sábado, 20 de julho de 2019

DIONE E A BUSCA PELO AMOR PRÓPRIO


Dione é uma mulher hoje, mas uma como milhares ou milhões dela por aí que não sabem se amar, se valorizar, só priorizam os outros.
Dione é filha única, no entanto, seus pais nunca tinham tempo para ela. A  vida social deles era mais importante do que passar um tempo com a filha.  Seu pai era político e sua mãe sempre o acompanhava deixando a garotinha com a babá.  Meire era a única pessoa que lhe dava atenção e afeto naquela casa, porém ela necessitava de seus pais, que sequer notavam-na, apenas lhe davam presentes como compensação por suas ausências.
Dione tornou-se uma criança introspectiva e solitária, sua babá tentava suprir a falta dos pais, mas ela sabia que não era suficiente. Por várias vezes a garotinha dormia após chorar de tristeza. Ela não conseguia fazer amigos, não se sentia boa o suficiente para isso.
E a vida foi passando. Dione era conhecida como estranha, pois vivia em seu mundo próprio. Ela cresceu e tornou-se uma jovem solitária e linda, mas se sentia um nada.
Ela formou-se e foi fazer faculdade de  medicina veterinaria de animais grandes, assim ela continuaria em seu mundo e ficaria com sua companhia, os cavalos. Seus pais tinham um haras no qual ela ia sempre e lá ficava por horas após o curso. Ela não acreditava ser boa e bonita para namorar alguém. Ela gostava de um rapaz, mas ele era bonito demais para ela. Então toda vez que ele puxava assunto com a mesma, ela respondia timidamente e dava um jeito de recuar evitando qualquer aproximação.
Ela se sentia triste e com raiva de si mesma. Ela não se sentia amada por seus pais. Ela esperava que eles mudassem, mas tinha medo de que a mudança deles não mudasse mais nada dentro dela. Ela temia não acreditar nesse amor após tantos anos.
Ela ligou para um psicoterapeuta, pois não suportava mais viver e se sentir como estava se sentindo.
Foi duro e ela chorou muito na primeira sessão.
As sessões seguintes foram ainda mais dolorosas. Paulo, seu psicoterapeuta era doce, amigo e às vezes duro demais com ela, que muitas vezes pensou em sumir de lá. Mas era persistente, queria mudar e ser quem gostaria de ser. A verdade é que ela gostaria de saber quem era. Ele chamou seus pais para conversarem sobre Dione, porém seus pais se recusaram dizendo que era uma bobagem e que tinham mais o que fazer.
Ela ficou muito deprimida e sentiu-se desvalorizada e um nada para eles. Dione descobriu que na verdade essa autodescoberta e amor próprio iniciaram na terapia e permanece até quando quiser.
Nessa descoberta de si mesma ela passou a refletir: _ A mídia e a internet têm falado tanto sobre amor próprio, autoestima, priorizar-se, porém, as músicas, especialmente as sertanejas gostam de cantar canções em que você se doa totalmente para o outro, aceita ser cobaia, bebe até não aguentar mais porque o outro o deixou, o outro é a razão de ser feliz.  Isso não faz sentido para ela.
Paulo riu de sua observação e parabenizou-a pela reflexão.
Ela começava a se sentir bem consigo mesma e passou a correr atrás de livros e vídeos que a ajudassem a descobrir-se e se amar primeiramente, acabar com a carência que a persegue por anos  e depois perdoar seus pais pela ausência e falta de carinho, atenção.
Ela se sentirá feliz em sua própria companhia e será realizada no processo mais longo e compensador de sua vida com ela mesma e na sua futura profissão.

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