domingo, 15 de dezembro de 2024

MAIS UM FIM DE ANO

 

Mais um fim de ano chegando.


O tempo tem passado tão rápido, embora uns meses para muitos pareceu durar uma eternidade.


E é tão louco, porque às vezes perdemos a noção de que dia da semana estamos. 


Que dia é hoje? É o que mais ouvimos.


O dia é quarta, e quando nos damos conta já é sexta.


Sábado e domingo passam como um raio, e logo começa mais uma semana.


Ficamos até na dúvida se algo aconteceu esse ano, ou ano passado. 


Mais um natal chegando: casas decoradas, luzes piscando, compras de presentes... 


Isso traz vida à cidade e alegria, ânimo nas casas para prepararmos a chegada do Salvador em nossos corações.


Festas, confraternizações, amigos secretos, programas especiais na tv...


Isso nos faz esquecer um pouco da tragédia do Sul; da violência que assistimos; dos problemas diários, e das dores interiores.


E o mais importante: Natal é o nascimento de Cristo. 


Embora muitos se esqueçam:


É por Ele que esperamos.


 É Ele que nos dá força para nos levantarmos todos os dias.


 Ele nos dá esperança de um próximo ano melhor, de sermos pessoas melhores.


Damos graças por tudo de bom que recebemos; e pelos livramentos que Ele nos dá mesmo sem sabermos.


Nem sempre agradecer é fácil quando perdemos as pessoas que amamos, e as dificuldades que tivemos.


Às vezes é difícil até ter fé diante de tudo isso.


Superamos tantas coisas que pensamos que não conseguiríamos.


Tivemos coragem de nos desafiar, de irmos além; de procurarmos ajuda quando não damos conta sozinhos.


E nos orgulhamos por cada conquista.


Época de resoluções; esperança; fé; agradecimentos à Deus; e reunir com as pessoas que amamos, seja família ou amigos.


Isso tudo é o que vale a pena.






  

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

A MENINA DE ONTEM E A MULHER DO FUTURO

 Revisando alguns textos e poemas me fez refletir.

Será que realmente eu amei algum dos caras que me inspiraram a escrever todas aquelas coisas?

Será que era amor, ilusão, carência,  romantismo, ou falta de amor próprio que me fez aceitar tantas migalhas e  achar que era muito?

Ou tudo isso junto?

Meu senso de merecimento  é tão baixo assim?

Isso entristece meu coração. 

A época era diferente, eu sei.

 Não tinha a tecnologia; nem os pensamentos, ou as atitudes de agora.

 Independente de orientação sexual.

A gente acreditava até em príncipe encantado; em relacionamento pra vida toda; em amor puro, sincero, romântico...

 Não era só uma atenção intensa, um interesse que te faz acreditar que agora vai dar certo; ouvir frases como eu te amo; você  é especial; você é diferente, até levar você pra cama e depois sumir, "esfriar" contigo.

Hoje tudo é tão fugaz, rápido como  a internet.

E com  o interesse de qual bem vai adquirir no término.

É até chocante pensar numa coisa dessas.

Desanima pensar em se relacionar ultimamente, ou no futuro.

Quando achava que amava e  que era correspondida, colocava todo meu coração, meu sentimento mais sincero e puro, tudo no papel. 

Era tudo tão real, bonito.

Por mais ingênuo e diferente que pareça hoje, até mesmo pra mim.

Não quero mais aceitar tudo só pra estar com alguém, pra não ser deixada.

Não quero  amanhã fazer mais do que devo, implorar por atenção só pra ser lembrada, notada por quem eu gosto, e ele nem aí.

É humilhante demais, e há uns dias percebi isso.

Se um dia me relacionar, a cabeça e as atitudes serão diferentes.

Porque eu não serei mais aquela menininha de umas décadas atrás.


sábado, 31 de agosto de 2024

A DOR POR TRÁS DO RISO

 

Está tão difícil viver hoje em dia.

Já houve várias guerras no Brasil, no mundo e estão havendo, na verdade.

E não quero menosprezar nada. 

Quem sou eu pra fazê-lo?

 Eu estou bem longe de saber o que aquelas pessoas passaram, passam, ou suas famílias. 

Há vários tipos de lutas por aí.

A luta interior que ocorre dentro de nós mesmos é tão tensa.

Às vezes até pior do que a que temos todos os dias no trabalho, em casa...

Tudo dói. Parece que tem algo tão pesado sobre os ombros.

