domingo, 29 de novembro de 2020

CALOR DE VERÃO

 


Hoje o céu está limpo e azul, enquanto o sol irradia seu calor intenso nos fazendo suar e desejar por algo refrescante, roupas leves e uma sombra da árvore, ou de um lugar coberto.

Uma brisa suave às vezes aparece e brinca com as folhas da árvore na calçada, sinto também meu cabelo mexer e um arrepio bom passar pela minha coluna.

Um pagode tocando deixa o dia mais animado.

Eu queria tanto mais pessoas aqui para curtirmos juntos um dia como hoje.

Sem pandemia, sem medo, sem máscara.

Ainda estamos na primavera, onde as flores desabrocham coloridas, perfumadas e mostram-nos toda sua beleza.

Enquanto uma flor murcha no fim do dia, a outra está quase pronta para florescer, se abrir para a vida.

Verão está quase chegando com a expectativa de muito calor, mas com a alegria a nos envolver, apesar do cansaço devido a alta temperatura que a estação nos traz.

Cada estação tem sua beleza,porém eu ainda prefiro as cores da primavera e as perspectivas do verão.

 

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

INVERNO SOLITÁRIO

 

Em um sábado de inverno rigoroso eu estava saindo tarde do trabalho; já que saio às dez da noite, e por morar no subúrbio eu não sabia como chegar a minha casa. Eu não tenho carro ou moto e o ônibus não passa mais nesse horário por aqui. Já passou da meia-noite e não sei se ainda tem táxi rodando, mas vou tentar.

Eu liguei e nenhum taxista estava disponível. Então resolvi sair caminhando e o frio fazia os meus lábios tremerem, ficarem roxos. Eu me sentia congelando, embora usasse roupas para me aquecer.

Do nada aparece um carro cinza, com vidros bem escuros; o que tornava impossível eu ver alguém ali dentro. Ele estava andando bem devagar em minha direção, e ao invés de correr, eu simplesmente parei e esperei eles abaixarem o vidro para assim eu ter a chance de pedir uma carona. Eu deveria estar com bastante  medo de morrer de hipotermia ali sozinho.

Um homem alto e muito forte sai do carro encapuzado, todo vestido de preto, e  parecia bem misterioso de cabeça baixa. Pra completar todo o mistério ele segurava um taco de beisebol em uma das mãos enluvadas. Naquela rua escura, com a lâmpada acesa de apenas um poste, um arrepio percorreu toda minha espinha, pois quando aquele homem se dirigiu a mim eu tentei correr, mas era tarde demais...

(Narrador) 

Um rapaz o encontrou caído na calçada, onde se encontrava extremamente machucado e desacordado, porém vivo. Ele então ligou para o SAMU; achou o celular do homem no bolso da calça dele; ligou para o número com o nome de Amor e contou-lhe o que tinha visto. Na carteira encontrou um documento com o nome de Marcos André.  

A mulher de Marcos André já tinha ligado inúmeras vezes e chamava até cair na caixa postal, ela estava desesperada em casa. Quando o moço ligou e contou sobre o marido ela sentiu um pouco de alívio em ter alguma notícia, mesmo que fosse tão ruim. 

Depois de uns vinte minutos a ambulância chegou e o levou para o hospital, com o rapaz o seguindo de carro.

Eu acordei depois de um dia e todo entubado, pelo que me contaram; visto que fiquei inconsciente depois de tanto apanhar, sem saber o porquê daquela violência toda. Os médicos disseram à minha esposa que foi sorte eu ter sobrevivido, pois me bateram demais.

Depois de uns dois dias no hospital eu assisti ao jornal, no qual uma das notícias era sobre um homem grande que saía em um carro cinza procurando pessoas solitárias andando nas ruas com pouca luz para bater até a morte. Havia mais de cinco vítimas hospitalizadas; e as duas outras infelizmente não resistiram. O homem pelo jeito não estava sozinho no veículo, já que estava no banco do passageiro. Só que a polícia ainda não tinha conseguido capturá-los, nem descobrir as identidades deles. 

A pergunta que não quer calar é:Por que eles faziam isso com pessoas que andavam sozinhas nas ruas? Será que teria um mandante por trás disso, além dos que estavam no carro? Várias questões surgiam em minha cabeça e me veio a idéia de me vingar quando saísse daquele leito. Eu não tinha forças sequer para falar; portanto, eu precisava me recuperar bem e fazer o que tinha de ser feito.

