempre foi mais tranquila, meiga, toda delicada, gentil, confiável e sempre pude contar com sua sensatez em assuntos difíceis de conversar. Apesar de seu desejo de seguir uma carreira, ela também sonha em construir uma família, ter vários filhos, uma casa confortável, um lar feliz. Ela sempre foi a mais romântica do grupo.

Brenda é o oposto de Samira em tudo. Pensa em uma mulher que não tem papas na língua, impulsiva e que não faz planos em longo prazo?que vive pintando o cabelo de cores incomuns, gosta de roupas diferentes. Ela fez seu próprio estilo e não liga para o que falam. Uma amiga super animada e disposta para uma festa, que levanta meu astral, me faz sair de casa, mesmo quando a vontade é de ficar na cama. Eu admiro muito o jeito de ser de ambas, elas e eu nos completamos.

Quanto a mim? É difícil me definir, se é que preciso. Sou um pouquinho romântica, risonha, que gosta de desenhar rostos e expressões de pessoas, andar de bicicleta (não pude levar para a capital, então dei para uma vizinha na vila), descobri que gosto de visitar museus, gosto de vários estilos musicais, sou um pouco distraída, falo mais usando as mãos, sem senso de direção nenhum, uma pessoa que precisa ter muito cuidado ao visitas lojas ou ambientes com pecas quebráveis visto que sou  bem desastrada, impaciente, ansiosa e gostaria de ser mais carinhosa em gestos, como: abraços, beijos, porém, não consigo. O meu jeito de demonstrar carinho é tentando ajudar, ouvir, aconselhar, falar o que sinto com cartas ou bilhetes.

Fui para a capital e fiquei no apartamento de uma amiga de Brenda para dividir o aluguel. Agora eu passaria a ter uma nova companhia, mas não era minha mãe. Aquilo deu um aperto em meu coração. Giovana parece ser legal, mas é bem ocupada no seu trabalho de segurança, além de ser livre. Quase não a vejo, exceto nos dias de folga dela. 

Meus dias têm sido procurar por emprego, levar currículos. Ela me ensinou como enviá-los online. Giovana também me explicou sobre como pegar ônibus e metrô (no início ficava bem confusa, me perdia, mas peguei o jeito e me virava sozinha). Tudo é tão longe aqui, e é no mínimo uma hora para chegar ao destino. Espero não demorar para conseguir um trabalho que me ajude a custear tudo isso. Ainda bem que tem a pensão e o aluguel da casa na vila.

Às vezes nem almoço quando saio para procurar serviço (eu quero fazer qualquer coisa, nem que seja temporário). Só andando de um lado para outro, ou no computador, então, no fim do dia me sinto um trapo, mal começo a assistir TV  já durmo.  Até o momento não tive sorte, e já faz um mês que estou aqui nessa loucura de cidade. Eu sei que é difícil confiarem em alguém que chega à sua porta pedindo trabalho, sem experiência e sem recomendação, mas será que essas pessoas, assim como eu, não merecem uma chance, uma oportunidade que seja? Eu não estou aqui a passeio, preciso pagar minhas contas que se acumulam. Às vezes até penso em voltar para a vila, desistir daqui, mas lá não consegui nada também. Eu não quero me decepcionar, ou as minhas amigas, meus vizinhos da vila. O que iriam falar de mim? Eu me detesto por preocupar tanto com a opinião, julgamento alheio, e isso me bloqueia tanto a ser ou fazer o que queria. Minha mãe me ensinou a ser assim e ainda não consigo ser diferente.

Giovana em seu dia de folga só anda de pijama curto ou de calcinha e sutiã, algo que não estou acostumada, além de trazer um homem para seu quarto. É uma tortura, pois nem consigo dormir com os barulhos da cama e gemidos; aquilo tudo me excita muito. Já tentei me tocar na puberdade, mas era tão estranho e parecia errado com minha mãe no quarto ao lado, sem falar que eu tinha medo de estar pecando. Eu sou uma mulher hoje que saiu daquela “bolha” em que vivia e convivo agora  com  uma mulher independente, segura de si em vários sentidos, com um corpo que mesmo fora das medidas padrão das revistas atrai muitos olhares sempre que saímos juntas. Vivo um duelo de sentimentos e pensamentos; não entre o certo e o errado; porque para mim, ambos os jeitos estão certos; mas sim, entre permanecer aquela menina ingênua do interior, ou se abrir a uma nova vida, novas experiências. Hoje eu já me toco e descobri o quanto pode ser gostoso sentir prazer sozinha, apesar de ainda ser um pouco reprimida. Ganhei um vibrador de presente dela, que me ensinou como usar e muitas coisas que nem imaginava aprender, porém, alguns pensamentos sobre pecado ainda me reprimem. Eu sou alta, magra, uma mulata bonita, só hoje eu percebo isso, pois no começo da adolescência em que comecei a me interessar por garotos, nunca me notaram, eu era a "Duff" das duas, como naquele filme, mas nunca afetou nossa amizade, só abalou minha autoestima. Inclusive, eu vi que perdi muito tempo em não procurar uma agência para me tornar modelo, agora estou praticamente velha pra isso. Como disse antes, eu não era ambiciosa ou consumista, mas as coisas vêm mudando de forma tão rápida, que até meu jeito de pensar tem mudado e percebi que sou como  a canção de Raul Seixas, uma “Metamorfose Ambulante”. 

