domingo, 24 de setembro de 2017

SUORI


Suori é uma jovem descendente de japonês, sua mãe é filha de japoneses e seu pai um brasileiro do Ceará, eles moram no Japão. Ela é alta, com corpo atraente, cabelos negros no estilo Chanel, lábios carnudos, trabalha em um telejornal famoso da cidade de Nagasaki, ela é uma jornalista bem requisitada quando o assunto era política. Ela sempre dava sua opinião sincera e sensata sobre os dois lados. Todos respeitavam sua opinião tornando-a famosa até mesmo na mídia.
Um dia ela conheceu um homem muito charmoso, interessante e melhor, muito inteligente e com ótimo papo, algo raro ultimamente. Eles se encontraram na recepção do hotel onde ela se hospedaria naquela noite para no dia seguinte dar entrevista e por coincidência ele já estava hospedado e estava pegando a chave para ir para o seu quarto. Ele começou a falar coisas triviais, como quanto tempo ele se hospedava ali e como sempre era bem recebido e ela disse que era sua primeira vez no hotel e a conversa fluiu, pois ela também sabia falar português fluentemente por causa do pai e ela era muito agradável. Ele morava em São Paulo, mas como um grande empresário de logística sempre tinha reuniões no exterior. Ele era fisicamente atraente e não vivia cheio de si pelo corpo que possuía, assim como ela que precisava cuidar da aparência por ser uma pessoa que aparecia sempre na TV, mas não se preocupava em excesso com dieta ou exercitar-se, que na verdade ela odiava as duas coisas. Ele se interessava pela leitura e estava bem informado quanto as últimas notícias. Era muito charmoso, seu look mais social sem parecer sério demais e sua experiência de um homem de quarenta anos de cabelos grisalhos e ser viúvo o tornava ainda mais atraente. Ela estava completamente encantada, não parava de pensar nele um só minuto, mesmo quando se concentrava no trabalho.
 Gustavo a chamou para jantar com ele, pois detestava fazer as refeições sozinho e assim se conheceriam melhor e ela acabou aceitando. Eles conversaram no restaurante do hotel e combinaram de almoçar juntos no dia seguinte após o trabalho deles e ela não recusou, pois estava amando conhecer um homem tão diferente daqueles narcisistas, alguns loucos e sem conteúdo que vinha conhecendo através de amigos ou internet. Na verdade, os virtuais prevaleciam, pois sequer tinha tempo para falar com os amigos para eles poderem indicar alguém interessante, mesmo que por telefone. Ela sempre voltava para casa frustrada, pois estava cansada dos mesmos tipos falsos de homens, que nas conversas pareciam tão interessantes e nos encontros mostravam-se o oposto e ela ficava entediada todas as vezes e estava desiludida na área sentimental até encontrar Gustavo.
Eles almoçaram juntos e depois foram dar um passeio por Tóquio e ele simplesmente segurou sua mão e sorriram um para o outro em silêncio continuando o passeio como um casal de namorados. De repente, ao entardecer ele a puxou para si e a beijou suavemente, para não assusta-la. Suori tinha trinta anos, havia tido pequenos namoricos, mas nada que durasse mais que seis meses, pois levava os estudos e depois o trabalho muito a sério e muitos homens não sabiam lidar com sua independência no jeito de pensar, especialmente em relação a política, que para a maioria deles era assunto para homens.
Ao chegar em casa, aquela mulher tão linda, de traços orientais e jeito de ser de brasileira, simplesmente se tornava uma menina, que vestia seu pijama azul bebê, prendia o cabelo e comia salgadinhos, lanche, o que tivesse na despensa ou geladeira, assistindo TV no sofá, às vezes assistia até mesmo um desenho animado, um de seus programas preferidos. Ela dava altas risadas em frente a tv antes de adormecer no sofá e acordar a meia noite. Muitas vezes sonhava que era  como uma dessas heroínas de desenho, que veste um macacão sexy e voa para salvar a população de perigos, que lutava contra os inimigos, seu nome nos sonhos era Sayoro, a heroína das urgências, onde ela era uma executiva e ao ouvir seu relógio apitar ela dava uma distraída nos outros e voava para salvar alguém, com seu macacão azul, sua máscara e sua tiara. Sayoro usava seu batom que emitia luzes quentes ou congelantes dependendo da situação; seu relógio também servia para deixá-la invisível, miúda ou gigante e ela sempre se saia bem. Ela às vezes até se reunia com outros super- heróis famosos para combaterem os  inimigos e suas maldades e salvarem mais pessoas. Ela sempre acordava super bem depois desses sonhos, mas naquele dia ela sonhou apenas com Gustavo e foi delicioso.
Ela logicamente nunca mencionara nenhum desses sonhos a ninguém, nem mesmo para sua prima, Sayioko, nem contara sobre Gustavo, ele foi como um sonho lindo que viveu em Tóquio e esse sonho pertencia apenas para ela ou ambos, pois ele certamente a esqueceu. Ele mesmo sem admitir, deveria ter muitas mulheres a seus pés; muito lindas, interessantes e que não pensariam meia vez para passar a noite com ele. Suori apesar de todo seu potencial, inteligência, doçura e profissionalismo nunca se achara interessante o bastante, linda o suficiente para fazer um homem como ele se interessar de verdade por ela e eles moravam muito longe. Ele nunca deixaria uma cidade como São Paulo para morar no Japão por ela e com ela, que já morava só há cinco anos. Ela tentou esquecê-lo e foi visitar os amigos quando saiu do trabalho, foi comer em um restaurante com a prima, passou o fim de semana na casa dos pais, junto com os irmãos gêmeos mais novos, cunhadas e sobrinhos. Tinha agora uma família grande e isso a distraia.
Um dia na correria do seu trabalho recebeu uma ligação, era ele, seu coração pulsava forte, quase ia a boca, ele simplesmente lhe pediu que fosse ao restaurante que ela tinha ido com a prima na semana passada, que ele estava em Nagasaki e precisava vê-la a noite e marcaram horário. Ela procurou chegar em casa mais cedo, se depilou, maquiou-se e vestiu seu vestido mais bonito para impressionar. Eles se encontraram, conversaram bastante e finalmente ele disse que estava ali porque não parava de pensar nela, que pensava estar apaixonado, que aquilo parecia loucura, já que se viram apenas duas vezes, mas que ela não saia de sua cabeça, nem conseguia se concentrar direito. Ela disse que não parava de pensar nele também. Eles se beijaram outra vez e saíram para seu carro, se beijaram mais e foram para o apartamento dela. Lá se amaram e foi maravilhoso, tomaram banho e café juntos e ele perguntou se poderiam morar juntos por um tempo ou seria apressar muito as coisas. Logicamente ela aceitou, pois não conseguia mais se imaginar sem ele ao seu lado. Ele conheceu a família dela em um jantar e todos aprovaram-no. Ela estava uma mulher realizada no profissional e no coração ao lado de quem amava. Agora ela além de sonhar salvando pessoas e lutando contra inimigos, a executiva e heroína Sayoro também tinha seu herói para salva-la e lutarem juntos contra os inimigos da vida real.

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