sábado, 20 de maio de 2023

UMA INTRUSA NO NINHO

Hoje eu me pergunto: será que só eu sou assim, ou as pessoas com deficiência se sentem da mesma forma?

 Uma intrusa, um incômodo nos lugares públicos com minha cadeira de rodas.

Andar na cadeira pode ser libertador e também complicado com tantos lugares inacessíveis, principalmente lojas e bares, restaurantes...

Algumas vezes prefiro ficar em casa, mesmo gostando de sair, ver gente,e lugar diferente.

Poder comprar o que quero, poder passear sem o obstáculo de um degrau alto, escada, rampa muito inclinada, lugares apertados que não dá nem pra virar a cadeira sem o medo de quebrar ou derrubar algo, mesas que não têm como encaixar a cadeira. 

Ruas com buracos, cacos de vidro ou pedras no caminho.

Como não me sentir como um intruso no ninho?

É como se dissessem: vá para casa, seu lugar não é aqui. Olha o trabalho que você dá.

Ouvir que dou trabalho magoa, já sinto isso boa parte dos dias, mas quando dizem, mesmo que de brincadeira, o sentimento intensifica.

Sinto-me sem vida. Não sei quem sou, nem o que estou fazendo aqui. 

Ando vulnerável, mas não devo demonstrar.

Se me abraçar posso desabar.

E não posso deixar que me vejam assim.

Não é fácil fingir o tempo todo que está tudo bem, sorrir, brincar pra não preocupar ninguém que gosta da gente.

É bem difícil, por sinal.

Ser inspiração, ou exemplo é um peso grande no ombro de alguém.

Tira de nós a liberdade de expressarmos como sentimos, mesmo que só de vez em quando.

Ouvir música, cantar e dançar é o que alegra um pouco aqui dentro, me faz sentir viva nesses momentos.

Será que alguém mais se sente como eu, ou estou sozinha?



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentario é importante para mim..

DIA DIFÍCIL

 Hoje está tão difícil.  Só queria desaparecer, evaporar como fumaça, e parar de dar trabalho. E ao mesmo tempo eu me sinto tão egoísta.  Te...