Eu não vejo em mim muito daquela Selena de um ano atrás, só a essência permanece. O que realmente importa, o resto é escolha que faz sentido para o agora e talvez para o futuro.

Ontem em minhas orações eu perguntei à minha mãe se ela está orgulhosa de mim, pelo jeito que tenho me virado, porque se tem uma coisa que sempre quis foi orgulhá-la. Então aproveitei e pedi para me dar uma “mãozinha” lá de cima pra eu arrumar um trabalho, porque está muito difícil achar um. Em um sonho, como em resposta ela apareceu em um campo florido, sentada no banco de madeira sorrindo e disse:

_Sel, meu amor, você está se saindo bem, no entanto, eu me preocupo que esteja se perdendo um pouco neste mundo moderno. Ok, eu sei que precisa se perder para se achar, se conhecer, ter experiências na vida, coisa que você não tinha na vila, até sua fisionomia mudou, não é mais de uma menininha, e sim, de uma mulher. Não se deixe levar demais pelo que sua colega de apê fala ou faz da vida dela, pois você não é todo mundo. Vá à agência Modelo Estrela amanhã, está bem? Lá eles são honestos, e você não está velha para fazer nada que queira. Eu te amo muito, não se esqueça disso nunca. Ela jogou um beijo no ar e desapareceu como mágica.

Eu acordei com uma paz tão gostosa em meu peito que eu não conseguia parar de sorrir, pois me sentia leve por saber que ela estava feliz, e me sentia esperançosa agora. Ela estava tão linda e radiante, dava para sentir sua luz. Há muito tempo eu não sentia bem daquela forma, acho que desde sua morte. Vou pesquisar o endereço da agência e vou lá. E vou escutá-la em relação a Giovana, mãe quer meu melhor.

Algumas horas depois...

Cheguei à agência que mãe me falou em sonho; um lugar bonito sem ostentar muito. Eu então falei com a recepcionista que vim em busca de um trabalho como modelo. Ela liga para alguém que depois de uns minutos aparece e me olha de cima a baixo, me deixando constrangida. Ele então me estende a mão e me cumprimenta:

_ Oi, bom dia. Meu nome é Felipe, sou um dos agentes desta agência Modelo Estrela. Como posso te ajudar...?

_Bom dia. É um prazer, senhor Felipe. Meu nome é Selena Remo, eu tenho dezenove anos, e vim aqui em busca de trabalho como modelo, mas não entendo como funciona. As pessoas sempre me disseram que eu deveria ser modelo pelo meu corpo, e como preciso de trabalho resolvi arriscar.

_ Prazer Selena. Então, pelo jeito você não tem um book. Olha, na verdade não trabalhamos com quem não tem book, mas não sei, sinto que posso te ajudar com isso, e como preciso de mais uma modelo com características como a sua para um comercial, eu farei o book e vou descontando o valor nos trabalhos que conseguir e te dou apenas 10%. O que acha?

_E nesse trabalho, quanto eu ganharia já com o desconto?

_ R$1.200,00. E aí, você topa?

_ Olha senhor Felipe, eu vou ser sincera, eu esperava receber um pouco mais, mas é uma ótima oportunidade, e como o senhor vai me ajudar com o book, eu aceito sim e agradeço muito sua ajuda, o que está fazendo por mim.

_ Então passe seus dados pessoais para Lilian (a recepcionista), por favor, para depois eu fazer o contrato para você assinar. Assim que tudo tiver resolvido te passo os detalhes sobre o que vai fazer. Seja bem-vinda Selena.

_Muito obrigada, senhor Felipe.

