A chuva cai lá fora.
Tudo parece cinzento, melancólico.
A ansiedade me faz ranger os dentes, apertá-los toda
hora.
As férias descansam o corpo da jornada diária de oito
horas e também uma porcentagem da mente, mas não toda.
Queria que houvesse um “botão” em nós para fazer a mente
esvaziar de vez em quando.
A tensão parece não querer sair de mim.
Por que estou assim?
Seria mais fácil se a vida fosse um faz-de-conta, só não
sei se teria graça.
A solidão está se tornando minha companheira, além da
minha mãe.
Um carinho no rosto, no cabelo, um abraço apertado, ficar
junto só curtindo música faz falta.
Conversar, beijar, rir... Como é bom!
Mas ultimamente nos sentimos tão perfeitos que estamos
impacientes com as imperfeiçoes do outro, então nada vai adiante.
O egoísmo, os mimos, ciúme, insegurança, medo, distância...
tudo faz o bem-querer, o amor irem para último plano.
Será que por isso as relações estão tão fugazes?
Elas estão mais rápidas para terminar do que para começarem,
se conhecerem melhor.
As pessoas querem sempre estar certas sobre tudo, levar
vantagem e fazem tudo o que puderem para não perderem o poder e ganharem sempre
mais e mais.
O amor, a paciência de ouvir o outro sem pressa, sem
julgar ou dar conselhos fúteis é tão raro hoje em dia.
Isso tudo entristece a alma, além das dores físicas e do
medo maior de ficar só nesse mundo de pessoas tão loucas e às vezes cruéis.
Eu só desejo duas coisas: ser grata a Deus e a quem
merece minha gratidão; e me tornar um ser humano melhor fazendo com que quando
eu partir dessa dimensão as pessoas sintam algo bom ao lembrarem-se de mim.
Só deixamos aqui o que realmente vale a pena, as
lembranças para quem conhecemos.