Mais um ano que está acabando e outro iniciando.
Mais um ano que finda e a esperança está no auge.
Muitos planos, especialmente se ganhar na mega da virada, metas, sonhos em pauta.
Se eles serão postos em prática, são outros 500.
Ano novo de expectativas, de se arrumar, de esperar pela virada.
Eu só sei que quero mais...
Ter mais espaço, mais coragem, paciência, autoestima, confiança...
Enfim, quero mais de mim, ser melhor.
Quero ser feliz.
O que é orgulho?
Querer fazer o que pode sem pedir por ajuda é orgulho?
Acho que vários me acham orgulhosa então.
E talvez eu até seja nesse sentido.
Será que eles sabem o que já passei para hoje querer pedir ajuda o mínimo possível?
Não, nem saberão.
Não quero que sintam pena.
Orgulhosa?
Sim, de mim mesma por conseguir fazer o que faço sozinha.
Na verdade, sozinha não estarei.
Deus me ajuda com força, jeito...
Às vezes Ele quer mais mãos trabalhando juntas.
Quem quer ajudar oferece já agindo ou perguntando.
Precisar pedir ajuda quando veem o sufoco em que me encontro?
Só se não tiver jeito.
É humilhante.
Perceber as coisas ao redor e fingir não ver para não fazer nada são coisas bem diferentes.
É mais fácil dá uma de vítima... Ele (a) não me pediu.
Independência tem limite.
Se eu precisar, pedirei.
Ou simplesmente não recusarei se oferecerem.
Agradecerei.
Quatro mãos são mais rápidas, ou fazem de um jeito mais eficiente que apenas duas.
Seja uma pessoa com deficiência ou não, a gente sabe até aonde pode ir sozinho.
Gúriti é um duende muito simpático, amigável e detalhista, especialmente nos embrulhos dos presentes.
Ele tem um irmão, o Tígoli. Esse aí ao contrário de Gúriti, é bem ranzinza; além de ser muito ligeiro ao separar os brinquedos das listas de pedidos.
Nicolau, ou melhor, Papai Noel, nunca admitiu, mas esses dois duendes mexem com o seu coração. Eles foram os primeiros a trabalhar com ele desde que começou sua missão de alegrar tantas crianças com presentes, e manter o espírito natalino na vida dos adultos nesta época tão mágica. O "milagre de natal", quando o inesperado acontece.
Claro que para muitas pessoas o natal é apenas mais um dia, e para boa parte deles, é uma data triste, devido a perda de algum familiar ou amigo, problemas... Enfim; é compreensível até para Nicolau, mas ele não desiste desses também.
Gúriti e Tígoli são muito queridos por todos no Polo Norte, e embora Tígoli seja ranzinza; ele é leal, confiável e sincero.
Quando estavam entediados de ficar na fábrica de presentes eles se escondiam no trenó e viajavam pelo mundo inteiro. Era uma tremenda aventura para ambos. Papai Noel fingia que não os via e dava várias voltas em torno da aurora boreal divertindo-se com as caras assustadas deles e das renas ao retornarem para casa.
A risada inconfundível dele ecoava longe.
Em uma cidade que na maior parte do ano era quente morava um cara chamado Julius. Ele hoje é um homem forte, que trabalha com um trator em um canavial, mas estava muito amargo devido às lutas e perdas na vida. O garoto perdeu os pais e a casa onde vivia aos onze anos, por causa de um rapaz embriagado que invadiu sua casa com o carro, e que destruiu tudo, inclusive matou os pais do garoto que viu tudo. Uma imagem que não sai de sua cabeça. Ele tem tido incontáveis pesadelos ao longo dos anos. Julius e o irmão estavam um pouquinho mais afastados e escaparam por pouco. No entanto, o menininho estava dormindo tão pesado que não ouviu nada, mesmo com o barulho estrondoso. Como se Deus estivesse tapando seus ouvidos por um tempo; e nem viu coisa alguma, pois Julius tapou os olhos dele. Eles foram morar na casa dos avós, Julius e o irmão de seis anos, João, que ele cuidava, já que os avós estavam muito velhinhos e não tinham mais energia para cuidar de duas crianças.
Há muitos anos o espírito de natal deixou de fazer parte do coração daquele rapazinho, pois seus pais nunca tiveram condições de lhes dar presentes, nem ligavam para a data; esta coisa de comemorar não existia. Eles sequer se lembravam do real significado do Natal, que era o nascimento de Jesus; da importância de doar-se; ajudar o próximo...