No entanto, eu não imaginava o que iria acontecer com a minha vida quando eu saísse dali. Eu descobri que o homem atingiu uma das minhas vértebras e me tornou paraplégico, mas eu já suspeitava que algo estava estranho com o meu corpo.

Uma revolta começou a percorrer todo o meu ser. Não era justo. E perguntava para Deus:

_ Por que eu? Sempre fiz tudo certo; trabalhava que nem burro de carga, mal via meus filhos durante a semana. Eu saía cedo de casa e só voltava a noite, mas não tão tarde como naquele dia. E agora? Será que minha mulher ainda vai me querer? Será que me tornarei um peso para ela, se me aceitar? Como vou satisfazê-la?Será que serei homem de novo?Eram tantas questões em minha mente.E como vou brincar com meus filhos? É um adeus ao futebol com os meus amigos aos sábados?

Quando o médico foi ao meu quarto e estávamos sozinhos, eu falei com ele todas as minhas preocupações. Ele disse que iria me encaminhar para um psicólogo do hospital que estava acostumado com essas questões e que poderia me ajudar.  Eu não queria demonstrar minhas fraquezas para um estranho, mas era melhor do que falar com minha mulher. Aquilo tudo estava me torturando. 

Depois de algumas cirurgias e uma árdua recuperação depois de uns quatro meses eu estava pronto para voltar para casa.

Eu nem acreditava que estava vivo e voltando para casa. Minha mulher tinha mandado tirar os dois degraus e fazer uma rampa para eu poder entrar com a cadeira de rodas. Eu agora já estava conseguindo empurrá-la sozinho. Eu queria o máximo de autonomia que conseguisse. 

A terapia e a reabilitação me ajudaram a aceitar e adaptar a minha nova realidade. Foi muito esforço e suor para estar onde estou; então agora eu preciso fazer academia para não perder o que consegui em força muscular dos braços e pernas. As primeiras rodinhas entraram primeiro na sala e com isso as lágrimas rolaram em meu rosto quando vi a faixa de bem-vindo e meus filhos me esperando ansiosos.  Foi um momento de emoção para todos.

 Foi muito choro de gratidão por estar na nossa casa, com minha família e bem, mesmo depois de tudo que passei. Apesar disso, aquele senso de justiça; ou melhor, sede de vingança ainda corria em minhas veias.

Eu procurei manter contato com as outras duas vítimas, pois os dois homens mais velhos não resistiram aos graves ferimentos. No entanto, os sobreviventes não queriam se vingar, apenas procuravam por paz e viverem como antes. Eles queriam o impossível: esquecer que aquilo aconteceu.

Entretanto, eu não desisti de vingar, eu precisava fazer justiça por mim e por aqueles que morreram. Eu vou procurar a polícia e propor de eu ser a isca deles para pegar aqueles caras. Minha mulher não concorda e morre de medo que eu morra dessa vez. Eu os amo muito, mas preciso fazer isto para sentir paz.

No dia seguinte.

Eu fui até a delegacia e conversei com o investigador do caso, porém ele me chamou de louco e mandou eu ficar fora disso, que resolveriam aquilo de modo profissional e com cautela. Eles tinham descoberto que os caras já tinham feito aquilo em outra cidade, e eram perigosos, que precisavam tomar muito cuidado.  

Eu fui embora e resolvi  cuidar do caso sozinho. Eu contratei um detetive para investigá-los. Eu precisava saber para onde iam depois que batiam nas pessoas. Tirar fotos deles. Eu precisava do maior número de informações possível, antes de tomar qualquer atitude. Eu voltei a trabalhar como serralheiro enquanto o investigador fazia seu trabalho; afinal, eu tinha uma família e precisava pensar noutra coisa.

 Depois de quinze dias ele me trouxe tudo que eu precisava, então resolvi ir ao local informado pelo detetive, e lá havia vários homens armados conversando em frente a um galpão, e esperei até o homem grande sair, então atirei nele com um rifle que atingiu seu braço. Meu primo e eu saímos de lá às pressas e levei as informações até a delegacia, mas antes um dos caras nos seguiu até entrarmos em um beco, o carro tem uns furos de bala que pagarei depois, e o cara nos perdeu de vista. Meu primo disse que foi a maior aventura da vida dele.  Ficamos presos por dois dias por não obedecer as ordens da polícia e querer fazer justiça com as próprias mãos. Eles finalmente prenderam todos e descobrimos que eram pagos porque estavam fazendo caridade em acabar com a solidão daquele povo.

