sexta-feira, 13 de março de 2020

SÉRIE: AMIGAS ATÉ DEBAIXO D'AGUA


9 EPISÓDIO

Kiara  começou a sair cedo, e se jogar no mundo muito nova, pois ninguém parecia se importar com ela. Como não era querida pela mãe ou irmã, ela praticamente não ficava em casa. Kia sempre ia a um haras com suas amigas para ver uns lindos cavalos que tinha lá e algumas vezes até os montava. Ela se esquecia do resto do mundo quando estava acariciando um, ou  estava montada nele.
Ela cuidava de uma criança desde os seus treze anos para ganhar um dinheiro e assim poder sair e se divertir. A moça por curiosidade passou a experimentar cigarro. Suas amigas aconselharam-na a parar com aquele vício, mas ela nem dava mais ouvido ao que falavam. Kiara aprendeu a se virar sozinha.
 Ela nunca teve pai e mãe para lhe dar broncas, limites, ou até mesmo carinho. Ela passou a sair com vários rapazes para preencher o vazio que sentia, mas este só aumentava quando chegava em sua casa e deitava sozinha na cama. Ela ainda não se apaixonou por ninguém. A verdade é que ela tem medo de se apegar, se envolver e sofrer. Kia deu um tempo nas baladas e começou estudar pra valer para passar no vestibular para medicina veterinária, sua paixão, e conseguir uma bolsa de estudos. Um dia ela estava tão exausta de tanto estudar que precisava refrescar a mente e chamou  Elis.
_ Lis, estou precisando relaxar. Vamos sair? Estou com saudade de beber e me jogar com vocês.
_ Deixe só eu ver se tenho dinheiro Kia.
Blza, eu tenho. Vamos sim beber e se jogar. Maitê está na faculdade, vou mandar msg pra ela e ver se pode faltar o último horário, senão teremos que esperar pra gente sair. Sabe como Mai é, né?
_Oi Mai. Vc pode faltar no último horário pra gente sair um pouco? Kia está precisando relaxar e nós tb.
_ Não posso. O último é uma das matérias mais difíceis. As onze eu saio e espero vcs. Bj.
_Aff. Não te falei que Mai ia querer ir só depois da aula? Vamos nos arrumar miga.
Elas foram se arrumar e às onze elas já esperavam Mai na faculdade. As três saíram e  aproveitaram muito, até Kia conhecer Ricardo e pensou: _Ele é bonito, interessante, maduro, vou tentar ficar com ele além de uma vez só. Estou cansada de aventuras de uma noite.
Mal ela sabia que ele não tinha só qualidades, que seus defeitos a fariam se sentir ainda pior do que sua família a fazia sentir.
Ela parou de fumar por ele; mudou as roupas; raramente saia com as amigas; ele diz o que vai dizer pros outros. Ela não estava entendendo o porquê dele reagir daquele jeito.
_Rick, por que age assim comigo? Por que na frente dos outros você age como quando nos conhecemos: todo carinhoso, charmoso, gentil, atencioso... E entre quatro paredes me põe pra baixo, me humilha?
_ Simples Kiara. Ninguém precisa saber o que acontece entre quatro paredes. Eu não te ponho pra baixo, nem te humilho. Eu apenas digo a verdade. Você não entende que é minha, e que ninguém iria querer alguém como você? Kiara se arrepende todos os dias por ter ido àquela balada e tê-lo conhecido. Ela não o amava, não estava apaixonada como na maioria dos casos de relacionamento abusivo; no entanto, ela se via sem forças para sair daquele relacionamento, pois ele minava o resto de sua autoconfiança e autoestima. Ela já morava com ele há quase um ano.
Um dia em que ele foi trabalhar atrasado e não a trancou em casa, ela juntou as suas coisas e fugiu daquela prisão. Ela havia conseguido a bolsa, mas ele não a deixou estudar. Ela fez a matrícula e trancou o curso. A verdade é que nem trabalhava mais como babá, ele dizia que a sustentaria.
Ela ligou pras meninas de um telefone fixo da vizinha e pediu um dinheiro emprestado, pois precisava fugir dali e não tinha dinheiro nenhum. As duas juntaram um dinheiro e lhe emprestaram. A despedida entre as três foi muito emocionante, pois sabiam que de agora em diante nada seria como antes; e ela fugiu. Kiara pegou carona com caminhoneiro morrendo de medo, mas se fosse de ônibus ele poderia rastreá-la e encontrá-la; e isso era a última coisa que queria.
Os próximos episódios mostrarão a vida adulta de cada personagem. Espero que tenham curtido e talvez até sentido empatia por algumas delas durante a adolescência.


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