sábado, 16 de janeiro de 2021

MAIS FORTE QUE O AME

 


 

Isabelle hoje é uma mulher segura quanto ao seu corpo, está mais autoconfiante, mas nem sempre foi assim. Ela agora contará sua jornada até aqui.

Eu me chamo Isabelle, mas a maioria me chama de Isa. Eu nasci de parto normal e tranquilo e com o passar dos meses, especialmente depois dos seis meses as coisas começaram a mudar. Meus pais eram inexperientes, pois eu era a primeira filha deles, mas mesmo assim eles notaram que eu era diferente dos sobrinhos e outras crianças do meu tamanho que eles conheciam. Eles me contaram que eu não tinha força no pescoço, então não conseguia levantar a cabeça, meu corpo era mole. Eles me levaram a alguns pediatras, até que um deles pediu uns exames para confirmar o diagnóstico que ele suspeitava e descobriram que tenho AME (Atrofia Muscular Espinhal, tipo 2), um dos tipos mais agravados da doença, devido a fraqueza muscular, eu tinha dificuldade para mamar, sentar, levar mãos a boca, não sustentava a cabeça, e a respiração era difícil, inclusive meu choro era fraco. A doença afetou mais os músculos das minhas pernas e tronco, então comecei a fazer fisioterapia para fortalecer os músculos do corpo, além de cuidar da escoliose, pois minha coluna já estava ficando “torta”. A vida dos meus pais não era fácil, e como a doença é progressiva e degenerativa, porque destrói os neurônios motores, por mais que eu tratasse da fraqueza muscular, da escoliose e do sistema respiratório, a fraqueza fez com que eu demorasse mais para andar, porém não andei por muito tempo e passei a usar a cadeira de rodas. Meus pais ficavam com medo de que algo ruim acontecesse e se tornaram pais superprotetores. No entanto, eu queria ser como as outras crianças e brincar, estudar e eu comecei a  me adaptar para conseguir me divertir. Eu era uma menina atentada. Achar uma escola acessível, adaptada foi impossível há vinte e oito anos, agora encontrar uma escola que me aceitasse pela minha deficiência física foi necessário ir de escola em escola , mas encontramos. Embora meus pais mesmo relutassem em deixar eu ir para a escola, por medo de que eu sofresse rejeição dos colegas, ou falassem coisas ruins, eu insisti tanto que acabaram cedendo e fizeram rifas para adaptarem a escola antes de começarem as aulas. Eu já chorei muito escondida, porque meus pais não podiam saber que meus colegas me deixavam sozinha e iam brincar nos brinquedos, eles me chamaram de “aleijada”, termo tão ofensivo, de estranha; uma das mães foi a escola e pediu a diretora para me tirar de lá, porque ela não queria os filhos dela convivendo comigo. Todavia, a diretora era uma mulher forte e não aceitou o pedido da mãe. Eu nunca dei motivo para ser expulsa, pois sempre tive ótimas notas, participava das aulas, não fazia bagunça. Eu sempre gostei muito de estudar, mas nunca fui do tipo nerd. O único amigo que fiz e que passava os recreios comigo era o João, um menino muito legal. A gente ria muito e chorava juntos. Infelizmente perdemos contato. Espero um dia encontra-lo. Minha adolescência foi uma fase ainda mais complicada. Eu me interessava pelos garotos, mas nenhum se interessava por mim. Era muito difícil para mim me aceitar e me amar como sou. As pessoas me chamando de coitadinha, aquele olhar de pena me fazia sentir ainda pior, um nada. Minha mãe nunca me falou sobre sexualidade, e quando perguntei ela disse: Pra que você quer saber dessas coisas,menina? Você nunca vai fazer mesmo. Aquilo doeu tanto. 

