Eu acho que vivo de memórias.
Dizem que quem vive de passado é museu.
Mas suas experiências de hoje não são frutos
de tudo que viveu lá atrás?
Sejam boas ou ruins?
Aprendizados, conquistas, sorrisos e
gargalhadas?
Eu vivo ansiosa pensando no amanhã, muitas
vezes nervosa, por causa do presente.
Os dentes são sempre as vítimas... Ranger,
apertar, dor, quebra... Não está fácil.
O que ameniza é a nostalgia.
São tantas memórias boas.
Sejam da infância: montar árvore de natal;
presentes; as brincadeiras com colegas, vizinhos, primos; passar um tempo com
meus pais, nossa primeira viagem à Montezuma, em Minas Gerais; almoço na casa dos meus avós, ou
seja, a família reunida; os aniversários com os bolos enormes, os docinhos,
salgados que minha tia, mãe faziam, e os presentes em cima da cama, a casa
cheia de gente.
Sejam as lembranças da época da adolescência:
o tempo que passei com as amigas na escola, e às vezes, fora dela; as viagens à
Brasília, apesar de tudo; as paixonites, mesmo não correspondidas; ter meu pai
comigo até quando deu; o primeiro encontro com Vavá; quando voltei a andar.
Sejam as lembranças da vida adulta: passar
bons momentos com os colegas de trabalho; assistir a filmes de natal com mãe,
ou sairmos juntas; meus amigos virtuais; encontro com os amigos “reais” e meus
sobrinhos do coração; almoços em família aos sábados; relacionamentos que não
duraram para tornar namoro, mas que deixaram memórias; e sem dúvida, mais
encontros com Vavá e Márcio; superações depois de mais cirurgias.
Por que parece ser errado ficar relembrando o
passado?
Por que se lembrar do passado parece ser
deprimente para a maioria, quando me ajuda a esquecer do presente, e não ficar
tão ansiosa com o que nem sei que virá pela frente?
O problema sou eu?