Brenda e Lúcio estavam tão apaixonados que mal tiveram tempo de se conhecerem melhor, resolveram morar juntos depois de ficarem por três meses. Ela decidiu ir morar com ele, já que sua mãe não permitia que ele morasse lá sem se casarem. Lúcio era o mais romântico do casal, porém ambos tinham a fantasia de que o relacionamento deles seria como um conto de fadas, daqueles que assistimos em filmes, novelas ou lemos nas histórias, um "felizes para sempre".
O começo era uma mistura de romance e discussões, pois ambos discordavam de muitas coisas. Eles precisavam alinhar as crenças, o modo como foram criados para terem um bom relacionamento. Não está sendo fácil para o casal agora não tão apaixonado como no começo e Lúcio parece ter perdido o romantismo que a conquistou.
Eles querem um relacionamento saudável, mas Brenda é muito ciumenta e Lúcio às vezes acha que ainda é solteiro e sai para as baladas com os amigos depois do trabalho, a famosa "esticadinha" sem avisar para Brenda, chega de madrugada nos fins de semana, o que aumenta ainda mais as discussões entre eles e a insegurança dela.
Ela não quer filhos, este também ainda é o motivo das brigas, pois o sonho dele é ser pai, e não consegue imaginar um casamento para a vida toda sem filhos. Brenda já se sentia sobrecarregada trabalhando fora e em casa, imagina com criança? Ela entrava em desespero só de imaginar.
Aquela mulher toda vaidosa há dois anos, antes de conhecer Lúcio, que se arrumava toda para sair e se sentia maravilhosa, parece ter sumido. É como ela se sente hoje quando a única coisa que quer depois de arrumar tudo em casa quando chega cansada do trabalho de caixa no mercado é dormir e dormir. Ela se sente sem disposição para se arrumar, até para si mesma. O que a deixa mais insegura e louca de ciúmes quando o vê olhando para outras mulheres. A verdade é que ela sente desânimo até em sair com amigas ou com o marido. Eles não fazem amor há alguns dias, então ele reclama. Ela se sente exausta, portanto não tem disposição para isso. Às vezes ela faz mesmo sem vontade, só para ele deixá-la em paz.
Lúcio não a ajuda com nada e pensa que a obrigaçao dos afazeres de casa são da mulher, pensamento machista como de seu pai, e até mesmo da mãe dele, que foi criada para cuidar da casa e dos filhos. Ele esqueceu que está no século XXI, que também mora na casa, portanto, tem obrigação de fazer as coisas também. Então vai jogar vídeo game, tomar sua cerveja, sua alegria quando não sai com os amigos. E tem dia que sem avisá-la ele os traz para jogarem umas partidinhas também. No entanto, Lúcio nunca lhe perguntou se ela queria jogar com ele.
Brenda tem pensado muitas vezes em voltar para a casa dos pais, ou achar um apartamento e seguir sua vida. Ela o ama, mas sente que merece mais da vida.
Lúcio ama a sua esposa, mas às vezes queria não ter que voltar para casa e ter de ouvi-la reclamando ou mandando ele fazer coisas, afinal ele trabalha muito na serralheria e chega cansado em casa, não deixa faltar nada, então merece ficar sem fazer nada no sofá.
Brenda está pensando de verdade em pedir um tempo. Ela precisa cuidar de si mesma, se conhecer novamente e voltar a ser a mulher ativa, animada, brincalhona que se perdeu no meio da relação. Ela está pensando em voltar a estudar e conseguir um emprego melhor. Não aguenta mais trabalhar de caixa. Algo que ela comentou com ele e não teve o apoio que esperava. Ela vem juntando decepções em relação a ele, o que só piora tudo. Já desistiu de fazer D.R., é em vão. Lúcio está tão acomodado e não ficava um tempo com ela para sentarem e conversar, se divertirem juntos.
Brenda está arrependida por não ter escutado a sua mãe e tê-lo conhecido melhor antes de deixar a paixão falar mais alto e ir morar com ele. Eles sabiam que relacionamento não é fácil, os dois tem que ceder muitas vezes, muito diálogo para entrarem num acordo e saberem mais um do outro. Teoria e prática são coisas diferentes, além da fantasia dos contos de fadas, que não ajuda, mas não é impossível de conciliá-las, os dois tem que querer de verdade para fazer dar certo. Brenda está tomando coragem para ter a conversa da vida deles.
Ela não pretende se separar definitivamente dele, apenas morarem em casas separadas e ela tomar as rédeas da vida, enquanto se conhecem melhor e decidem o que é melhor para ambos. Eles se amam, mas do jeito que estão vivendo, ninguém está feliz.
Uma semana depois.
_Lúcio, precisamos conversar. Nós dois não estamos felizes nesta relação. Eu sei que a gente se ama, mas não está sendo suficiente para estarmos juntos.
_O que você quer Brenda? Quer discutir a relação agora? Não estou com paciência pra isso.
_Não Lúcio, não vou começar nada, ao contrário, minhas malas já estão feitas, eu preciso de um tempo só para mim, para cuidar da minha vida e voltar a ser aquela mulher que conheceu há dois anos e que eu desconheço no momento. Acho que você também precisa desse tempo para avaliar sua vida e nossa relação. Vamos voltar a nos ver como namorados, cada um na sua casa. Acho que fomos rápidos demais e deu nisso. Você sabe onde me encontrar.
Lúcio ficou em choque ao olhar para as malas na porta da sala e só disse uma coisa:
_Ok. Se for o que você quer, eu entendo.
Brenda com lágrimas nos olhos levantou-se e saiu decepcionada, pois esperava que ele fosse pedir para ela ficar.
Lúcio se sentiu estranho: alegre por ter sua liberdade e ao mesmo tempo já sentia falta dela. Talvez seja o melhor para eles agora, que ele sinta falta da mulher que ama e a valorize.
Eles agora estão namorando e ela voltou a estudar e está se priorizando de novo.