Eu precisei ir para a terapia para ver se conseguiria me amar e aceitar minha deficiência, meus limites, me achar sexy, gata e não ligar para os comentários alheios, não permitir que me ferissem novamente. Fiz pouquíssimas amizades, algumas delas me viam como o patinho feio da turma, o que levantava o ego delas que conseguiam garotos facilmente. Eu raramente saía de casa para passear com elas ou para paquerar, pois não tinham lugares acessíveis onde moro. As pessoas estranhavam quando eu dizia que estava no último ano do ensino médio e que pretendia ser advogada na área civil, especialmente para ajudar pessoas com deficiência a conquistarem seus direitos. Uns até riam, duvidando de minha capacidade.  Eu precisei frequentar por bom tempo a terapia, afastei daquelas que não valia mais a pena manter amizade, depois que passei a ter amor próprio e me aceitar, então consegui ficar com uns garotos bem gatos e legais. Meus primos ficavam bravos quando me viam com um cara e queriam bater nele, pois diziam que o cara só estava me usando e passando um tempo enquanto não achava outras gatas, que eu ainda era uma criança; como se eu não tivesse crescido; não fosse interessante ou não tivesse nenhum atrativo. Não vou dizer que não me machucava um pouco, porque sou humana, mas é um processo demorado. Hoje com trinta anos eu me amo e não me deixo abalar com isso como antes. Eu consegui me formar em direito e passei na OAB. Foram duas conquistas imensuráveis para mim e uma surpresa para meus familiares, amigos... Eu sinto que passei da fase de só ficar, eu pretendo ter algo mais sério com um homem que tenho conhecido, quero casar, ter minha família, minha casa, nem que a gente precise adotar. Tem tantas crianças esperando por pais que os amem, embora eu seja uma pessoa com deficiência,eu também tenho direito de adotar e muitas outras coisas. Minhas limitações não me impediram de conquistar coisas importantes para mim, inclusive de me sentir uma mulher boa o suficiente para ter o homem que eu quiser.



quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

PEDRA LUNAR MAGICA


Olá meus queridos leitores e seguidores deste blog. Venho aqui para postar mais um texto e fazer uma enquete.Eu gostaria de saber  qual versão vocês gostaram mais:

A PRIMEIRA OU A SEGUNDA  VERSÃO DE PEDRA LUNAR MAGICA

RESPONDEM-ME POR COMENTÁRIOS, POR FAVOR. ADORARIA SABER A OPINIÃO DOS MEUS LEITORES. 

SE ME RESPONDEREM, EU POSTAREI NA SEGUNDA OS RESULTADOS.


2ᵃ VERSÃO

 

Há muito anos caiu do céu uma pedra lunar numa praia. Uma pedra bem pequenina e que se confundia com as pedrinhas espalhadas na areia da praia.

No entanto, ela era mágica e somente uma pessoa a encontraria e conseguiria ver sua magia, sua luz brilhar. 

Em uma manhã de domingo, antes do sol nascer, Estevão não conseguia mais dormir, então resolveu ir caminhar na praia próxima a sua casa, onde passava os feriados prolongados. Ele andava na calçada, todavia, resolveu molhar os pés na água com a intenção de relaxar e não pensar no trabalho que o estressava tanto. De repente ele olha para baixo e abaixou-se para pegar a pedra. E advinhem só? Era a pedra lunar. Ela começou a emitir uma luz fraca, mas que brilhava como um diamante sob a luz do sol. Ele ficou encantado com aquela pedra, segurou-a firme na mão e seguiu seu caminho. Naquele momento, todas suas preocupações, tensão desapareceram e ele sentiu uma paz que não sentia há um bom tempo.  Aquele homem olhou para a pedra na sua mão e ela brilhava agora mais forte. De repente Estevão sentiu seus olhos pesarem, ele deitou na areia próximo a uma grande rocha e adormeceu segurando a pedra firmemente em sua mão. Neste momento uma luz o envolveu como uma cúpula o protegendo durante o sono e o sonho surreal que viria a ter em seguida.