E me pergunto: até quando essas dores vão permanecer?

Cada pessoa tem suas dores, pesadelos que muitas vezes passam pra problemas físicos. 

Será o peso da armadura que "vestimos" para nos protegermos de mais dores? 

Não dá pra imaginar que por trás de um sorriso, uma risada alegre há uma dor profunda, perdas, traumas e um peso imensurável sobre si mesmo.

Tem horas que me pergunto se sou fraca, se não estou fazendo tempestade em copo d'água com meus problemas.

Há tantas pessoas em situações bem piores do que a minha. 

Pedir, procurar ajuda é ato de grande coragem. 

Se sentir que precisa, que não suporta a armadura peça ajuda pra tirar.

 Você consegue superar e sair forte. 






domingo, 14 de julho de 2024

TANTOS PORQUÊS

 Você me faz pensar sobre tantas coisas:

Tantos porquês.

Por que acha que não merece ser bem tratada? 

Por que você não consegue se acolher?

 Acolher aquela menina que está aí dentro. Ela precisa de você.

Por que não consegue perdoar-se?

Por que é carinhosa, cuida dos outros e não de você?

Por que se trata como sua maior inimiga?

Por que  você cobra tanto de si mesma, e é tão dura contigo?

Por que não acredita nas pessoas quando falam bem de você?

 Você desconfia delas, mas acreditaria se falassem mal.

Por que você permite que as pessoas te desrespeitem, e falem coisas ruins pra você?

Eu sinceramente não sei dar essas respostas, e isso me angustia.

Eu sei que eu não tenho culpa da deficiência.

Ela foi consequência da Artrite Juvenil, da demora do diagnóstico.

Mas por que isso tudo que disse  antes aconteceu por causa dela?

Eu nem sei dizer desde  quando começaram esse maus tratos comigo mesma, esse "auto-açoitamento", essa permissividade que só tem me magoado. 

Dizer NÃO, falar o que sinto e penso é quase uma tortura.

Permitir ser vulnerável  é um desafio enorme para mim.

É tão exaustivo ter que ser forte o tempo todo.

A única coisa que me pergunto é:

 Por que não comecei a me cuidar antes?

 E olha que já  tive oportunidades e não aproveitei.

Baixíssima autoestima; timidez/ solidão; rejeição dos caras... Com certeza tudo colaborou.

Por que deixei chegar ao ponto que estou hoje?

De parecer que  tenho "TOC", de sentir necessidade de controlar tudo à minha volta, de sentir útil às pessoas a minha volta, competente o tempo todo no trabalho.

Ansiedade que não passa, parece que só aumenta.

Não paro de me comparar e isso me deixa triste.

A comparação faz detestar a mim mesma, não aceitar o meu corpo, minhas limitações, mesmo depois de tantos anos.

A gente se xinga, fica com raiva de si mesma, e por que não dizer, de Deus também?

Isto abala a fé, que nem sei se tenho mais.

Falar que é só parar  de se cobrar,de  se comparar, que tem que não sei o quê, isso é fácil. 

Tudo é um processo.

39, 20, 10 anos... Não vão mudar da noite pro dia.

É preciso começar a querer mudar:

não permitindo os pensamentos negativos, auto cobrança, desrespeito dos outros... 

Um dia de cada vez,como diz minha amiga.

Se você está começando a fazer tudo que eu disse no por quê...?além da necessidade de controlar tudo, procure ajuda..

 Você não tem que chegar aonde cheguei. 

É um sofrimento desnecessário, se você pode se cuidar antes.


sábado, 25 de maio de 2024

JULIANA


 Romário é sempre brincalhão, porém, gentil, educado com todos: sejam eles pacientes, colegas ou médicos. Como nunca percebeu ou sentiu um clima entre eles, então Juliana prefere ficar na dela, esperando uma atitude dele. Ela nunca foi de sair com vários caras, e admirava, ou invejava as meninas que eram mais ousadas, que chegavam nos homens, que ficavam de forma casual. Ju sempre gostou de algo mais sério, no entanto, seus relacionamentos nunca duraram muito, seja por imaturidade, apego muito rápido, insegurança dela; ou irresponsabilidade afetiva, falta de interesse em compromisso, grosseria da parte deles. Algo que ela não admitia, por isso admirava tanto o jeito de Romário, além do sorriso branco, seu perfume que dava vontade de agarrá-lo e ficar cheirando o pescoço o tempo todo, mas precisava me controlar, por isso evitava ir à área de atendimento. Um hábito constante em sua vida: conter-se.   

