domingo, 24 de setembro de 2017

LUANA


Nas montanhas da Irlanda mora uma bela moça, Luana Moretini. Uma loira de baixa estatura, corpo magro, cabelos encaracolados de um loiro quase branco na altura dos ombros, olhos esverdeados.
Seu maior prazer é cuidar das flores do seu jardim e da casa, que seja pequena, é bem decorada e cuidada.  Foi criada por uma avó materna, Sra. Suzan, pois seus pais morreram numa viagem de trem. Luana foi uma das poucas sobreviventes e com pouquíssimos arranhões, a não ser uma cicatriz no braço esquerdo,devido a tombada do trem e ela ter caído, um dos cacos de vidro da janela a cortou.
Sua avó fora educada com muito rigor e assim também tratou a mãe  de Luana e a garota anos depois. Carinho através de toque não tinha recebido, portanto, não conseguia expressa- lo a ninguém, nem mesmo ao marido, filhos, ou neta. Aparência contava muitíssimo para dona Suzan. Afinal, o que falariam dela se vissem sua casa suja?
Ela limpava a casa e arrumava com afinco todos os dias, nada poderia estar fora do lugar que ela arrumava e brigava pela bagunça.
Luana tem trabalhado na casa de dona Sara desde os dezessete anos limpando a casa e hoje com vinte e três anos é isso que a sustenta. Sua avó a ensinara ler e escrever em casa, pois naquela região não era permitido meninas estudarem, mas ela pensava que meninas devem saber ler e escrever para não serem ignorantes nem mesmo enganadas.
Sempre que lia os romances que dona Sara lhe emprestava ela sonhava acordada com o amor da sua vida, o Robert, embora um amor fosse impossível. Ele era rico e filho de sua patroa, um homem alto,  moreno, ombros largos e sorriso encantador, simpatia sedutora.
Ele nunca a olhou da forma que ela ansiava, mas Luana não perdia a esperança. Ela queria casar- se com seu amado e formar uma grande família. Achava lindo uma casa cheia de crianças e ver toda a familia sentada a mesa para fazer as refeições.
Luana era religiosa, vivia rezando e agradecendo a Deus por estar viva, apesar de muitas vezes ter lamentado por não ter morrido ao invés dos pais. Era só dá boca pra fora, porque a verdade é que amava viver e admirar as belezas da vida.
Seu avô, o sr. Richard trabalha como maquinista numa ferrovia e como trabalha viajando só vai para casa uma ou duas vezes ao mês e lá permanece por uns três ou quatro dias e raramente tira férias desde a morte de dona Suzan há quatro anos por um AVC grave. Como ambos são resistentes a hospital e o mais próximo fica há 200 km de carro, a avó não resistiu e faleceu aos setenta e dois anos, deixando sr. Richard após  cinquenta anos de matrimônio, seis filhos e doze netos, incluindo Luana, a mais velha. Foi um luto doloroso para ela, porque a família é distante emocionalmente e fisicamente, pois todos moram muito longe e raramente se reuniam. O avô passou a vir cada vez menos para casa e ela se sentia solitária. Ela trabalhava com mais afinco agora para esquecer da solidão tão presente em sua vida.
Um dia de profunda desilusão ela resolve tomar um whisky do avô e após estar embriagada bate na porta da casa do Robert e ele atendeu,assustado com a presença dela ele a fez entrar. Ela se declarou pra ele, que a vendo embriagada a convidou para seu quarto e de um jeito romântico, mas sem sentimentos por aquela bela mulher, ele a fez mulher. Antes de amanhecer ele a fez ir embora, pois a mãe poderia ve- la ali e despedi-la . Ela nunca se sentiu tão envergonhada e humilhada, apesar da noite mágica. Foi embora à francesa e correndo de cabeça baixa chegou em casa, tomou um banho, se trocou, comeu algo e foi trabalhar como se nada tivesse acontecido, mas mortificada por dentro.
Depois de alguns dias ela começou passar mal todos os dias e preocupada, dona Sara a levou ao médico na cidade mais próxima, em um médico conhecido e após exames descobriu- se que estava grávida já de algumas semanas.
Ambas ficaram chocadas, mas no fundo Luana estava feliz,além de agora ter um incentivo pra lutar, ela teria um filho de seu amado.
Sua preocupação maior era contar sobre o pai do bebê para dona Sara. A sua patroa a pressionou e ela contou a verdade cheia de vergonha. A patroa quase a demitiu,mas não fez.
Ela voltou para casa,contou ao avô,cheia de alegria, que na mesma hora a mandou para fora de casa, pois ela desonrou a casa dele. Ela implorou,chorou muito, porém, ele não mudou de ideia.
Ela volta com a mala na mão e conta para dona Sara e Robert, o que seu avô fez.
Em poucos dias casaram, assim não teria tanto falatório.
Ela estava radiante por um lado, pois agora estava com seu amado e formando uma familia como tanto sonhara.
Por outro lado, ele não a tocava mais, mal a olhava nos olhos,sequer lhe dirigia a palavra, mas com o passar dos meses eles começaram a se conhecer de verdade, através do jeito de ser de ambos. Ela passou a amá-lo cada dia mais e os sentimentos dele começaram a mudar e ele a viu diferente. O bebê crescia bem e saudável, com dona Sara preparando todo o enxoval juntamente com Luana, todos começando a se tornar uma família de verdade. Um lar. Quando o bebê nasceu, uma linda menina, careca, morena e magra como os pais, a pequena Catarina.
 Luana passou a se sentir completa e amada sem o vazio de antes, mas sem nunca esquecer de quem amava, até o avô a perdoou após o casamento e voltou para casa mais vezes para ver a bisneta.
A vida tem suas dificuldades,  seus momentos de querer jogar tudo para o alto, mas também tem flores e arco- íris. É a vida  com jardins floridos e ervas daninhas no meio.

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