Aquele jovem andava sobre um piso gelado de mármore e tudo a sua volta era branco, com umas pedras de cristal brilhando nas pontas e era um silêncio absoluto. Ele não sentia paz ali, nem medo, mas uma sensação estranha que não conseguia descrever. Do nada desce do alto uma pedra igual a que ele segurava, só que enorme, com um brilho ainda mais intenso impedindo-o de enxergar qualquer coisa  e uma voz profunda, grave disse-lhe:

_Estevão, seja bem vindo ao meu mundo. Eu sou uma pedra lunar mágica, que caiu da lua enquanto ela tomava o lugar do sol no céu. Inacreditável, eu sei, mas é real e darei uma guinada na sua vida.Você foi o escolhido, porque apesar de já ser um homem e viver uma jornada estressante, o seu coração ainda é puro, sem maldade,  portanto, vou estar com você enquanto precisar. E quando não precisar de mim, eu peço que me devolva a praia para outra pessoa ter a mesma oportunidade que você. 

_Uau, minha família e amigos não acreditarão. É muito surreal.

_Realmente, é surreal demais e ninguém acreditará em você. Quer ser tachado de louco? Não deve contar a ninguém. Se duvidar, nem para sua própria sombra. 

_Ok. O que devo fazer agora?

_Assim que acordar, guarde-me no bolso e me leve onde for, não me mostre a ninguém e vá pedir demissão na corretora de valores. Aquilo está te matando. 

_ Eu confio em você. Sei que não vai me sacanear.

_Você tem um coração tão bom, puro e confia tanto nas pessoas. Agora você vai acordar e fazer o que  eu disse e verá o resultado.

Ele acordou e a luz em forma de cúpula havia desaparecido. Ele pôs a pedra no bolso, voltou a sua casa, arrumou-se, pegou a pedra e rumou para a corretora. 

Uma hora e meia depois

Chegando lá ele pediu demissão ao seu chefe de plantão, que não entendia a razão daquilo. Ele estava perto de conseguir uma promoção, era um dia melhores ali, porém Estevão não queria mais aquela vida  e após assinar os papéis ele partiu.

Três horas depois seu amigo Luan liga e o convida para ser sub chefe no restaurante em que é dono, o sub-chefe há 2 anos pediu demissão, pois iria trabalhar em Nova Iorque. Estevão tinha paixão pela culinária e Luan percebia sempre que era convidado para jantar na casa do amigo e ele fazia pratos diferentes e deliciosos. Estevão não tinha apenas amor, mas dom para cozinhar e nem todos têm isso. 

_Muito obrigada pelo convite, estou indo aí agora para acertarmos meu salário. Ele riu alto ao telefone.

Eles acertaram tudo, foi apresentado ao chefe de cozinha, que o aprovou no teste. Ele morava sozinho, ou melhor, com sua cachorrinha vira- lata, Suly, que adotou há alguns meses. Ela era sua companhia em casa.

Quando passava na calçada, rumo ao prédio onde mora ele se depara com uma negra linda, os olhares se cruzaram e ambos entraram juntos no prédio. Ela tinha o olhar decidido e tão sedutor, o sorriso era de tirar o fôlego.

 Ele pensou se teria sido a pedra que tinha permitido aquele encontro. Que burro que sou, a voz disse que minha vida daria uma guinada. Estevão sabia que aquilo parecia tão clichê, tão filme de comédia romântica americana, mas ele resolveu arriscar.

Eles subiram o elevador juntos e ele perguntou em que andar ela iria. A moça respondeu o 3 e era o mesmo dele.

 _Legal, eu moro lá. Vai visitar alguém?Desculpe a curiosidade. 

_Não, eu vou morar no apartamento 20. A mudança chegou hoje cedo. 

_Que coincidência, o meu é o 21. Seremos vizinhos e seja bem vinda. Eu vi a mudança chegando pela manhã. Eu sou Estevão e minha cachorrinha é Suly. Ela não é de latir, fique tranquila.

