domingo, 21 de janeiro de 2018

SATÔ


Satô é uma pata que nasceu diferente dos demais patos.
Ela muitas vezes se sentia rejeitada pelos outros, inclusive pelos próprios irmãos e parentes, até mesmo o próprio pai a chamava de estranha. Sua mãe era a única que a amava do jeito que era e a achava linda, especial.
Ela nasceu da mesma cor que os outros, no entanto, as penas em sua cabeça formavam um topete e na cor roxa; ela tinha uma corcova no corpo, assim como um camelo e seu rabo se assemelhava a uma cauda de peixe e tanto a corcova quanto a cauda tinham pontos brilhantes roxos como glitter. Era incrível olhar para ela, parecia um quadro de um pintor famoso de tão surreal e mágico que era vê-la.
Sua mãe vivia dizendo-lhe que era especial, única, pois assim como todos eles, ela têm algo que a diferencia  dos demais.
Eles viviam tranquilamente em uma fazenda onde tem um grande lago para se refrescarem.
Entretanto, em um dia ensolarado Satô estava aquecendo suas penas na beira do lago quando um homem apareceu de repente na sua frente com uma coisa estranha, (ele estava com uma máquina fotográfica tirando fotos dela) e ela muito assustada pulou para o lago e se afastou nadando. De longe ela avistou o dono da fazenda conversando com o tal homem e os dois se cumprimentavam alegremente.
No dia seguinte ela foi fotografada por inúmeros fotógrafos e logo sua imagem estava estreando nas capas de revistas e manchetes de jornais televisivos como: "a grande estrela" do mundo animal. Ela se sentiu especial naquele momento. Ela se sentiu importante de verdade.
Sua mãe estava orgulhosa dela e os irmãos, o pai até começaram a tratá-la melhor, mas todos sabiam que aquilo não duraria muito tempo e a realidade voltaria à tona. Talvez seus sentimentos de rejeição também voltassem às vezes, porém, agora ela se sentia mais segura com ela mesma.
Ela foi estudada por vários biólogos da região que descobriram que ela é um caso raríssimo e quiseram levá-la para pesquisar mais. Eles deram uma grande quantia em dinheiro ao dono da fazenda que recusou firmemente a proposta, apesar da família ir contra, mas para ele a pata pertence a sua fazenda e lá ficaria. Ela hoje está esquecida pela mídia, visto que na mídia tudo é muito efêmero, basta um nova notícia "bombástica" que todo o resto é esquecido, mas agora ela está feliz. Sua mãe permanece amando- a da mesma forma de antes, seu pai e irmãos a tratam um pouco melhor, mas está longe de ser relação de uma família em paz e feliz. Satô hoje encontrou seu pato amado e tiveram vários patinhos, sendo que dois deles se assemelham a ela. Esta agora é uma família em paz e feliz, apesar de às vezes morrerem de medo de virarem comida de predador e dos donos também. Seu dono faleceu. Satô se sente privilegiada por ser como é e ri das vezes que sofreu tanto por ser assim: Rarissima.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

AQUELE OLHAR


Como eu queria que houvesse um único olhar capaz de me fazer sentir nua, corada, intrigada.
Não um olhar de malícia, de desejo, daqueles que te arrepiam até a espinha.
Também gostaria desse.
Falo mesmo é daquele olhar que procura vasculhar meus pensamentos, minha alma e compreende meu coração.
Aquele olhar que me faz sentir vulnerável.
Aquele olhar que você acha que percebe o que o outro está vendo através das reações, ou falta delas.
Aquele olhar que te deixa nervosa, encabulada.
Afinal, quem sabe o que o outro está vendo através de você?
você tenta analisar o olhar do outro, mas é misterioso demais... Talvez um dia eu desvende.
Aquele olhar que te analisa, te admira, não pelo externo, mas por quem você realmente é, ou gostaria de ser.
Em livros esse olhar existe e me faz sonhar acordada.
E na vida real?
Será que realmente só existe o olhar cheio de desejo, luxuria pelas curvas de uma mulher ou o corpo viril de um homem?
Ou o olhar misterioso que falo está perdido enquanto eu não apareço?

QUEM NUNCA SE DECEPCIONOU COM ALGUÉM?

 Ando tão decepcionada com as pessoas ultimamente.  Pregam com tanta firmeza uma coisa e agem de outra forma.  Perfeita?  Estou bem longe de...