 A verdade era que o chefão deles passou anos vivendo solitário na rua e durante o inverno quase morria de tanto frio, por pouco ele não tirou a própria vida para sair daquela situação,mas mudou de ideia e disse que se um dia fosse rico faria uma caridade tirando a vida de pessoas que eram solitárias como ele nas ruas durante a madrugada. Após ficar rico com o tráfico ele contratou aqueles homens e realizou a sua missão. Eles foram julgados a 20 anos de prisão. 

Eu agora estava em paz e feliz com minha família. Houve justiça. Eles agora estavam onde deveriam estar. 


PEDRA LUNAR MÁGICA

 Há muito anos caiu do céu uma pedra lunar numa praia. Uma pedra bem pequenina e que se confundia com as pedrinhas espalhadas na areia da praia.

No entanto, ela era mágica e somente uma pessoa a encontraria e conseguiria ver sua magia, sua luz brilhar. 

Em uma manhã de domingo, antes do sol nascer, Estevão não conseguia mais dormir, então resolveu ir caminhar na praia próxima a sua casa, onde passava os feriados prolongados. Ele andava na calçada, todavia, resolveu molhar os pés na água com a intenção de relaxar e não pensar no trabalho que o estressava tanto. De repente ele olha para baixo e abaixou-se para pegar a pedra. E advinhem só? Era a pedra lunar. Ela começou a emitir uma luz fraca, mas que brilhava como um diamante sob a luz do sol. Ele ficou encantado com aquela pedra, segurou-a firme na mão e seguiu seu caminho. Naquele momento, todas suas preocupações, tensão desapareceram e ele sentiu uma paz que não sentia há um bom tempo.  Aquele homem olhou para a pedra na sua mão e ela brilhava agora mais forte. De repente Estevão sentiu seus olhos pesarem, ele deitou na areia próximo a uma grande rocha e adormeceu segurando a pedra firmemente em sua mão. Neste momento uma luz o envolveu como uma cúpula o protegendo durante o sono e o sonho surreal que viria a ter em seguida.

Aquele jovem andava sobre um piso gelado de mármore e tudo a sua volta era branco, com umas pedras de cristal brilhando nas pontas e era um silêncio absoluto. Ele não sentia paz ali, nem medo, mas uma sensação estranha que não conseguia descrever. Do nada desce do alto uma pedra igual a que ele segurava, só que enorme, com um brilho ainda mais intenso impedindo-o de enxergar qualquer coisa  e uma voz profunda, grave disse-lhe:

_Estevão, seja bem vindo ao meu mundo. Eu sou uma pedra lunar mágica, que caiu da lua enquanto ela tomava o lugar do sol no céu. Inacreditável, eu sei, mas é real e darei uma guinada na sua vida.Você foi o escolhido, porque apesar de já ser um homem e viver uma jornada estressante, o seu coração ainda é puro, sem maldade,  portanto, vou estar com você enquanto precisar. E quando não precisar de mim, eu peço que me devolva a praia para outra pessoa ter a mesma oportunidade que você. 

_Uau, minha família e amigos não acreditarão. É muito surreal.

_Realmente, é surreal demais e ninguém acreditará em você. Quer ser tachado de louco? Não deve contar a ninguém. Se duvidar, nem para sua própria sombra. 

_Ok. O que devo fazer agora?

_Assim que acordar, guarde-me no bolso e me leve onde for, não me mostre a ninguém e vá pedir demissão na corretora de valores. Aquilo está te matando. 

_ Eu confio em você. Sei que não vai me sacanear.

_Você tem um coração tão bom, puro e confia tanto nas pessoas. Agora você vai acordar e fazer o que  eu disse e verá o resultado.

Ele acordou e a luz em forma de cúpula havia desaparecido. Ele pôs a pedra no bolso, voltou a sua casa, arrumou-se, pegou a pedra e rumou para a corretora. 

Uma hora e meia depois

Chegando lá ele pediu demissão ao seu chefe de plantão, que não entendia a razão daquilo. Ele estava perto de conseguir uma promoção, era um dia melhores ali, porém Estevão não queria mais aquela vida  e após assinar os papéis ele partiu.

Três horas depois seu amigo Luan liga e o convida para ser sub chefe no restaurante em que é dono, o sub-chefe há 2 anos pediu demissão, pois iria trabalhar em Nova Iorque. Estevão tinha paixão pela culinária e Luan percebia sempre que era convidado para jantar na casa do amigo e ele fazia pratos diferentes e deliciosos. Estevão não tinha apenas amor, mas dom para cozinhar e nem todos têm isso. 

_Muito obrigada pelo convite, estou indo aí agora para acertarmos meu salário. Ele riu alto ao telefone.