A vida de Juliana baseia-se em: trabalhar; cuidar dos pais (o que pode levar muito tempo do dia dela); manter a casa arrumada; fazer comida; ter paciência; ficar de olho em tudo; e pagar as contas. Ela se sentia sem motivação, entediada, pode-se dizer que se sentia infeliz.

Para os colegas de Juliana, sua vida era maravilhosa, pois não era casada, nem tinha filhos. Era como se não tivesse problemas na vida, e que só eles tinham contas a pagar. Quem dera, ela pensava. Aquela mulher desistiu de gastar sua energia tentando mostrar aos outros que sua vida estava longe de ser perfeita, e que seus gastos eram tão grandes quanto os deles. Não valia a pena ficar falando, então dava seu sorriso amarelo para evitar mais conversa fiada. 

Um dia foi à casa de Diana, onde conheceu Jean, o cunhado de sua amiga, e percebeu uma troca de olhares entre eles. Jean sempre dava um jeito de se aproximar dela e puxava assunto, a provocava. Ele era engraçado, mas não era daquele tipo de cara que quer ser engraçado à todo custo, e acaba se tornando insuportável.  Ela se perguntou por que não conhecê-lo melhor, ver o que ele quer. Romário não faz nada e ela já estava cansada de esperar. Aquele rapaz era mais baixo do que o último rapaz com quem saiu. Aparentava ser mais novo, no entanto, ele teve a atitude de lhe pedir o número de telefone. Assim que ela foi embora da casa de Diana ele ligou e conversaram por umas horas. A conversa fluía tão bem, ela se sentia à vontade com ele, e assim seguiu uma rotina: eles passaram a conversar todos os dias depois que Juliana ia descansar em seu quarto, enquanto ele jantava, ou se deitava no sofá para conversarem, pois chegava tarde do trabalho. Jean era tratorista numa fazenda e morava também com os pais. Ela percebeu nele um homem bem humorado, correto, e muito sério nos seus valores. Ela começou a esquecer de Romário.

Romário, porém, começou a notar que Juliana estava diferente, e a ouviu falar sobre outro rapaz com uma colega e sentiu ciúmes, além do ego ferido. 

Ele começou a se aproximar mais dela, elogiá-la, e apesar de ser educada ao agradecer, Ju foi direta quando percebeu a intenção dele e disse lhe:

_Romário, eu estou conhecendo uma pessoa. Eu te esperei por muito tempo, mas como não tomou nenhuma atitude, então segui em frente. Quando você deveria ter feito o que está fazendo não fez. Cansei.

Ele perguntou se estava namorando, e ela lhe disse:_ Por enquanto estamos nos conhecendo, e não temos pressa. 

_Podemos ser amigos, pelo menos, Juliana?

_Por que agora, Romário? Acho melhor deixarmos como estava. Tchau.

Ele ficou cabisbaixo por dias e pensava como podia ser tão idiota por perder uma mulher como ela. Ela não lhe deu esperança alguma, nem sua amizade queria. E agora ficaria chupando dedo.

As conversas estavam ficando cada dia melhores. Jean era um homem tímido, respeitador e também brincalhão quando conhecia melhor a pessoa, o que a deixava encantada. Ela se perguntava quando ele a chamaria pra sair. 

Jean finalmente criou coragem para convidá-la para sair e os dois foram a um parque de diversões. 

Ele a encorajou a andar com ele na montanha russa pela primeira vez, enquanto o carrinho subia ele segurava a mão dela, mostrando-lhe apoio.

Ju conseguiu se abrir com ele e lhe contou como se sente sobrecarregada, o quanto é exaustivo manter tudo em ordem, estar sempre no controle, ser forte o tempo todo. Algo dentro dela dizia antes de ela falar para não fazer aquilo, que parecer vulnerável poderia fazê-lo perder a admiração, interesse por ela. Ela ficou em silêncio por uns minutos, bem reflexiva se falava ou não. Tudo estava tão bom, não queria que se afastasse dela, como os outros fizeram. No entanto, ela sentia que suas emoções estavam para explodir a qualquer momento.

_Ei, Ju, está tudo bem? Ficou quieta de repente. Ele a olhou nos olhos e viu angústia. A primeira atitude que teve foi abraçá-la com força, protegê-la, seja lá do que fosse.