_ Muito obrigada Estevão, eu sou Christine, mas pode me chamar de Chris. E coincidência não existe, mas sim destino. Ela piscou e deu aquele  sorriso novamente. Eu só tenho umas plantinhas, que amo, me relaxa cuidar delas. Espero não atrapalhar quando ensaiar a rumba. Tenho apresentação na próxima semana. Aliás, você está convidado, vai ser no teatro municipal.

_Obrigada pelo convite. Farei o possível para ir, mas você pode me lembrar, por favor?A correria do dia a dia, sabe como é, mas anotarei na agenda do celular. Sei que vai arrasar com seu parceiro e ganharão. Sexto sentido e riu. 

_Mais risos da parte dela. Obrigada Sr. sexto sentido. Achei que isso fosse só coisa de mulher. O papo está bom, mas preciso ir organizar a casa, pedir comida, afinal, preciso comer alguma hora. 

_Se precisar, eu tenho comida que dá para dois. Foi ótimo falar com você, Chris.

_Olha que posso bater na sua porta mais tarde pedindo comida, hein. Não me acostume mal. E riu alto antes de entrar no apartamento e fechar a porta.

Ele tinha certeza que era amor à primeira vista. Ele torceu para ela bater em sua porta.

Duas horas depois.

Ela bateu em sua porta e estava com um micro short e top cropped branco. Ele ficou em choque ao vê-la daquele jeito tão sexy e natural. 

Ela percebeu como ele ficou ao vê-la assim, entrou, fechou a porta e ficou parada esperando a reação dele. Ele a abraçou e a beijou sem pensar. Foi uma noite bem quente, o fogo rodeava os dois naquele sofá, porém sem queimar nada. Um fogo mágico, onde as labaredas só cresciam. Aquele fogo ardeu várias vezes naquela noite e nas oportunidades que tinham para aumentá-lo. Eles começaram a namorar, pois não era só desejo carnal. Eles sentiam que eram almas gêmeas. Os dois só lembraram de comer horas depois.

No restaurante tudo ia de vento em polpa e Estevão se sentia realizado como sub-chefe. Ele estava em paz e toda vez que segurava a pedra, ele sentia a paz e a luz irradiar de dentro dele. 

Dois meses depois ele andava pela praia e aconteceu a mesma coisa, ele adormeceu perto da rocha na praia e sonhou mais uma vez.

_Pronto Estevão, minha jornada com você chegou ao fim. Eu fiz tudo por você e agora cabe a você fazer sua parte para manter. A paz está dentro de você. Encontre-a. Agora me põe junto a outras pedras quando acordar.

_E se eu não devolver a pedra, o que me acontece?Eu me apeguei a ela. Eu sei que não foi o que combinamos, mas eu estava pensando...

_Estevão, realmente não foi o combinado. Todos se apegam a mim, sou tão especial e linda. Você não foi o primeiro e não será o último a querer quebrar regras, porém, você não sabe qual o fim deles. Eles simplesmente perderam tudo o que conquistaram. Nossas escolhas têm consequências, especialmente se não cumprirmos nossa palavra. Você tem 24 horas para pensar e devolver-me, senão...

Ele voltou para casa refletindo sobre seu grande conflito.

Aquele rapaz estava inconformado. Ele não podia perder tudo, no entanto, não queria ficar sem a pedra.  Era só uma pedra, então, por que a queria tanto? Será mesmo que não conseguiu tudo aquilo por mérito próprio e estava dando valor demais a um objeto inanimado?

Sua cabeça estava uma confusão, não sabia mais o que pensar.

As horas estavam passando e chegando o momento decisivo de devolvê-la ou perder tudo.

Os ponteiros do relógio andavam rápidos e o tempo se expirou... Ele decidiu pagar para ver.

No dia seguinte...

Christine liga para ele e diz que precisam conversar.

Ele a encontra apreensivo, ansioso. Será que vou começar a perder tudo a partir dela? Por favor... NÃAO!Ele pensou e gritou internamente. Ele estava desesperado.