Nós apertamos as mãos como para firmar um acordo. Depois passei os dados para Lilian, toda sorridente e grata, e fui me preparar para tirar as fotos do álbum. Ainda bem que me depilei hoje, eu pensei.

Eu estava linda nas fotos, nem me reconhecia... Seja com peças moda-praia, roupas mais casuais, ou muito elegantes. Fiquei até cansada de tanta foto que tirei.

Eu ia trabalhar em um comercial de TV sobre um tipo de calçado baixo, e fiquei muito nervosa no começo, mas depois me soltei. Sr. Felipe gostou muito do resultado e a empresa também. Foi algo bem diferente, mas gostei da experiência. Aquele seria o primeiro de muitos, assim espero.          

Cheguei ao apê radiante, pois assim que o comercial for para a TV, se a empresa conseguir boas vendas haverá uma chance maior de ser chamada para mais trabalhos. Eu já paguei um pouco das contas que se acumulavam.

Nada como honrar nossos compromissos. Como dizia minha mãe: a única coisa que a gente tem é o nome, se o sujar, você não terá mais nada. Essa é uma das coisas que aprendi e sigo, assim como o valor da honestidade.

Brenda e Samira ficaram muito felizes por mim quando liguei contando, pelo menos foi o que disseram. Elas são minha família e ter o apoio, torcida delas é muito importante pra mim. Giovana também ficou feliz por mim e saímos para comemorar. Não é a toa que é amiga de Brenda.

Meu pai soube da notícia quando sua mulher falou com ele que me viu na propaganda e que eu estava diferente, quase não me reconheceu.

_Oi Selena, tudo bem? Ane me disse que te viu numa propaganda. É verdade que está trabalhando como modelo? É um trabalho decente?Não quero minha filha sendo mal-falada.

_Oi pai. Estou ótima, e o senhor? Sim, eu sou modelo agora e o trabalho é tão decente quanto o seu. Eu não acredito que me ligou porque está preocupado com sua reputação, porque a minha que não é. Eu te disse que estava sem trabalho, o que fez por mim?NA-DA!  Eu poderia estar me prostituindo aqui, vendendo drogas, e sabe Deus o que mais pra viver, mas quando que me ligou para saber como eu estava desde que vim pra cá há dois meses? Entendeu direito? Dois meses, paizinho, quer dizer, Edson, porque pai é o que o senhor não é para mim, pelo menos não age como um. O senhor não me liga desde a morte de mãe, nem pra saber se estava viva. Agora que viu que estou na TV vem se fingindo de preocupado com minha integridade? Ha-ha-ha. Obrigada por nem me parabenizar pela minha conquista. Eu realmente não posso contar com o senhor. Esqueça que sou sua filha. Adeus.

Eu desliguei na cara dele e o bloqueei, nem ouvi o que tinha para falar depois. Não me importa mais nada que venha dele. Chorei muito pela decepção.

Se eu achava que eu não tinha família além das meninas, hoje eu tive certeza e isso doeu, mas vai passar. E foi escolha dele que eu não faça parte de sua vida, então só vou respeitar e seguir minha vida sem ele, como sempre foi.

Eu felizmente tenho conseguido alguns trabalhos, e precisei estudar inglês. Sr. Felipe disse que quanto mais eu estudar e aprender coisas novas, como etiqueta à mesa, melhor. Gostar eu não gosto, mas estou me dedicando, pois meu trabalho está em jogo. Ah, com os vários serviços que tenho feito eu já paguei o book, então não tem mais desconto no salário. 

Quando tenho uma folga vou à cidade vizinha encontrar as meninas no shopping, ou às casas delas e colocamos os papos em dia. Esses momentos são tão divertidos. 

Samira tem tentado me convencer a desbloquear e manter contato com meu pai, que ele pode não estar próximo, mas é meu pai, meu sangue. No entanto, ainda não consigo, machuca muito só de lembrar.

Um dia talvez essa ferida se feche e a gente possa construir uma relação razoável, se ele também quiser, claro. 

Eu ainda estou reprimida sexualmente, mas consigo me soltar um pouco mais, especialmente quando fico com um modelo que me interessa. Giovana me ensinou a me amar, me sentir desejável, ser a mulher que quero ser e me orgulhar de quem me tornei.

A minha relação com mãe sempre será especial para mim. Nosso vínculo era inegável e ela está em meu coração aonde eu for. 

Eu ouço sua voz me aconselhar quando o coração está aflito, então faço o que diz e tudo melhora. Eu a amo e amarei eternamente. Serei infinitamente grata pelos anos que passamos juntas. 



.

