quinta-feira, 26 de outubro de 2023

O AMOR E A SOLIDÃO NA VELHICE

 Alberto costumava ser um homem muito ativo, que trabalhava duro e viajava o Brasil inteiro no caminhão da empresa. Ele simplesmente não conseguia ficar parado, e era prestativo, pois sempre procurava ajudar quem precisava, se pudesse. O que acalentava seu coração era saber que sua mulher, Diana, que ele amava tanto, e seus cinco filhos esperavam-no ansiosos pela sua chegada em casa. Alberto prometeu à Diana que se aposentaria quando fizessem quarenta anos de casados. Eles não viam a hora desse momento acontecer, apesar de Alberto ficar receoso sobre o que faria da sua vida sem trabalhar.                                                                                                         Flor, que era como ele a chamava, vivia para a família e nunca se arrependeu de não trabalhar fora, pois desde pequena dizia que queria ser mãe e casar.

Vários anos depois...

Uma semana após as bodas de quarenta anos, ambos estavam muito felizes e comemoraram com uma grande festa, onde reuniram muita gente que os amava. Alberto deu entrada com um pedido de aposentadoria no dia seguinte às bodas. Diana estava dirigindo depois de levar seu neto à escola, uma caminhonete veio na direção contrária e colidiu  com o dela, infelizmente foi fatal. Assim que a polícia chegou ao local ligou para Alberto, informando o acidente e a fatalidade. Como era uma cidade pequena, todos o conheciam há muito tempo. O mundo dele desabou, e sentia que uma parte de si, a mais alegre, que via a vida de forma mais colorida, tinha morrido junto com ela. Por sorte ele tinha ido ao mercado próximo a sua casa, e não estava viajando. Alberto ligou para os filhos chorando, ele estava acabado, como se tivesse envelhecido uns dez anos em cinco minutos. No velório e funeral parecia que havia uma névoa de tristeza e choro. Alberto estava abatido, não comia, não dormia, enfim; não parecia o mesmo de sempre, e talvez nunca mais voltaria a ser.                            Os dias se passaram, ele conseguiu se aposentar, mas a tristeza, a solidão não saía de seu rosto. Seus filhos, apesar de tristes, seguiram suas vidas, mas precisavam cuidar do pai, não poderiam deixá-lo sozinho.                                                                                                                                   Alberto não queria sair de casa, deixar suas memórias, nem atrapalhar os filhos. Ao mesmo tempo que Georgina, Alex, Pablo, Taís e Ana diziam estar preocupados com o pai, eles sequer iam vê -lo, pois sempre dão a desculpa de muito trabalho, sem tempo.No entanto, também não aceitavam a ideia de colocá-lo em um lar para idosos. O que falariam deles?  Seriam péssimos filhos se fizessem isso. Eles conheciam o pai, e sabiam que ele não aceitaria um cuidador de idosos, um estranho em sua casa. Afinal, seu pai não estava debilitado, ou com alguma limitação  física, mental; o pai deles só estava vivendo um luto. Quando o pai tinha uma consulta marcada era  sempre uma discussão no WhatsApp no grupo dos irmãos pra saber quem o levaria, já que ninguém nunca podia, até decidirem por quem tinha um horário um pouquinho mais flexível que os outros. Eles iam levando, e seu Alberto se sentindo cada vez mais sozinho.                                                                                                       Devido a tristeza e a solidão, Alberto foi adoecendo, ficando cada vez mais magro. Ele não era mais aquele homem forte, cheio de vida, que sorria de verdade. Era como se ele tivesse morrido também junto com Diana.                                                                                                                     Os filhos o levavam ao médico e nada resolvia, até que não teve jeito e contrataram um cuidador, mesmo contra a vontade dele.                                                                                                           Alberto estava tão desgostoso da vida, tão desanimado que em questão de dois meses ele partiu. Aquele homem se foi sem curtir sua aposentadoria, que era tão esperada. No entanto, ele queria curti-la junto com o seu grande amor, sua flor, Diana.                                                              Os filhos ficaram órfãos de pai e mãe, e com o peso da culpa de que poderiam ter dado mais atenção, amor e apoio ao pai que morreu sozinho enquanto dormia.                                          Será que existe ainda um amor tão forte assim, como o de Albert por Diana? 


DIA DIFÍCIL

 Hoje está tão difícil.  Só queria desaparecer, evaporar como fumaça, e parar de dar trabalho. E ao mesmo tempo eu me sinto tão egoísta.  Te...