_Você está bem, amor? Você parece nervoso.

_Eu só estou curioso para saber sobre o assunto da conversa. Algo me diz que não é algo bom.

Ela sem jeito coloca o cabelo atrás da orelha e sua expressão fica séria de repente.

_Eu te falei que tinha me inscrito para fazer mestrado em Florianópolis, onde tem um ótimo curso na área de cinema e eles aceitaram. Eu estou tão feliz! Eu nem acredito, Tev. Tenho que ir para lá amanhã. O que acha de ir comigo?Eu preciso compartilhar isto com você.

_ E se eu não puder ir com você?Sabe que meu trabalho não dá para sair assim. Não posso deixar meu amigo na mão. Ele me deu uma grande oportunidade de realizar meu sonho. Estou feliz por sua conquista. Você mereceu depois de se esforçar tanto, mas e quanto a nós?Eu não acredito em relacionamento a distância, pois não funciona para mim, Chris.

Chris começou a chorar e então Estevão a abraça, mas ela está tão desapontada com ele que o rejeita. Não era assim que ela tinha imaginado.

Depois de conseguir se recompor ela diz:

_Eu sei que seu trabalho é importante e prioridade para você, Estevão. Eu queria que fosse lá só para me acompanhar em um momento especial para mim, eu não disse que era para morar comigo e largar sua vida aqui, mas acho que você mostrou quem é e que não posso contar contigo. Boa sorte Sr. egoísta. Eu te amo, mas provou que mereço mais do que pode me oferecer. Não precisa se preocupar com relação a distância, porque acabou por aqui. Adeus.

Ela saiu sem olhar para trás com os olhos cheios d’ água e o coração partido. Chris estava profundamente decepcionada com ele. Era difícil sair dali e dizer adeus mesmo o amando muito, mas ele provou que ela não era tão importante para ele quanto ela pensava que fosse. Foi melhor assim, ela dizia para si mesma. Agora focarei em mim, nos meus estudos, ela pensava, mas chorou muito ate cair no sono. No dia seguinte ela partiu.

Enquanto isso... Estevão estava trabalhando, mas sua cabeça estava em Chris.

Ele não conseguia se concentrar e acabou queimando pratos, esquecia de colocar ingredientes. Sua vida parecia que tinha virado de ponta cabeça.

Seu amigo o chamou no escritório dele para conversarem.

_Cara, o que está acontecendo contigo?Anda desatento, vem errando tudo e não foi só hoje. O chefe vem reclamando de você há mais de uma semana e tenho feito vista grossa por acreditar no seu talento na cozinha, porque sei o quanto é bom, sou seu amigo desde a infância, mas me ajude a te ajudar, Estevão. Eu estou me sentindo pressionado a tomar uma atitude.

_ Luan, eu peço perdão a você e ao chefe por eu estar fazendo besteiras, errando nos pratos. Eu sou muito grato pela oportunidade que me deram. Eu até disse isso a Chris, que não podia deixar tudo aqui e ir com ela para acompanhá-la a Florianópolis, porque vocês contavam comigo. Eu perguntei a ela sobre nós, que distância não funciona para mim.  Só que não entendeu meu lado e foi embora, porque ela conseguiu um mestrado lá na área de cinema. Acho que ela foi egoísta. Disse que eu a decepcionei, que não queria que eu fosse para ficar, apenas para estar lá em um momento importante para ela; que eu mostrei quem sou e minhas prioridades. Mulheres são tão dramáticas. Logo ela volta, Chris me ama, mesmo que tenha dito adeus. Eu sinto tanta falta, não paro de pensar naquela mulher, eu a amo.

_Sério?Eu sinto muito, eu não sabia de nada. Por que não me ligou e contou? Não tinha problema você ficar um dia ou dois fora, a gente daria um jeito. E depois de conhecer melhor a Chris não acredito que ela volte a te procurar. Corra atrás para não perder a mulher que ama, Estevão. Você perdeu sua paz, sua concentração no trabalho. Vá e me ligue contando se deu certo. 