Ela, no entanto, não resistiu e desabou, chorava nos braços dele compulsivamente. Depois de se acalmar,  muito envergonhada pediu desculpas.

_Desculpa, Jean, não deveria ter estragado nosso passeio, a gente estava se divertindo. Não sei por que fui tão fraca e desabei assim. 

Ele colocou o dedo em seus lábios a silenciando.

_Você não precisa se desculpar por isso, e nem estragou nosso passeio, que pra mim, está perfeito, Ju. Eu vi angústia em seus olhos, e mesmo sem saber o que estava acontecendo, eu senti que você precisava daquele abraço e fiz. 

Ela deu seu melhor sorriso para agradecer e contou como se sente, e que não poderia ser assim, que estava pensativa, pois não sabia se deveria contar-lhe sobre seus sentimentos, incluindo sobre como se sentia quando conversava com ele. Algo dentro dela dizia que se falasse ele se afastaria, perderia a admiração por ela.

_Ju, espero que saiba que nem sempre podemos ouvir nossa voz interior, ela pode nos sabotar e muito. Eu sou sim, dez anos mais novo que você, mas eu nunca seria infantil ao ponto de me afastar de uma mulher como você, só por me mostrar quem realmente é, e expor suas emoções, que eu percebi que é difícil pra você. Eu realmente agradeço por confiar em mim. Eu sinto do  mesmo jeito sobre você e não, não perdi a admiração por você, ao contrário, ela aumentou, pois não quero uma mulher forte, heroína o tempo todo, é chato pra dedéu. Eles riram. Eu estarei sempre com você, se quiser. Eu estou louco pra te beijar, mas antes disso quero ser teu amigo, que possamos ser nós mesmos um com o outro.

Ela não pensou duas vezes e o beijou. Ele foi bem receptivo e o beijo foi indescritível.

Ele a pediu em namoro e passou a ajudá-la cuidando dos pais dela quando estava de folga, ou eles iam a casa dele passar um tempo com a família daquele rapaz. Ás vezes ela levava os pais dela também e passavam horas muito boas juntos. Os pais dele receberam-na tão bem e não ligaram para a diferença de idade deles. A mãe dele disse que Jean sempre foi maduro para a idade dele desde pequeno, e se ele a escolheu era porque viu que era a mulher certa. E pelo que tinham conversado, ela percebeu que o filho estava certo.

Juliana ligou para Daiana e disse que estava namorando Jean, e a amiga ficou muito feliz por ela. Juliana estava só há tanto tempo, e mesmo com a cuidadora para ajudar a cuidar dos pais, percebia o quanto estava solitária e precisava de apoio. Daiana se sentia uma péssima amiga, às vezes, por ficar em sua casa cuidando de tudo e não ir ajudar Ju, mas cuidar de um lar, e de uma família era bem cansativo. Ultimamente a única coisa que queria era deitar e dormir depois de fazer tudo. Ela sabia que não era desculpa, mas não tinha energia nem pra sair de casa. Daiana disse isso a Ju uma vez como se sentia, a amiga a abraçou, compreendeu e nunca a julgou ser mà amiga por isso, pois ela também não tinha energia pra nada. Quando a cuidadora não ia ao fim de semana, ou por algum motivo importante, sua rotina virava do avesso, ela pensava que iria ficar louca. A sua sorte é que várias vezes podia contar com a vizinha, Joana, que a ajudava durante a semana, ou se saía com Jean. Aquela senhora sabia o quanto era difícil pr’aquela moça fazer tudo sozinha e a admirava. Ela via o quanto Ju precisava de um descanso, e por isso fazia companhia aos pais dela.

