segunda-feira, 29 de julho de 2019

A DOR DA RECUPERAÇÃO


Estou aqui me sentindo presa e muito dependente. Fora as dores.
Não consigo quase me mexer, e ainda com mais cicatrizes pelo corpo.
Está difícil pra mim agora, mas pra quem não está?
Quem já passou por cirurgia e não sofreu  na recuperação?
Preciso ser forte.
Preciso ser otimista.
Logo passará.
É necessário ter muita paciência e pouca autocobrança.
Cadê você paciência?
Apareça, por favor.
Cobrar- me é o que mais tenho feito.
Isso deprime a mim, ao meu coração, no qual eu sou guardiã.
 E também quem está comigo a todo momento. Esta sente ingratidão da minha parte.
Ela é minha razão de resistir, de aguentar tudo com um sorriso, quando a vontade muitas vezes é chorar, me esconder e deixar o barco sumir de vista.
Uns realmente se preocupam e torcem, ajudam, fazem o que podem e isso emociona.
Há outros que só fingem se preocupar, ou oferecem ajuda sem quererem de verdade ajudar.
Isso se vê nos olhos, sente nas palavras.
Querem tirar o peso na consciência? ou simplesmente querem mostrar para os outros que estão fazendo algo mesmo sem no fundo quererem?
Eu não sei.
Só sei que quando vimos isso vindo dos mais próximos dói.
Eu apenas espero que esse processo de recuperar seja rápido e menos doloroso.

sábado, 20 de julho de 2019

DIONE E A BUSCA PELO AMOR PRÓPRIO


Dione é uma mulher hoje, mas uma como milhares ou milhões dela por aí que não sabem se amar, se valorizar, só priorizam os outros.
Dione é filha única, no entanto, seus pais nunca tinham tempo para ela. A  vida social deles era mais importante do que passar um tempo com a filha.  Seu pai era político e sua mãe sempre o acompanhava deixando a garotinha com a babá.  Meire era a única pessoa que lhe dava atenção e afeto naquela casa, porém ela necessitava de seus pais, que sequer notavam-na, apenas lhe davam presentes como compensação por suas ausências.
Dione tornou-se uma criança introspectiva e solitária, sua babá tentava suprir a falta dos pais, mas ela sabia que não era suficiente. Por várias vezes a garotinha dormia após chorar de tristeza. Ela não conseguia fazer amigos, não se sentia boa o suficiente para isso.
E a vida foi passando. Dione era conhecida como estranha, pois vivia em seu mundo próprio. Ela cresceu e tornou-se uma jovem solitária e linda, mas se sentia um nada.
Ela formou-se e foi fazer faculdade de  medicina veterinaria de animais grandes, assim ela continuaria em seu mundo e ficaria com sua companhia, os cavalos. Seus pais tinham um haras no qual ela ia sempre e lá ficava por horas após o curso. Ela não acreditava ser boa e bonita para namorar alguém. Ela gostava de um rapaz, mas ele era bonito demais para ela. Então toda vez que ele puxava assunto com a mesma, ela respondia timidamente e dava um jeito de recuar evitando qualquer aproximação.
Ela se sentia triste e com raiva de si mesma. Ela não se sentia amada por seus pais. Ela esperava que eles mudassem, mas tinha medo de que a mudança deles não mudasse mais nada dentro dela. Ela temia não acreditar nesse amor após tantos anos.
Ela ligou para um psicoterapeuta, pois não suportava mais viver e se sentir como estava se sentindo.
Foi duro e ela chorou muito na primeira sessão.
As sessões seguintes foram ainda mais dolorosas. Paulo, seu psicoterapeuta era doce, amigo e às vezes duro demais com ela, que muitas vezes pensou em sumir de lá. Mas era persistente, queria mudar e ser quem gostaria de ser. A verdade é que ela gostaria de saber quem era. Ele chamou seus pais para conversarem sobre Dione, porém seus pais se recusaram dizendo que era uma bobagem e que tinham mais o que fazer.
Ela ficou muito deprimida e sentiu-se desvalorizada e um nada para eles. Dione descobriu que na verdade essa autodescoberta e amor próprio iniciaram na terapia e permanece até quando quiser.
Nessa descoberta de si mesma ela passou a refletir: _ A mídia e a internet têm falado tanto sobre amor próprio, autoestima, priorizar-se, porém, as músicas, especialmente as sertanejas gostam de cantar canções em que você se doa totalmente para o outro, aceita ser cobaia, bebe até não aguentar mais porque o outro o deixou, o outro é a razão de ser feliz.  Isso não faz sentido para ela.
Paulo riu de sua observação e parabenizou-a pela reflexão.
Ela começava a se sentir bem consigo mesma e passou a correr atrás de livros e vídeos que a ajudassem a descobrir-se e se amar primeiramente, acabar com a carência que a persegue por anos  e depois perdoar seus pais pela ausência e falta de carinho, atenção.
Ela se sentirá feliz em sua própria companhia e será realizada no processo mais longo e compensador de sua vida com ela mesma e na sua futura profissão.

DIA DIFÍCIL

 Hoje está tão difícil.  Só queria desaparecer, evaporar como fumaça, e parar de dar trabalho. E ao mesmo tempo eu me sinto tão egoísta.  Te...