sexta-feira, 10 de novembro de 2017

ELOÁ E O DOM


Eloá é uma menina que mora no interior de Minas Gerais, seus pais são separados desde o seu nascimento, pois seu pai sempre que bebia tornava-se agressivo até sua mãe não suportar mais tudo aquilo e fugir com a filha.
Sua mãe é diarista numa casa de um dos homens mais conhecidos e ricos da região norte do estado, mas mesmo assim ela  e Eloá passam por necessidade dentro de casa. A menina sempre fora privada de brinquedos caros, roupas e calçados de marca, sempre recebiam doações e eram gratas, pois Dione mal tinha condições de sustenta-las com o básico e pagar as contas da casa, como: aluguel, água, luz, gás, remédios quando a menina adoecia.
Eloá às vezes chorava em um canto de saudades do pai, mas ela também entendia que ele fazia mal pra elas, embora ainda tão pequena, já tinha passado por coisas que a fizeram amadurecer um pouco mais que outras crianças de seis anos.
Ela era séria, muito tímida, porém, ainda conseguia sonhar com um mundo mágico em sua cabeça e imaginação de criança. Ela sonhava em trabalhar e ser muito rica igual as meninas que ela via na escola onde estudava durante o dia, para que sua mãe pudesse trabalhar tranquila. Ela poderia ter tudo que quisesse e daria um monte de coisas para sua mãe para ela sorrir de novo. Ela poderia até viajar para ver seu pai, que para Eloá, ele ainda era seu herói, apesar dele fazer as duas chorarem tantas vezes nas noites em que chegava embriagado em casa e quebrava quase tudo que tinham por qualquer motivo tolo. Ela ainda o amava e sentia falta dele, que era tão carinhoso e brincalhão com ela quando estava sóbrio. Eloá sonhava em ser médica para cuidar dos pacientes, fazê-los sarar, assim como fazia com sua boneca Carlota, que muitas vezes ela sujou de tinta e depois passava pano e limpava e dizia que sarou. Coisas de criança.
Dione ficava tão orgulhosa da filha e sempre a incentivava a sonhar, a acreditar que ela podia tudo se acreditasse em Deus, em si mesma, estudasse muito e fizesse sempre o melhor que pudesse.
 Eloá cresceu e estudou arduamente até conseguir passar para a faculdade federal de medicina. Dione ficou tão orgulhosa de sua filha que esse sentimento mal cabia em seu peito.  Ela continuava como diarista e o pai de Eloá tinha falecido um ano antes, devido a problemas no fígado, causados pelo excesso de álcool. Ele entregou-se ao álcool definitivamente quando sua filha foi tirada dele daquele jeito e infelizmente não teve força interior suficiente para lutar contra o vício, ou aceitar internação para se recuperar, invés disso, ele simplesmente bebia dia e noite até morrer.
Quando Dione soube culpou-se por ter afastado a filha dele, mas temia pela segurança das duas, por isso havia fugido para bem longe. Embora Eloá nunca tivesse culpado a mãe, ela se sentia mal por não passar mais tempo com ele, andava muito triste, queria desistir de tudo e ir para ver o pai pela última vez, no entanto, elas não tinham dinheiro para viajar. Elas estavam muito deprimidas e sofriam em silêncio, nada como o tempo para superar. Ela voltou a estudar com afinco e quando se formou em medicina, ela soube que era um dom que Deus lhe deu e lutaria por seus pacientes com todo o amor que recebeu. Afinal, ser médico é cuidar do dom que Deus deu com carinho e o dela era ser uma médica carinhosa e dedicada aos seus pacientes. As vidas delas mudaram d'agua pro vinho e hoje ela é rica; dá tudo que pode para a mãe sorrir; porém, não poderá reencontrar seu pai um dia, mas ele estará sempre onde ninguém tira: seu coração.

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