Apesar de Jean fazê-la muito feliz, ela precisava de mais, pois ele não podia ser o único meio de se sentir feliz, realizada. Ju não estava feliz em seu trabalho, precisava se descobrir: saber o que queria pra vida dela, aonde quer chegar, do que gostava, pois tem feito tudo tão no automático nos últimos anos, que esqueceu de si mesma. Ela resolveu então tirar um fim de semana pra si mesma, longe de todos e de tudo que a preocupava, então pediu a chácara de Daiana emprestada para passar um momento sozinha e refletir, se autoconhecer. Foram dois dias muito intensos, reflexivos e ela resolveu que procuraria outro emprego, enviando vários currículos online, e que faria aula de violão em casa, assim, ela poderia estar atenta ao país dela. Violão é um instrumento que ela sempre gostou do som, e admirava quem tocava bem. Ela só ficava ansiosa se daria conta de tudo. Ju estava tensa, temerosa, pois não sabia como Jean reagiria ao lhe contar sobre suas reflexões e decisões. Ele a abraçou e disse-lhe que ajudaria, que ela não estava só, e que queria vê-la feliz. Ela ficou tão comovida com a reação dele que seus olhos derramaram as lágrimas mais felizes que ela já derramou em toda sua vida. Antes eram lágrimas de medo, solidão, e tristeza, por causa dos relacionamentos anteriores.  Aquele homem em sua frente, com os olhos brilhando e o sorriso iluminado olhando pra ela era realmente o amor da sua vida, e não abriria mão da relação que eles têm. Ela sabia que futuramente se casariam, era o destino deles.  

Juliana amava trabalhar com pessoas, embora muitas vezes elas podiam estressá-la com o número de problemas que lhe traziam, além da grosseria, incompreensão, e raramente era ríspida com algum paciente. Suas colegas sempre diziam que ela era muito paciente, que não sabiam como ela conseguia. Simplesmente queria atender ás pessoas como ela gostaria de ser atendida, com boa vontade, interesse e resolver tudo que estava ao seu alcance. No entanto, Ju não quer mais trabalhar na área da saúde, era muito desgastante e triste, sombrio.

Passaram-se seis meses até conseguir uma entrevista e depois várias outras empresas entraram em contato e após oito meses ela conseguiu um novo trabalho para lidar com as relações de trabalho em uma empresa de publicidade. Foi muito bom mudar de ares, mas ao mesmo tempo, era bem difícil para ela sair de um lugar em que aprendeu tanto, passou doze anos, conviveu com colegas que considerava tanto, outros nem tanto; um lugar em que fez amizade com vários pacientes, e sentiria saudades, mas precisava seguir em frente. Foi um dia de muita emoção para todos: muitas lágrimas, abraços, bilhetes cheios de carinho e amor, embora despedida nunca seja fácil.

Achou que era só isso? Aquela nova versão de Juliana queria se superar, então começou fazer uma pós-graduação nos fins de semana, na área em que começou a trabalhar.  

Ela estava tão ansiosa e com medo de não ser bem-vinda, de ser ignorada, de tratarem-na mal, mas quando o diretor a apresentou aos outros seus receios caíram por terra, e todos foram educados, gentis com ela. O coração dela bateu aliviado.

 Sua vida estava mais corrida do que nunca, e apesar de quase não conseguir ver Jean, quando estavam juntos viviam momentos únicos. Ela estava se sentindo realizada, bem consigo mesma. Ele estava tão feliz por tê-la em sua vida que lhe pediu em casamento com um anel simples de ouro, mas que tem economizado por alguns meses para comprar. O amor deles era profundo, sincero e estavam preparados para enfrentarem tudo juntos. Eles sabiam que o casamento não é um mar de rosas, que tem mais desafios do que momentos bons, que é preciso respeito, admiração, ceder, perdoar, ter paciência, diálogo e companheirismo para o amor durar e o carinho permanecer até que a morte os separe. Eles não estavam romantizando o amor, eles ouviram tanto os conselhos da mãe de Juliana e dos pais de Jean, que estavam cientes sobre o que é casamento e mesmo assim estavam dispostos a tudo.

Um ano depois do pedido eles se casaram e foi algo simples, pois casaram no civil, e na igreja foi algo bem mais barato e discreto do que os casamentos de hoje em dia. Porém, havia muita gente celebrando com eles. Houve um almoço com pratos que o casal amava, como uma deliciosa macarronada com molho branco e molho vermelho, um pernil assado, de entrada patê com torrada, petiscos como presunto, queijo, azeitonas, e um delicioso bolo de sobremesa, além de sucos e refrigerantes já que o casal não bebe bebida alcoólica. Juliana e Jean ajudaram a mãe dele nos preparativos na chácara, até a mãe de Ju ajudou no que podia, como cortar verduras e legumes para a comida. A festa tinha muita música e alegria.

 A vida a dois teve muitos percalços, como a morte do pai de Ju, uma perda muito dolorosa pra ela, visto que era muito apegada a ele,embora não a reconhecesse mais, a infância e adolescência dela era muito marcada pela presença e carinho dele. A descoberta da diabetes na mãe de Jean, que precisou cortar ou reduzir várias coisas na alimentação, como massas e doces também foi alvo de preocupação para todos, pois sabiam os problemas que ela causa se não é controlada. 