_Eu não sei o que fazer, Luan. E se ela não quiser me ver mais? Eu tenho medo de ser rejeitado por ela, sendo que a amo tanto. Acho que esse medo que me paralisa e me deixa tão fora do ar no trabalho. Eu posso ir embora? Vou tentar conseguir uma passagem para lá hoje ainda. 

Chegando na faculdade ele procura por ela na área onde ela estuda, mas ele a viu rindo e brincando com umas jovens em uma sala, como se não sentisse a falta dele. Não tem nem um mês que ela partiu. 

Quando Chris de repente vira o rosto sentindo alguém observa-la e o vê na janela seu semblante muda para uma expressão indecifrável e vai até ele. 

_O que faz aqui Estevão? 

_ Oi Chris. Desculpe por aquele dia, fui insensível, mas você também poderia ter entendido meu lado. Acho que foi um pouco egoísta, mas não importa. Eu sinto tanto a sua falta, Suly também sente. Eu amo você.  A gente dá um jeito com a distância. 

Ela sorriu ao lembrar-se de Suly. 

_Suly é tão fofa. Sinto falta dela, dos amigos que fiz lá, mas quanto a nós, eu não sei. É muito cedo para te dar uma resposta, Estevão. Você ainda por cima acabou de me chamar de egoísta.  Eu preciso de mais um tempo para ver se eu quero te dar outra chance. Ainda dói muito. Estou muito decepcionada com você (Dava para ver a tristeza em seus olhos). Eu estou pensando seriamente em ficar por aqui, tem mais campo para mim e esta cidade é linda. Adoro caminhar na praia depois dos estudos. É revigorante.

_Tenho dúvidas se você me ama tanto quanto dizia, Christine. Eu te vi rindo com as moças quando cheguei. Olhe lá se já não está ficando com alguém. (Ele recebeu um forte tapa no rosto). Se você me amasse, você nem pensaria duas vezes e me perdoaria, pularia no meu colo e me beijaria. Eu me desloquei até aqui, faltei no serviço para ficarmos juntos e você nem me deu um selinho, nem me abraçou. Você disse que o trabalho é minha prioridade, e que você não era. Fez todo aquele drama, mas eu também não sou sua prioridade, pois prefere ficar estudando aqui, do que voltar pra mim. Sabe o que acho? Que você queria se livrar de mim e fez toda aquela cena para separarmos de vez e você seguir sua vida longe de mim. Quem te diz adeus agora sou eu. 

_Tem certeza que a dramática sou eu? Eu estou muito ferida, decepcionada, hoje ainda mais. Eu não conseguiria simplesmente fazer de conta que nada aconteceu e te beijar,te abraçar, te chamar de meu amor, Estevão. Você conseguiu me machucar profundamente depois de acusações. Eu não vou ficar amuada em um canto, ou lamuriar com minhas colegas, elas não tem que aguentar meus choros e reclamações sobre você o tempo todo. Eu realmente tento seguir em frente, mas sei como está meu coração. Adeus. Não me procure NUNCA mais. Qualquer mínima chance que você tinha acabou agora. 

Ela saiu correndo para o banheiro e chorou baixinho até sua colega encontrá-la e levá-la embora para o apartamento onde dividem. Chris chorou e dormiu até a manhã seguinte. 

A partir daquele momento ela prometeu para si mesma que nunca mais derramaria uma lágrima nem por ele ou outro homem , exceto seu pai, que ela não vê há um ano e meio. E voltou a focar nos estudos e saía as vezes com colegas.

Nas férias ela viajou para Belo Horizonte onde curtiu a família. E continua mantendo contato com os amigos que deixou lá no Rio de Janeiro, onde conheceu Estevão, mas não permite que contém nada sobre ele. Ela o deletou de sua história.