 

 

 

 

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

DESEJO DA CORAGEM

 Queria ser corajosa

Queria não ligar para o que pensam de mim e fazer o que me dá vontade.

Por que a opinião alheia e aparência de ser perfeita é tão importante pra mim?

É um fardo às vezes e bem pesado de carregar.

Queria abandonar umas coisas, ou uma apenas.

Se eu abandonasse, o que mais poderia fazer da minha vida?

Iam me chamar de louca, irresponsável? 

Sem dúvida.

Mas como disse, eu queria ser corajosa.

Não estou sozinha, tem quem dependa de mim, de certa forma.

Não posso fazer o que quiser.

Não quero decepcionar ninguém, nem ser julgada, muito menos por minha mãe, família, amigos.

Eu sou como o leão em O mágico de Oz, mas pelo menos ele conquista a coragem tão almejada.

Será que eu também a terei um dia?

Ou serei essa medrosa durante toda a vida?

Esperar as cenas do próximo capítulo.

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

MEDO E OUTROS SENTIMENTOS

 Sonhos foram cancelados.

Desconfiança

Ansiedade

Medo de sofrer mais uma vez. 

Na verdade, estou cansada de acreditar no amor;

Cansada de ouvir palavras lindas que não dão em nada;

Atitudes são o que realmente importam, mas cadê elas?

Com o passar do tempo o coração se endurece e você deixa a sensibilidade de lado. 

A razão é mais importante que a emoção.

Você até questiona algumas coisas e não entende o porquê.

A sua mãe importa

Seus amigos de verdade importam

As notícias por mais importantes que sejam para o país, não me interessam.

Egoísta? Pode ser.

Acho que às vezes preciso ficar em minha bolha.

Tantos defeitos eu tenho.

Qualidades também... Talvez mais, talvez menos. 

É difícil falar de nós mesmos.

A vida e as coisas que acontecem nos transformam, mexem com a gente;

Seja de forma negativa ou positiva.

Sentimentos... Por que são tão complicados de entender ou saber explicar?


domingo, 5 de setembro de 2021

REENCONTROS

 Rever pessoas que há anos não via.

 É estranho. 

É como ver pessoas desconhecidas de agora que seguiram suas vidas, formaram suas famílias, mas que você conviveu por anos, muito tempo atrás.

E ao mesmo tempo uma sensação boa de voltar ao passado.

Fotos, memórias divertidas, histórias, risadas...

Diferenças é melhor deixá-las lá atrás.

Pra quê lembrar de coisas que não fazem mais sentido trazer à tona hoje?

Somos outras pessoas.

Nós crescemos, vivemos muitas coisas, a gente se tornou adultos guerreiros do dia a dia... 

Homens e mulheres que tomaram seus caminhos e amadureceram.

É hora de sorrir e relembrar o que valeu a pena, o que nos uniu antes. Agora serão novas histórias para serem escritas e deixadas para a posteridade.


segunda-feira, 30 de agosto de 2021

DIA NUBLADO


 

Esse tempo nublado traz melancolia;

E escuto as músicas que marcaram a infância ou adolescência;

Dá vontade de vasculhar as coisas boas do passado.

Mergulhar-me nas recordações guardadas em cartas, objetos...

Será que com todos são assim?

O tempo nublado ou chuvoso me deixa numa melancolia que não parece querer partir.

Com vontade de ler um livro fofo, ou ver um filme água com açúcar, para acalentar o coração comendo pipoca.

Lembro dos ex-amores e os momentos bons juntos.

Gosto de sol.

Ele me traz luz, alegria, uma vontade de viver intensamente.

Tempo nublado leva ao tédio, dá uma vontade de nem sair da cama, debaixo do cobertor...

A gente quer ficar o dia inteiro de pijama.

Ele também nos faz refletir de forma profunda, pensar em muita coisa...

Não sei se quero, ou se estou pronta para me aprofundar demais em mim mesma.

Parece que até as horas andam mais devagar com um tempo assim.

Tem como só querer as partes boas da vida, e mesmo assim aprender o que vale realmente a pena?

Tem como amadurecer sem se aprofundar ou sofrer; sem perder nada ou mais ninguém?

Eu não sei, mas como seria bom se assim fosse.

 Queria ter o sol todos os dias, mas sem calor o escaldante.

E principalmente, sem dia nublado para entristecer o coração.

 

 

 

 

 

 

 

 

DIA DIFÍCIL

 Hoje está tão difícil.  Só queria desaparecer, evaporar como fumaça, e parar de dar trabalho. E ao mesmo tempo eu me sinto tão egoísta.  Te...