Apesar de tudo isso e dos desafios de trabalhar, estudar, cuidar da casa, de Jean, ela estava feliz com suas conquistas.  E mesmo que se preocupe com sua mãe morando só, ela liga sempre, e a visita, já que sua mãe não quis sair de casa. Ju e Jean decidiram esperar mais uns anos para crescer a família. Enfim, a vida dela não é perfeita, mas está na busca constante de ser uma versão melhor de si mesma todos os dias. 

 

 

sábado, 11 de maio de 2024

ESPERANÇA EM MEIO AO CAOS

 É triste ver o sofrimento de tanta gente.

Quase um estado inteiro devastado pela chuva.

Chuva que causa dores pelas perdas de pessoas que amam; pelos bens materiais que conquistaram com o suor do trabalho.

Por não saberem para onde vão voltar quando todo o caos acabar.

É igualmente triste ver pessoas que se dizem "seres humanos" se aproveitando do sofrimento alheio pra roubar, invadir casas... É injusto e cruel.

Mas tudo tem um "lado bom".

Temos visto a compaixão, a preocupação com o outro. Tantas pessoas querendo ajudar, seja  aqui no país ou fora dele. 

Parece que o ser humano ainda tem esperança. 

Não é um caso perdido. 

Pessoas ruins e boas, disso é feito o mundo. 

Só devemos orar pelas pessoas do Rio Grande do Sul e ajudarmos como temos feito até agora. 

É disso que precisam...

 Terem esperança, e saberem que não estão sozinhos pra conseguirem se reerguer depois de tudo que estão passando.


sexta-feira, 19 de abril de 2024

DIA DIFÍCIL

 Hoje está tão difícil. 

Só queria desaparecer, evaporar como fumaça, e parar de dar trabalho.

E ao mesmo tempo eu me sinto tão egoísta. 

Tem alguém que precisa de mim. Como posso pensar desse jeito?

A garganta se fecha, as lágrimas estão prontas para cair, mas eu preciso ser forte por ela.

O medo de acontecer de novo está complicando minha vida, pois não dá pra me esconder pra sempre. 

Eu preciso encarar uma hora e depois  todos os dias.

A dor me perturba o corpo e a mente.

Apelo a Deus por ajuda, mas ainda não veio uma resposta

Sei que o tempo Dele não é o nosso.

Só que não sei mesmo o que fazer.


sábado, 30 de março de 2024

BARULHO CALMANTE DO RIO

 Eu só queria ficar quieta.

Hoje, amanhã...

Eu só queria ficar sentada no banco com os pés  na grama olhando o rio passando, ouvir seu barulho tão calmante, ver seu movimento, e sentir a brisa tocando meu rosto e o silêncio que vem da natureza.

Sem pessoas falando à minha volta, coisas que às vezes não acrescentam nada. 

 Não  ter ruídos de carros, buzinas, e tantos outros que nos perturbam diariamente.

Só queria limpar a mente, o coração, e esquecer da ansiedade, as preocupações, medos, inseguranças, enfim, sentir-me livre.

 E chorar, chorar sem me preocupar, porque ali ninguém vai me escutar,ou me ver.

Refletir sobre mim; conhecer-me mais, me amar.

Fantasiar coisas impossíveis de acontecer.

Conversar com Deus, talvez chorar mais um pouco. 

E depois?

Por músicas para dançar... Dançar até os pés doerem, dançar do meu jeito sem ninguém para julgar, e sentir a alegria que a música me traz.

Até esvaziar o que ainda sobrou aqui dentro, que me faz querer explodir, sumir.

Só que preciso o tempo todo conter. EXAUSTIVO!!

Só queria sumir daqui, e me sentir em paz, saber quem sou de verdade, ser feliz . 


sexta-feira, 29 de março de 2024

AMOR NOS DETALHES



 Enquanto escrevia no trabalho, eu analisei, não só a minha caligrafia, mas também a de outros e percebi que a gente nem presta atenção sobre o quanto Deus pensou em cada detalhe na nossa criação.

Até na escrita Ele fez cada um ser único.

A escrita de cada pessoa é tão única que tem até ciência sobre  isso: grafoscopia.

Com ela pode evitar fraude de golpistas, pois por mais parecido que eles façam a assinatura, nunca será igual a sua.