Eles acertaram tudo, foi apresentado ao chefe de cozinha, que o aprovou no teste. Ele morava sozinho, ou melhor, com sua cachorrinha vira- lata, Suly, que adotou há alguns meses. Ela era sua companhia em casa.

Quando passava na calçada, rumo ao prédio onde mora ele se depara com uma negra linda, os olhares se cruzaram e ambos entraram juntos no prédio. Ela tinha o olhar decidido e tão sedutor, o sorriso era de tirar o fôlego.

 Ele pensou se teria sido a pedra que tinha permitido aquele encontro. Que burro que sou, a voz disse que minha vida daria uma guinada. Estevão sabia que aquilo parecia tão clichê, tão filme de comédia romântica americana, mas ele resolveu arriscar.

Eles subiram o elevador juntos e ele perguntou em que andar ela iria. A moça respondeu o 3 e era o mesmo dele.

 _Legal, eu moro lá. Vai visitar alguém?Desculpe a curiosidade. 

_Não, eu vou morar no apartamento 20. A mudança chegou hoje cedo. 

_Que coincidência, o meu é o 21. Seremos vizinhos e seja bem vinda. Eu vi a mudança chegando pela manhã. Eu sou Estevão e minha cachorrinha é Suly. Ela não é de latir, fique tranquila.

_ Muito obrigada Estevão, eu sou Christine, mas pode me chamar de Chris. E coincidência não existe, mas sim destino. Ela piscou e deu aquele  sorriso novamente. Eu só tenho umas plantinhas, que amo, me relaxa cuidar delas. Espero não atrapalhar quando ensaiar a rumba. Tenho apresentação na próxima semana. Aliás, você está convidado, vai ser no teatro municipal.

_Obrigada pelo convite. Farei o possível para ir, mas você pode me lembrar, por favor?A correria do dia a dia, sabe como é, mas anotarei na agenda do celular. Sei que vai arrasar com seu parceiro e ganharão. Sexto sentido e riu. 

_Mais risos da parte dela. Obrigada Sr. sexto sentido. Achei que isso fosse só coisa de mulher. O papo está bom, mas preciso ir organizar a casa, pedir comida, afinal, preciso comer alguma hora. 

_Se precisar, eu tenho comida que dá para dois. Foi ótimo falar com você, Chris.

_Olha que posso bater na sua porta mais tarde pedindo comida, hein. Não me acostume mal. E riu alto antes entrar no apartamento e fechar a porta.

Ele tinha certeza que era amor a primeira vista. Ele torceu para ela bater em sua porta.

Duas horas depois.

Ela bateu em sua porta e estava com um micro short e top cropped branco. Ele ficou em choque ao vê-la daquele jeito tão sexy e natural. 

Ela percebeu como ele ficou ao vê-la assim, entrou, fechou a porta e ficou parada esperando a reação dele. Ele a abraçou e a beijou sem pensar. Foi uma noite bem quente, o fogo rodeava os dois naquele sofá, porém sem queimar nada. Um fogo mágico, onde as labaredas só cresciam. Aquele fogo ardeu várias vezes naquela noite e nas oportunidades que tinham para aumentá-lo. Eles começaram a namorar, pois não era só desejo carnal. Eles sentiam que eram almas gêmeas. Os dois só lembraram de comer horas depois.

No restaurante tudo ia de vento em polpa e Estevão se sentia realizado como sub-chefe. Ele estava em paz e toda vez que segurava a pedra, ele sentia a paz e a luz irradiar de dentro dele. 

Dois meses depois ele andava pela praia e aconteceu a mesma coisa, ele adormeceu perto da rocha na praia e sonhou mais uma vez.

_Pronto Estevão, minha jornada com você chegou ao fim. Eu fiz tudo por você e agora cabe a você fazer sua parte para manter. A paz está dentro de você. Encontre-a. Agora me põe junto a outras pedras quando acordar.

_Obrigada por tudo. Eu farei como combinado e tornarei tudo ainda melhor. 

Estevão acordou e levou a pedra até onde a encontrou. 

Estevão e Chris casaram, constituíram sua família e eles tinham razão, era destino se encontrarem. Ele permanece como sub-chefe no restaurante do amigo e muito feliz.


Quanto a pedra lunar mágica, ela continuará usando sua magia com as outras pessoas de coração puro enquanto elas existirem.


DIA DIFÍCIL

 Hoje está tão difícil.  Só queria desaparecer, evaporar como fumaça, e parar de dar trabalho. E ao mesmo tempo eu me sinto tão egoísta.  Te...