Dalila estava entediada deitada no sofá às oito da noite
assistindo a um filme na TV, então seu celular toca e sua briga interior começou.
Atender aquela ligação queria dizer abrir mão de tudo o que acreditava, pois ali
estavam seus princípios em jogo; mas e se não o atendesse e perdesse a chance
de tê-lo para sempre? Era seu ex-namorado que agora namorava outra, porém,
sempre a procurava e ela sempre cedia. Ela já tinha saído algumas vezes com
ele, mas estava se sentindo mal consigo mesma, usada e sentia que estava se
traindo. Dalila estava tão apaixonada por ele. E agora? O celular não parava de
tocar.
Será que ele me ama e está com ela por comodismo ou medo
de assumir o que sente por mim? Será que está com saudades? Eu sinto tanta
falta dele, mas estou tão cansada disso. Será que ele não vai largar dela para
ficar comigo?Tantos pensamentos que não saíam de sua mente e as falas das
amigas falando para mandá-lo embora de vez de sua vida, que não valia a
pena, que merecia alguém bem melhor, etc. Sua mente fervilhava e o coração batia
acelerado ao ouvir o toque insistente. Seu lado racional sabia de tudo aquilo, mas
sua paixão mandava ela persistir, que uma hora ele se declararia e voltariam: Vai
gata, atende logo esse telefone, se caso ele desistir não conhecerá mais ninguém
que goste de você, ou que a deseje.
Ela estava tão confusa, perdida entre a razão e a emoção,
entre o certo e o errado. Sua autoestima estava no chão desde que passou a sair
com ele. Ela se sentia a pior das criaturas depois que voltava do motel sozinha
em um táxi, pois o rapaz sempre tinha uma desculpa, especialmente quando o cobrava
sobre tomar uma posição. Aquilo parecia durar uma eternidade, mas não havia
passado de cinco minutos e o telefone parou de tocar.
O seu lado sabotador dizia: Agora já era, perdeu sua
chance, morrerá solteira, eu avisei para atender. Enquanto que seu lado
racional a parabenizou por ter resistido à tentação. Você venceu mais uma batalha,
se ele insistir outras vezes continue na sua, ele não merece você. Aquilo a fez
se sentir vitoriosa, capaz de dizer não a ele nem que fosse uma vez e ao mesmo
tempo estava com medo, bateu quase um desespero. No entanto, não o procurou e chorou até
cair no sono ali mesmo no sofá. Ele a procurou algumas outras vezes durante a
semana, no entanto, ela não o atendeu mais e o rapaz desistiu. Algumas vezes seus
dedos digitaram o número dele para ligar ou uma mensagem de texto para enviar,
felizmente ela resistia e apagava. Não era fácil aquilo tudo para ela, mas
estava se vencendo a cada dia.
Dalila sentiu que estava se valorizando, se priorizando e
aquilo deu a ela outro olhar sobre si mesma e embora a paixão ainda persista, nunca
mais disse sim para quem não a merecesse de verdade.
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