Inclinação, peso, altura, forma de cada letra, maturidade, emoção no momento... Tudo isso te faz ser você na hora de escrever.

Pense: que loucura é isso?

Como pode parecer algo tão insignificante, que não damos valor por fazer parte do cotidiano, e na real, nos tornamos tão especiais?

Letras lindas, às vezes, enfeitadas demais.

Outras "de médico", que são difíceis para decifrar o que está escrito.

Como Ele conseguiu  pensar em tantos detalhes só pra mostrar Seu amor por nós?

Amou-nos tanto que sacrificou seu único filho por nossos pecados.

Um Filho que foi humilhado, mais do que poderíamos suportar. Aquele homem foi crucificado, machucado para nos salvar e ainda tantos duvidam.

No dia de Sua Paixão, eu escrevo isso para que possamos refletir sobre o quanto Ele nos amou nos detalhes, e se sacrificou por cada um de nós.


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

QUEM NUNCA SE DECEPCIONOU COM ALGUÉM?

 Ando tão decepcionada com as pessoas ultimamente. 

Pregam com tanta firmeza uma coisa e agem de outra forma. 

Perfeita? 

Estou bem longe de ser. 

Erro sim, mas fico na minha. 

Se é sabedoria divina?

Acho que sim.

Aprendi na pele, que comentar o que não é da minha conta não me acrescenta em nada, só caça confusão, chateia vários envolvidos. 

Certamente já decepcionei muitos por aí, e peço sinceras desculpas.

Estou cada dia mais fechada, mais reclusa com meus sentimentos e pensamentos. 

Prefiro morrer engasgada com minhas próprias palavras do que magoar alguém com o que eu disser.

Quem não se decepcionou com alguém uma vez na vida?

Já escrevi sobre isso antes, mas foi há tanto tempo, que não sou mais aquela de outrora.

Tanta coisa aconteceu desde então.

É como se um pouco daquela menina tivesse morrido, ou crescido de vez. 

Dor, perdas, medos, decepções, rejeições, amores não correspondidos, amizades verdadeiras, superações, encontros valiosos, pessoas mais valiosas ainda que me rodeiam e me amam. 

Tudo junto e misturado me fez ser quem sou hoje.


sábado, 20 de janeiro de 2024

VIVER DE MEMÓRIAS

 

Eu acho que vivo de memórias.

Dizem que quem vive de passado é museu.

Mas suas experiências de hoje não são frutos de tudo que viveu lá atrás?

Sejam boas ou ruins?

Aprendizados, conquistas, sorrisos e gargalhadas?

Eu vivo ansiosa pensando no amanhã, muitas vezes nervosa, por causa do presente.

Os dentes são sempre as vítimas... Ranger, apertar, dor, quebra... Não está fácil.

O que ameniza é a nostalgia.

São tantas memórias boas.

Sejam da infância: montar árvore de natal; presentes; as brincadeiras com colegas, vizinhos, primos; passar um tempo com meus pais, nossa primeira viagem à Montezuma, em Minas Gerais; almoço na casa dos meus avós, ou seja, a família reunida; os aniversários com os bolos enormes, os docinhos, salgados que minha tia, mãe faziam, e os presentes em cima da cama, a casa cheia de gente.

Sejam as lembranças da época da adolescência: o tempo que passei com as amigas na escola, e às vezes, fora dela; as viagens à Brasília, apesar de tudo; as paixonites, mesmo não correspondidas; ter meu pai comigo até quando deu; o primeiro encontro com Vavá; quando voltei a andar.

Sejam as lembranças da vida adulta: passar bons momentos com os colegas de trabalho; assistir a filmes de natal com mãe, ou sairmos juntas; meus amigos virtuais; encontro com os amigos “reais” e meus sobrinhos do coração; almoços em família aos sábados; relacionamentos que não duraram para tornar namoro, mas que deixaram memórias; e sem dúvida, mais encontros com Vavá e Márcio; superações depois de mais cirurgias.

Por que parece ser errado ficar relembrando o passado?

Por que se lembrar do passado parece ser deprimente para a maioria, quando me ajuda a esquecer do presente, e não ficar tão ansiosa com o que nem sei que virá pela frente?

O problema sou eu?


JORDANA

Cara, tenho pensado tanto em minha vida ultimamente: os erros, acertos, arrependimentos, medos… Mas vou voltar uns anos para vocês enten...