Josinha é uma garotinha peralta e alegre, que não deixa
sua cadeira de rodas e suas limitações físicas impedi-la de viver suas
aventuras, assim como qualquer criança de sua idade.
Josinha teve uma doença que quase ninguém sabe que existe
em crianças, apenas em pessoas idosas, Artrite Reumatóide Juvenil. Essa doença
desgasta os ossos das juntas, como: mãos, pés, joelhos, etc. Além de atrofiar e
causar muita dor, e mesmo com a fisioterapia que ela faz; que impede que a doença
ainda sem cura piore; ela ainda assim sente dores, tem rigidez das juntas quando
acorda, toma remédios para controlar a doença e as dores desde os seus sete
anos. Esta história aconteceu há mais de vinte anos quando nem mesmo os médicos
que cuidam dessa doença sabiam muito sobre ela, por isso suas limitações e
dores aumentaram levando-a para a cadeira de rodas. Hoje felizmente os médicos já
sabem identificar os sintomas de forma mais rápida e pedem os exames certos.
Eles já começam a tratar logo evitando que as crianças sofram como Josinha
sofreu.
A garotinha passou a amar sua cadeira, apelidando-a de
coleguinha e pintando-a de azul e lilás, suas cores favoritas. Ela e sua
coleguinha brincam de esconde-esconde com sua irmã mais nova, Ane. Ane senta em
seu colo e vai segurando e soltando a coleguinha na rua de sua casa, que é uma
pequena ladeira; ou empurra a cadeira da irmã o mais rápido que consegue e
depois solta para que Josinha a freie a tempo para não se machucar. Felizmente quase não passa carros ou motos
ali. Ambas riem e se divertem muito juntas.
Elas estudam, mas como Josinha não tem amigos para
brincar no recreio, Ane lhe faz companhia e lancham juntas. No começo a
garotinha de cabelo preto escorrido sofreu muito, mas hoje ela já aceitou que
seus colegas gostam de brincadeiras, correr e ela não pode. No entanto, ela é
grata e feliz por ter uma irmã que a ama e cuida dela. Elas são uma pela outra.
Sua mãe ficava de cabelo em pé, por causa das brincadeiras
das filhas.
Um dia de sol Ane pediu a mãe um pouco de dinheiro para
comprar picolés, pois o moço passava todos os dias em sua rua vendendo, então
sua mãe lhe deu o dinheiro e a garota saiu saltitante de alegria. A verdade é
que elas planejaram antes de dormir saírem do bairro em que moram e se
aventurarem um pouco até acharem uma sorveteria para comprarem seus picolés.
Elas não imaginavam os perigos que uma cidade tem para duas garotinhas
sozinhas. Por isso saíram orgulhosas da rua e Ane empurrando a cadeira até
cansar, paravam em barzinhos, entravam em comércios, pois o sol estava muito
forte. Elas viram muitas coisas boas, bonitas, mas também viram mendigos na rua
pedindo dinheiro, homens maliciosos oferecendo-lhes doces, ladrões assaltando
pessoas, só que elas seguiram os conselhos de seus pais para não aceitarem nada
vindo de estranhos, nem conversarem com eles, exceto para pedir ajuda. Elas atravessavam
as ruas nas faixas de pedestres, olhavam para os lados ao atravessarem e nada
de acharem uma sorveteria. Josinha e Ane estavam cansadas e com muito medo pelo
que tinham visto, mas estavam longe de casa e não sabiam voltar para casa,
estavam perdidas. No entanto, elas queriam terminar aquela aventura, queriam
comprar seus picolés na sorveteria. Nesse período em que estavam longe de casa
sua mãe foi chamá-las para lanchar e nada de encontrá-las na rua, perguntou
para vizinhos, e como sempre, nestas horas ninguém vê nada, então ela começou a
chorar desesperada. Onde estavam suas filhas? Ligou para o marido e lhe contou
o que aconteceu. Ele largou a oficina mecânica onde é dono e saiu para buscar a
mulher para procurarem as meninas. Só procurariam a polícia em último caso.
Josinha e Ane finalmente encontraram uma sorveteria e
aliviadas foram até lá. Chegando elas pediram picolés de chocolate e de morango,
mas quando foram pagar o dinheiro não era suficiente. O moço que passava em sua
rua cobrava aquilo; elas disseram. A vendedora então vendo como elas ficaram
tristes e aparentavam estar muito cansadas deixou por aquele valor, e perguntou-lhes
por que estavam sozinhas. Elas orgulhosas
lhe disseram tudo. Vilma, a vendedora explicou-lhes que não podiam fazer mais
aquilo, pois era perigoso e perguntou onde moravam, Josinha disse o endereço, mas
que não sabiam como voltar. Vilma voltou ao balcão e ligou para seu namorado
que era policial e explicou a situação das garotas. Ele não demorou a chegar e
carinhosamente levou-as para casa. Seus pais que haviam chegado da rua há
poucos minutos, pois estavam procurando-as, abraçaram-nas aliviados. A mãe
agradeceu ao policial que lhe explicou tudo. Eles colocaram-nas de castigo; um mês
sem brincar na rua; e ainda fizeram-nas prometer que não voltariam a fazer
aquilo. Elas não fariam novamente, pois apesar de tudo que viram e do castigo,
elas viveram uma grande aventura e isso as uniu ainda mais. Elas continuam
grandes amigas além de irmãs.
Ah! Josinha fez novas amizades na escola e ela é feliz, apesar
das limitações, mas ela se supera todos os dias.
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