 Estevão ficou tão arrasado com o fim do relacionamento que começou a beber,  e faltar ao trabalho por dias sem justificativa. Ele infelizmente foi demitido, mas Luan ainda o ajudava como podia.

Um dia ele cansado da vida que estava levando levou a pedra ao lugar onde encontrou na esperança de que sua vida voltasse ao que era, mas nada aconteceu. 

Ele sonhou com a pedra, naquele mesmo lugar.

_Então pedra lunar, eu devolvi a pedra ao lugar, você pode voltar minha vida ao que era quando eu estava feliz? Eu venho sofrendo muito. Perdi tudo, eu só tenho Suly, minha companheira. 

_As coisas não são assim, Estevão. Você tinha um prazo para me colocar no lugar onde me encontrou e não fez. Eu te disse que os outros perderam tudo. Por que acha que é tão especial para eu te dar mais uma chance? Outros também tentaram isso, sabia? 

_O problema não foi a maldição da pedra por você não ter me devolvido. A verdade é que nunca houve maldição ou magia.Foi você, sua culpa. Você conseguiu tudo aquilo porque passou a ter autoconfiança, esperança em si mesmo e tudo fluiu. Quando eu disse que tinha um prazo e resolveu me desafiar não cumprindo o combinado, sua alma se encheu de culpa, medo e olha como você está. Você foi grosseiro, egoísta e perdeu sua amada. Ela te amou e muito, mas felizmente ama mais a si mesma e está tentando seguir em frente. Algo que você deveria fazer. Se você tomar conta de você mesmo, parar de beber, se cuidar, talvez consiga o trabalho de volta. Luan ainda acredita em você, mas se você continuar desse jeito acabado, eu não sei. As pessoas só ajudam o outro enquanto elas vêem que a pessoa quer ser ajudada, age. Senão elas abrem mão. Você quer que Luan, seu melhor amigo, abra mão de você? Acho que não.

_Eu vou agir, não quero perdê-lo, nem meu emprego. Obrigada.  Ele acorda e vai para seu apartamento, onde toma um banho, faz a barba, come e arruma a casa que está uma bagunça. Ele então joga fora as bebidas e liga para Luan. 

_Me perdoe meu amigo, por ter agido como um idiota e te decepcionei, te envergonhei perante o chefe e outros funcionários. Por favor,me dá mais uma chance. Não beberei mais por tão cedo, até joguei todas as bebidas fora. Eu preciso desse trabalho.

 Suly está deitada aos seus pés e olhando para ele que afaga seu pelo.

_Cara, eu não sei. Vou tentar convence-los a te receber na cozinha, porque acredito em você. Tive uma ideia!(Luan grita entusiasmado) Que tal você vir aqui e preparar um prato para o chefe e seus colegas? Se eles gostarem e te aceitarem você terá uma última chance. Tudo agora depende de você e deles. 

_Vou ver uma receita aqui e vou já. Muito,muito obrigada,meu amigo,vou dar o meu melhor e pedir desculpas. Espero que me perdoem e me aceitem.

Eles gostaram muito e após o pedido de perdão, eles resolveram dar a última  chance para Estevão. 


Anos depois...

Ele continua sozinho e curtindo a solteirice com os amigos, criando receitas e comandando uma equipe para terem os melhores pratos na cidade; tornou-se chefe no segundo restaurante que Luan abriu. E aproveitando a companhia a noite de sua amiga Suly, já velhinha, com pelos brancos e quase sem dentes.

Chris hoje trabalha com cinema, casada com Fernando e mãe de trigêmeos. Ela se encontra feliz e realizada com um homem que a valoriza e a admira. É uma vida corrida para uma mulher com tripla jornada.








DIA DIFÍCIL

 Hoje está tão difícil.  Só queria desaparecer, evaporar como fumaça, e parar de dar trabalho. E ao mesmo tempo eu me sinto tão egoísta.  Te...