Julius e João são melhores amigos. João sempre foi um homem mais crente nas coisas invisíveis, mas que dão sentido à sua vida, mesmo com as perdas que teve. Na verdade, essa crença que o fortalece. Ele tem uma perspectiva totalmente diferente de Julius sobre a vida, talvez pelas oportunidades que teve, e que o fizeram crescer, ser mais maleável e alegre.
Tígoli cuidando do arquivo das cartas encontrou uma carta emocionante de João quando criança pedindo não apenas por um carrinho de controle remoto, mas também pela alegria do irmão mais velho e contou a versão que Julius lhe contara. Por mais ranzinza e durão que o duende demonstre ser, lágrimas caíram dos olhos dele.
"Querido Papai Noel
Meu nome é João, tenho dez anos, eu perdi meus pais e minha casa num acidente de carro. O carro entrou dentro de casa. Eu moro com meu vô, vó e irmão mais velho, Julius, que cuida de mim. Ele era alegre, sorria, e agora é triste, não acredita mais no senhor, e me deixa triste também. Teria como devolver a alegria e fé do meu irmão, além de me dar o carrinho, por favor?
Com carinho e esperança, João."
Tígoli mostrou a carta ao irmão e ao Nicolau, e ambos também se emocionaram, mas Nicolau não sabia como ajudar.
Tígoli pesquisou mais nos arquivos e encontrou uma carta de Julius quando estava com oito anos que pedia dois caminhões, um para ele e outro para o irmão mais novo, João, além de roupas novas, pois os pais não tinham dinheiro. E ambos ganharam os brinquedos desejados durante a infância. Nicolau só não se sentia capaz de arranjar as outras coisas que pediram.
No entanto, depois de muitos anos, ele e os duendes pensaram bastante sobre uma forma de ajudá-los de forma mais concreta.
Então resolveram que o Nicolau iria aparecer no quarto de Julius enquanto estivesse dormindo, como em um sonho e falasse:
_ Oi Julius, sou eu, o Papai Noel, eu vim aqui em seu sonho pra te contar umas coisas: Eu li a carta de vocês dois, mas naquela época eu não sabia como ajudar além de dar os brinquedos que queriam, mas agora estou aqui para dizer que não esqueci de você. O seu irmão se preocupa com você, e me emocionou a carta que ele me mandou aos dez anos, demonstrando o quanto você é importante pra ele, e que não gostaria de vê-lo tão triste e cético, amargo como está. Ele quer que você veja que a vida pode sim ser doce e mágica, que não é só perda e sofrimento, sacrifícios. Você é um homem bom, incrível e amado. Nunca se esqueça disso. Perdoe-me por demorar tanto. Nunca perca o espírito de natal que existe aí dentro de você.
Ele dizia aos sussurros pra Julius, como se ele estivesse mesmo sonhando.
Julius levantou-se da cama logo que amanheceu, e algo dentro daquele homem havia mudado, e ele estava diferente, de um jeito que nem ele explicava. Ele se sentia bem, em paz consigo mesmo, com uma alegria e esperança que não sentia há muito tempo em seu coração. Será o espírito natalino? Pensou ele.
Julius ligou para João e combinaram de sair. Quando se viram, Julius contou sobre o sonho e o que estava sentindo. João viu um brilho nos olhos do irmão que nem se lembrava de já ter visto.
Eles compraram uma árvore de natal numa loja, além dos enfeites e algo para comerem a noite, já que a família deles eram só os dois.
Os avós dos rapazes morreram quando Julius tinha entre 18 e 19 anos. Ficando com ele a guarda de João que se encontrava com 14 anos. Cuidar de um adolescente não foi nada fácil, mesmo porque ele também era um adolescente ainda; embora João fosse um rapaz tranquilo.
Naquele dia eles só queriam montar a árvore e comemorarem juntos o primeiro natal com alegria e emoção na vida deles.
Julius e João continuam se dando bem, e aquele homem amargo não existe mais.
Quanto ao Papai Noel, Gúriti e Tígoli, esses assistiam a tudo abraçados e escondidos. Depois disso eles montaram no trenó e partiram para entregar presentes e alegrar o natal de muitas pessoas, dando mais que algo material, eles entregavam alegria, esperança, ânimo, força, gratidão...
É isso que Jesus nos traz todos os dias, especialmente nos natais, que é o Seu nascimento.
